Desde o começo da década de 1990, o Brasil apresentava redução anual média de 4,9% na taxa de mortalidade, superando a meta estimada em 3,2% pela Unicef. Mas em 2016, houve aumento de cerca de 5% nesse índice, totalizando 14 óbitos a cada mil nascimentos. Números da Unicef indicam que, entre 2015 e 2016, houve 18 mortes a cada mil nascimentos na América Latina.
Os estados que apresentaram mais de 18 mortes a cada mil nascimentos foram: Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Piauí e Bahia. Já os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Espírito Santo registraram menos de 12 óbitos a cada mil.
O Ministério da Saúde culpa a epidemia de zika vírus e a crise econômica no país como causas desse aumento. A epidemia, de acordo com o governo, reduziu o número de nascimentos – que sofreu queda de 5,3% e promoveu aumento na quantidade de mortes em função de malformações graves.
Mas a redução da renda familiar cortes na saúde e estagnação de programas sociais impulsionaram as mortes de crianças consideradas evitáveis, como diarreia e pneumonia. Só os óbitos por diarreia subiram 12% em 2016 nos menores de cinco anos.
Ainda que os dados de 2017 não estejam fechados, estima-se que o número de mortes aumente e fique na casa dos 13,6 (a cada mil). De acordo com o Departamento de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, a tendência é piorar, pois ainda não entraram todos os óbitos de 2017, que estão sendo investigados.
A regressão de políticas públicas é inaceitável em nosso país, especialmente porque os cortes nas verbas acontecem pelo desperdício de dinheiro com a corrupção e pela má administração das verbas públicas”,, afirma Joyce Capelli, diretora executiva e presidente do Instituto Melhores Dias.
Segundo ela, o pior cenário dessa incompetência administrativa se revela sempre na parte mais frágil da sociedade e os problemas são matematicamente identificáveis. “Não podemos cruzar os braços diante desta situação! Cada um de nós precisa começar a controlar a atuação de vereadores, prefeitos, deputados, senadores, presidente e funcionários públicos que estão recebendo nosso dinheiro para gerir o Brasil. Gastos públicos tem que ter transparência de cada centavo”, ressalta.