Não é só o câncer de próstata que apavora os homens neste Novembro Azul. O câncer de mama também é um risco, embora menor, mas não descartado. E, neste caso, lidar com o preconceito e a dificuldade de auto-aceitação da doença também não são fáceis. Mas alguns exemplos de autocuidado podem ajudar a “virar esse jogo”. Literalmente.
“Foi durante um jogo do Flamengo em novembro do ano passado. Eu estava em casa sem camisa e sem querer bati a mão no peito e senti o tumor. Na verdade, foi a mão de Deus”, diz, emocionado, o estofador de móveis Rafael Lopes, de 70 anos, que descobriu o câncer de mama há um ano, desmistificando que tumores da mama são exclusivos às mulheres.
“Foi tudo muito rápido, o que permitiu a minha cura. Se eu tivesse que esperar nem sei como estaria agora. Precisamos entender a importância de se cuidar, se precaver, não deixar de ir ao médico. Principalmente nós homens, que achamos que somos fortes. Mas as doenças aparecem. Aparecem em qualquer um, em todo mundo. Não só o câncer de mama, mas de próstata e outros males”, ressalta.
Ele tem histórico de câncer de mama na família: duas irmãs, duas sobrinhas e a filha Lilia, operada em 2018, aos 38 anos, que também está na exposição e ajudou a custear o tratamento do pai. “Depois que passamos por uma doença assim vemos o mundo de outra forma. Ficamos muito mais sensíveis, dando mais valor à vida”, ressalta Rafael.
O caso do estofador é apresentado na mostra “Quem tem medo de câncer? Aqui ninguém tem”, que reúne fotos de pacientes de câncer de mama da PróOnco Mulher, em Niterói (RJ). O objetivo é trazer um novo olhar do centro oncológico: ao invés de um espaço de doença, um lugar de cura, vida, diversidade e informação. Um exemplo é a foto de um homem que passou pelo tratamento.
Mais 14 exemplos de superação
Ao todo, a mostra reúne fotografias de 15 pacientes em painéis que registram o resumo da vivência de cada um. Quatro deles estão em tratamento adjuvante e os demais já curados, em acompanhamento. Inaugurada nesta segunda-feira, 1/11, a mostra pode ser vista até 15 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na unidade Oncomed de São Francisco (Rua Araribóia 6 – Niterói/RJ). O ingresso é um quilo de alimento não perecível.
“A exposição é uma das novidades do nosso Outubro Rosa, que chega à sua quinta edição se consolidando como um evento tradicional que movimenta a cidade de Niterói para alertar sobre a importância da conscientização do câncer de mama”, diz o mastologista Rodrigo Souto, diretor da PróOnco Mulher. O evento tem parceria da Oncomed e da Liga Fluminense Contra o Câncer e médico de todos que participam da mostra.
Para o Outubro Rosa deste ano, a PróOnco adotou como slogan “Existem dias pinks para quem já teve dias punks!”, com uma programação de palestras, cultura e depoimentos comoventes de pessoas que superaram o câncer de mama.
A importância da nutrição no tratamento; os direitos dos pacientes oncológicos; e a autoestima foram alguns dos temas tratados nesta edição, que ofereceu também atividades como as de teatro e yoga, além de uma série de atendimentos gratuitos.
“Buscamos proporcionar uma programação repleta de atividades educacionais para conscientizar os pacientes da necessidade do autocuidado, da importância do diagnóstico precoce. Mas fizemos isso com muita leveza, com mensagens de esperança na cura e em dias alegres e emocionantes para os que enfrentam o câncer”, avalia Rodrigo Souto.
Dados do câncer de mama
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para 2021 é a de que sejam registrados no país quase 67 mil novos casos de câncer, aproximadamente 43,74 casos por 100 mil mulheres (INCA, 2020).
Pelas pesquisas, o câncer de mama é o que mais ocorre em mulheres dentro do território nacional, com taxas maiores em áreas desenvolvidas (Sul e Sudeste) e menores na Região Norte.