Nos últimos anos, o número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) cresceu de forma significativa. Mais do que uma simples estatística, esse fenômeno reflete uma combinação de fatores que envolvem genética, ambiente, avanços científicos e mudanças na percepção social.
No passado, a falta de conhecimento sobre o TEA resultava em diagnósticos equivocados ou até mesmo na ausência de identificação da condição. Hoje, com o avanço das pesquisas e campanhas de conscientização, como o Abril Azul, há um movimento mais forte para garantir diagnósticos precoces e ampliar a inclusão – temas essenciais quando pensamos em crianças e bebês no espectro, um público que ainda enfrenta desafios significativos no acesso a terapias e planos de saúde.
No último ano, a Comissão de Direitos Humanos no Brasil aprovou o projeto de lei (PL 4540/2023) que incentiva o diagnóstico do TEA em adultos e idosos. Apesar de ainda aguardar apreciação no Senado Federal, a iniciativa reforça o crescente interesse pelo tema e a demanda por informação.
Segundo dados da Answer ThePublic, os termos “autismo” e “autismo e TDAH” são pesquisados aproximadamente 6.600 vezes por mês, refletindo um interesse crescente por informações e suporte sobre o Transtorno do Espectro Autista.
Os Pilares do Aumento dos Diagnósticos
Genética: o DNA do TEA
Pesquisas apontam que fatores genéticos desempenham um papel fundamental no autismo. Estudos com gêmeos mostram que, quando um deles recebe o diagnóstico, há até 80% de chance de que o outro também esteja no espectro. Além disso, mais de 100 genes já foram associados ao TEA, influenciando diretamente o desenvolvimento cerebral.
Fatores ambientais: o impacto da gestação
Durante a gravidez, elementos como infecções, poluição e uso de determinados medicamentos podem afetar o neurodesenvolvimento do feto. Embora ainda não haja um consenso absoluto, estudos indicam que esses fatores podem aumentar a suscetibilidade ao TEA.
Ciência e diagnóstico: critérios mais precisos
A reformulação dos manuais diagnósticos, como o DSM-5 e o CID-11, trouxe critérios mais amplos e inclusivos. Com isso, profissionais de saúde estão mais capacitados para identificar sinais sutis do TEA, possibilitando diagnósticos mais precoces e precisos.
Conscientização: um novo olhar sobre o autismo
O avanço da informação tem levado pais, professores e médicos a reconhecerem sinais do TEA mais cedo. Antes, crianças e adultos com manifestações mais leves do transtorno passavam despercebidos. Hoje, o diagnóstico se tornou mais acessível, permitindo intervenções precoces e mais eficazes.
Estigma e inclusão, outro pilar importante
Se no passado o autismo era cercado de estereótipos e desinformação, hoje há uma crescente valorização da neurodiversidade. Esse movimento tem impulsionado diagnósticos que antes eram evitados por medo do rótulo social, promovendo uma visão mais acolhedora e realista do espectro”, avalia a médica pediatra Gesika Amorim, Mestre em Educação Médica, pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria, com especialização em Tratamento Integral do Autismo, Saúde Mental e Neurodesenvolvimento.
Impactos do crescimento dos diagnósticos
Educação: Escolas precisam se adaptar, capacitar professores e desenvolver metodologias inclusivas para atender uma crescente demanda por suporte especializado.
Saúde Pública: O aumento dos diagnósticos gera maior procura por terapias e intervenções, exigindo investimentos em políticas públicas e profissionais capacitados.
Famílias: Um diagnóstico precoce permite suporte adequado, mas também exige preparo e acesso a orientações sobre desenvolvimento e inclusão.
Pesquisas: O crescimento da comunidade diagnosticada impulsiona novos estudos sobre o TEA, promovendo avanços em terapias, abordagens educacionais e entendimento das causas do transtorno.
À medida que a ciência avança e a sociedade se transforma, o crescimento dos diagnósticos de TEA não significa uma epidemia, mas sim um reflexo de maior compreensão, aceitação e suporte. Afinal, cada pessoa no espectro é única e merece ser vista com respeito e possibilidades reais de inclusão”, inaliza a Dra. Gesika Amorim.
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