Neste dia 19 de novembro é celebrado o  Dia Nacional de Combate à Dengue, e o Brasil volta seus olhos para um desafio de saúde pública que se mostra resiliente e complexo. Segundo projeções apresentadas ao Ministério da Saúde por pesquisadores do projeto InfoDengue–Mosqlimate Challenge, o país deve enfrentar mais um ano de alta incidência da doença em 2026, com uma estimativa de 1,8 milhão de casos.

Embora este número represente uma queda significativa em relação ao recorde histórico de 2024, quando o país ultrapassou a marca alarmante de 6,5 milhões de registros, ele ainda posicionaria 2026 como o segundo ano com maior número de infecções da história. As projeções para 2025, embora menores, também são preocupantes, girando em torno da confirmação de  1 milhão de casos, reforçando que a luta contra o mosquito Aedes aegypti é contínua e não permite distração.

Especialistas alertam que as mudanças climáticas intensificam a dengue por criarem condições mais favoráveis para o mosquito Aedes aegypti, principalmente devido ao aumento das temperaturas e à alteração nos padrões de chuva. Segundo o relatório global The Lancet Countdown, com o atual cenário, a dengue tem uma probabilidade de aumentar em até 37% seu potencial de transmissão no mundo inteiro. 

O “Relatório Mudança do Clima no Brasil” (MCTI, 2024) aponta que o aumento da temperatura média, aliado à maior umidade e chuvas, está estendendo o período de circulação de vetores como o Aedes aegypti. O calor mais intenso favorece a reprodução do transmissor de dengue, zika e chikungunya. . Isso tem levado a surtos de doenças transmitidas por mosquitos em regiões onde, até pouco tempo atrás, eram raras na primavera.

Diante da projeção de aumento dos casos de dengue por causa das mudanças climáticas, o recado é claro: usar repelente e eliminar focos de água parada continua sendo a principal forma de proteção. Além disso, o Brasil já conta com a vacina contra a dengue, disponibilizada na rede pública para jovens entre 10 e 14 anos e na rede privada de 4 a 60 anos. A imunização se soma às demais medidas preventivas, ajudando a reduzir casos graves e hospitalizações.

Rio reforça ações para reduzir a circulação do mosquito Aedes aegypti

Em 2025, a cidade do Rio de Janeiro registrou 9.205 casos de dengue, um número significativamente menor quando comparado ao mesmo período de 2024, ano em que foram contabilizados 101.705 casos da doença. Essa redução reflete o impacto positivo das ações intensificadas de prevenção, controle e vigilância desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS), especialmente durante os períodos de maior risco de transmissão.

Este ano, até o dia 12 de novembro, os agentes de vigilância ambiental em saúde fizeram 10.444.770 visitas a imóveis para prevenção e controle do Aedes aegypti e 1.458.181 recipientes que poderiam servir de criadouros foram tratados ou eliminados. Além disso, 99,6% dos chamados relacionados ao Aedes aegypti, na Central 1746, foram respondidos dentro do prazo.

A SMS tem se dedicado de forma contínua e estratégica à realização de atividades de mobilização social, com o objetivo principal de conscientizar a população sobre a importância da prevenção das arboviroses urbanas, como dengue, zika e chikungunya. Nesta quarta-feira, 19 de novembro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Dengue, e a SMS reforça a importância da colaboração coletiva e chama a atenção para os cuidados simples que podem ser adotados pela população no dia a dia para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Nos meses de calor, os trabalhos de controle das arboviroses, tanto nas áreas residenciais quanto nos locais considerados pontos estratégicos (cemitérios, borracharias, ferros-velhos, depósitos de sucata ou de materiais de construção, garagens de ônibus, etc), são reforçados devido ao período de calor e chuvas, o que favorece a reprodução dos mosquitos. Desde de outubro, a SMS vem intensificando as atividades de prevenção, controle e vigilância ambiental com a programação do SVS na Rua em diferentes bairros da cidade a cada semana.

A atuação das equipes de vigilância ambiental em saúde é essencial para reduzir os criadouros do Aedes aegypti e prevenir as doenças transmitidas por ele. O trabalho da SMS é feito ao longo de todo o ano, mesmo fora do período da sazonalidade das arboviroses. Apesar desse esforço contínuo, o poder público não consegue agir sozinho. A maior parte dos criadouros ainda está dentro das residências, o que torna indispensável que cada morador verifique e elimine possíveis acúmulos de água. Somente com essa parceria entre população e a SMS será possível manter o mosquito sob controle”, informa o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

Entre as ações intensificadas, no dia 8 de novembro, foi realizado o dia D de combate à dengue, com atividades especiais em toda a cidade para mobilização da população contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor dessas doenças. As atividades envolveram visitas a imóveis pelos agentes de vigilância em saúde, vacinação, ações de tabagismo, orientação e distribuição de material informativo, mobilização digital e, principalmente, orientação aos moradores. Os profissionais de saúde tiraram dúvidas e passaram informações sobre os cuidados para evitar o nascimento dos mosquitos.

A SMS também realiza constantemente ações educativas para orientar a população sobre as medidas para a prevenção de arboviroses urbanas, visando despertar a responsabilidade sanitária individual e coletiva, considerando que os principais reservatórios de criadouros ainda são encontrados em domicílios. Quando necessário, a população pode fazer pedidos de vistoria ou denunciar possíveis focos do mosquito pela Central 1746 de Atendimento ao Cidadão da Prefeitura, pelo telefone ou site.

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Novos esforços na vacinação para 2026

O Instituto Butantan anunciou ter concluído a produção de mais de 1 milhão de doses de sua vacina contra a dengue (monovalente, contra os quatro sorotipos do vírus), que se destaca por ser administrada em dose única. O imunizante aguarda a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com a expectativa de que o registro seja aprovado ainda em 2025. Se o cronograma for confirmado, o imunizante do Butantan poderá ser incorporado à campanha nacional de vacinação a partir do próximo ano, representando um reforço substancial à estratégia de saúde pública.

Vacinas contra a dengue na rede privada

Enquanto as novas vacinas ainda não estão disponíveis, muitas pessoas recorrem ao sistema particular para conseguir os imunizantes. A primeira é a Dengvaxia, indicada exclusivamente para pessoas que já tiveram dengue. Ela reduz o risco de novos episódios e principalmente de formas graves da doença. Por isso, é fundamental confirmar a infecção prévia, seja por histórico médico ou por sorologia.

A segunda é a Qdenga, uma vacina mais recente e  ainda não está amplamente disponível na rede pública, apenas alguns municípios receberam doses do Ministério da Saúde para aplicação em crianças e adolescentes de 9 a 14 anos.  A infectologista acrescenta que, na rede privada, a Qdenga já está disponível.

Diferentemente da Dengvaxia, ela não exige comprovação de infecção prévia, podendo ser aplicada tanto em pessoas que já tiveram dengue quanto naquelas que nunca foram infectadas. A vacina protege contra os quatro sorotipos do vírus e é administrada em duas doses.

Médica defende imunização de rebanho

A coordenadora médica da Afya Contagem, Cinthya Miura, explica que manter o cartão de vacinação atualizado em todas as fases da vida é fundamental para prevenção coletiva, pois a imunidade pode diminuir com o tempo, exigindo reforços.

Além disso, novas vacinas são incorporadas ao calendário nacional para ampliar a proteção. Adultos, idosos e grupos específicos, como gestantes e profissionais de saúde, também precisam estar protegidos para evitar doenças graves e proteger quem está ao seu redor”.

A médica também ressalta que a imunização de rebanho é essencial porque desta maneira o mosquito encontra menos pessoas suscetíveis para se infectar. “Na prática, cada pessoa imunizada funciona como uma barreira, ajudando a interromper a cadeia de transmissão. Com isso, mesmo aqueles que não podem se vacinar, como bebês, gestantes ou pessoas com o sistema imunológico comprometido, acabam sendo protegidos indiretamente. Quando a cobertura vacinal cai, essa barreira coletiva se enfraquece, aumentando o risco de surtos”, complementa a médica.

Agenda Positiva

E-Vigilância: simpósio no Rio discute tecnologias em vigilãncia da saúde

O fenômeno das mudanças climáticas já é tratado como um desafio para as políticas públicas de vigilância em saúde. Nos últimos anos, o país enfrentou a maior epidemia de dengue da história, a expansão da febre oropouche, além de eventos climáticos extremos como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca histórica na região Norte. Esses cenários reforçam a importância da integração entre pesquisa, inovação e políticas públicas — eixo central das discussões que o E-Vigilância busca promover entre os dias 25 e 27 de novembro.

A quarta edição do simpósio realizado pela Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp) se consolida como um dos principais espaços de debate sobre o uso de tecnologias e inovação na vigilância em saúde no Brasil. O evento acontece na sede da FGV, no Rio de Janeiro, reunindo pesquisadores, estudantes, profissionais e empreendedores de diferentes áreas.

Com o tema “Ciência de dados na vigilância epidemiológica: para quê e para quem?”, o E-Vigilância 2025 discutirá o papel da ciência de dados diante dos desafios trazidos pelas mudanças climáticas, ambientais e sociais — fatores que influenciam diretamente a emergência e reemergência de doenças transmissíveis.

A programação está organizada em três grandes eixos: “Aplicações em vigilância”, “Caminhos de formação” e “Alcance”, que exploram desde soluções tecnológicas inovadoras até reflexões sobre a formação de novos profissionais e o futuro da vigilância em saúde.

Bianual, o E-Vigilância já acompanhou de perto transformações marcantes no campo da vigilância epidemiológica — da pandemia de Covid-19 ao ressurgimento de doenças preveníveis por vacinação, como febre amarela e sarampo. Esses cenários reforçam a importância da integração entre pesquisa, inovação e políticas públicas — eixo central das discussões que o E-Vigilância busca promover. Mais informações e inscrições: Link

Com Assessorias

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