A recente morte em São Paulo da empresária do ramo de estética Paloma Lopes Alves, de 31 anos, após uma hidrolipo – apelido dado por algumas clínicas estéticas para lipoaspiração –, trouxe à tona a urgência de discutir os riscos associados às cirurgias estéticas.
Para a Associação Brasileira de Médicos com Expertise em Pós-Graduação (Abramepo), a tragédia destaca a necessidade de conscientização, por parte dos pacientes, sobre complicações que podem ocorrer durante esses procedimentos, como necrose e mutilações.
Sempre que um caso desses ocorre, aparecem novas denúncias sobre procedimentos que terminaram mal, muitos com necrose de tecido e mutilações, um evento extremamente traumático para as pacientes. Por isso é indispensável falar sobre os riscos associados e quando é melhor não operar”, comenta Eduardo Teixeira, presidente da Abramepo e professor titular da Escola de Medicina e Cirurgia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 
Segundo o cirurgião plástico, a necrose ou perda de mamilos em cirurgias como mamoplastias redutoras ou mastopexias pode ocorrer devido a uma série de fatores, como técnicas cirúrgicas inadequadas, tabagismo, idade avançada, obesidade e doenças crônicas como diabetes.
Grandes reduções mamárias aumentam o risco de isquemia. Mamas muito grandes, especialmente aquelas com a aréola mais de 10 centímetros abaixo do ponto A, apresentam um risco elevado devido à redução do fluxo sanguíneo”, comenta.

Tabagismo, um inimigo silencioso

O tabagismo é um dos principais vilões quando se trata de complicações cirúrgicas. Mesmo que o paciente pare de fumar semanas antes da cirurgia, o risco de necrose permanece elevado. “Parar de fumar é sempre recomendado, mas o risco de necrose permanece alto em pacientes com histórico prolongado de tabagismo”, afirma Teixeira.
O médico ressalta que o tabagismo compromete a microcirculação, aumentando o risco de complicações como necrose. Por isso, o paciente precisa ser informado sobre os riscos com a maior clareza possível, mas o cirurgião é o responsável maior.
Em situações em que há fatores pré-existentes, se a cirurgia não for absolutamente necessária, o médico opera sob risco. No caso das intervenções estéticas, o médico sempre tem a possibilidade de não operar”, comenta o cirurgião.

Cuidados e check-up completo

Aos pacientes que pretendem fazer um procedimento estético ou reparador, Teixeira recomenda procurar um profissional sério, conversar com outras pacientes e escolher uma clínica que tenha todas as ferramentas necessárias para intervir em caso de complicação. Mais que isso, o paciente deve buscar informações sobre a técnica a ser usada e se informar sobre todos os riscos.
É absolutamente imprescindível que a paciente seja honesta sobre a sua condição de saúde e não omita nenhuma informação médica. Outra recomendação importante é fazer um checkup completo e só operar se a saúde estiver em dia, porque, ainda assim, complicações podem ocorrer”, orienta Teixeira.

Responsabilidade dos médicos

O cirurgião deve personalizar a técnica e garantir um acompanhamento pós-operatório rigoroso para tratar complicações precocemente. Ele ainda recomenda que os médicos considerem um seguro de responsabilidade civil para proteção em casos de complicações inesperadas
A Medicina não é uma ciência exata, complicações sempre podem ocorrer, mas o médico tem que ser claro ao informar os riscos ao paciente e deve avaliar cada caso. Quando decidir operar, o cirurgião tem que acompanhar de perto o pós-operatório do paciente para agir rapidamente quando for necessário”, conclui.
Com informações da Abramepo
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