Apesar de melhorar seus indicadores nos últimos 25 anos, o Brasil ainda ostenta um número de mortes por causas evitáveis mais alto que o esperado, segundo estudo publicado no periódico médico internacional The Lancet. O país aumentou sua pontuação de 50 em 1990 para quase 65 em 2015, com base em um índice de 0 a 100, de acordo com o estudo, e figura próximo à Venezuela e à frente do Panamá. Os pesquisadores utilizaram o índice de Qualidade e Acesso a Serviços de Saúde (QASS), uma medida resumida baseada em 32 causas que poderiam ser prevenidas por cuidados médicos efetivos em tempo hábil, a chamada “mortalidade tratável”.

O sistema de saúde atual do Brasil se classifica bem na abordagem de doenças comuns evitáveis por vacinação, como difteria (pontuação 100) e sarampo (pontuação 99), assim como infecções do trato respiratório superior (pontuação 94). No entanto, o Brasil se classificou mal em outras categorias, como em distúrbios neonatais (pontuação 41) e infecções do trato respiratório inferior (pontuação 44).

O estudo avalia a qualidade e o acesso a serviços em 195 países e revela a enorme desigualdade na qualidade e no acesso a serviços de saúde dentro de países e entre diferentes países. “Uma economia robusta não garante bons serviços de saúde, e a abundância de tecnologia médica também não garante isso. Sabemos disso porque as pessoas não estão recebendo os cuidados que seriam esperados para doenças com tratamentos estabelecidos”, explica Christopher Murray, autor principal do estudo e diretor do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME) da Universidade de Washington.

Noruega e Austrália pontuaram 90 no total, figurando entre os melhores colocados no mundo. No entanto, a Noruega pontuou 65 no tratamento de câncer testicular, e a Austrália pontuou 52 no tratamento de câncer de pele não melanoma. “Na maioria dos casos, ambos os tipos de câncer podem ser tratados com eficiência”, afirma Murray. “Não é então seriamente preocupante que pessoas estejam morrendo desses tipos de câncer em países que têm os recursos para tratá-los?”, questiona.

Andorra na frente

O país com a melhor colocação foi Andorra, com pontuação totalizando 95; a menor pontuação do país foi 70, em Linfoma de Hodgkin. O país com a pior colocação foi a República Centro-Africana, com 29; o tratamento com a maior pontuação no país foi a difteria, com 65. Países em grande parte da África subsaariana, assim como na Ásia e no Pacífico, apresentaram as menores pontuações. Mesmo assim, muitos países nessas regiões, incluindo a China (pontuação 74) e a Etiópia (pontuação 44) apresentaram melhorias substanciais desde 1990.

As pontuações foram baseadas em estimativas do Estudo Global Anual do Peso de Doenças, Lesões e Fatores de Risco (GBD), uma iniciativa científica e sistemática para quantificar a magnitude dos prejuízos de saúde de todas as principais doenças, lesões e fatores de risco por idade, sexo e população. Com mais de 2.300 colaboradores em 133 países, o GBD examina mais de 300 doenças e lesões. Além disso, foram extraídos dados do mais recente GBD, que foram avaliados usando um Índice Sociodemográfico (ISD) de taxas de educação, fertilidade e renda.

Fonte: Institute For Health Metrics and Evaluation -IHME University of Washington – www.healthdata.org

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