Outubro Rosa – além de alertar para o câncer de mama e de cólo do útero – também acende o sinal de alerta para várias outras doenças que podem acometer as mulheres. Uma delas é o mioma, desafio para mulheres, em todo o mundo e que representa a segunda causa e cirurgia no público feminino. O mioma é um tumor uterino benigno que atinge, ao menos, 50% delas ao longo da fase reprodutiva.

Assintomático em metade dos casos, o mioma tende a se manifestar por meio de fortes dores abdominais, sangramentos (que podem ser confundidos com aumento do fluxo menstrual) e aumento do volume abdominal. Por trás desses sintomas aparentemente comuns está uma doença que, somente no Brasil, resulta em cerca de 300 mil cirurgias anuais para remoção do útero, segundo o Ministério da Saúde.

Especialistas da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) apontam que, comumente, o mioma se manifesta em mulheres de 35 a 50 anos. Em mulheres de ascendência negra, há uma tendência de a doença surgir mais precocemente – a partir de 25 anos. De acordo com sua localização, o mioma pode se relacionar a quadros de infertilidade e aborto, maior sangramento e menor resposta a tratamentos medicamentosos. 

O ginecologista Mariano Tamura, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Endoscopia Ginecológica da Febrasgo, comenta que parte do impacto da doença advém do comprometimento da mulher ser mãe. “O mioma é encontrado em 10% a 15% dos casais com infertilidade. Dentre eles, é a causa fundamental da infertilidade em 5% dos casos”.

Diagnóstico e tratamento

A formação dos miomas está associada aos hormônios progesterona e estrogênio. Deste modo, seu desenvolvimento ocorre gradualmente a partir da adolescência e vida adulta. Pesquisas apontam, contudo, que anticoncepcionais hormonais não influem no surgimento da doença. Fatores genéticos estão comumente associados ao problema – sendo mais recorrentes em mulheres com mães e irmãs que tiveram. Dentre as causas ambientais, nota-se maior predisposição à doença em meio a mulheres com sobrepeso e obesidade.

O Dr. Tamura explica que os miomas são diagnosticados por meio de avaliação da história clinica da paciente, exames clínicos e exames de imagem – como ultrassonografia e ressonância magnética. O tratamento é individualizado, variando de acordo com cada caso. Como ainda não há um método preventivo ou que identifique previamente os quadros que apresentarão manifestação mais agressiva, o tratamento tende a buscar o controle dos sintomas, como forma de preservar o útero e possibilitar a gestação. Segundo ele, cerca de 20% das mulheres que fazem tratamento apresentam recidiva da doença, em até cinco anos.

O tratamento também pode ocorrer por meio cirúrgico. Neste caso, há a miomectomia (retirada só do mioma) e a histerectomia, a remoção parcial ou total do útero. “A histerectomia não prejudica a vida sexual, hormonal, nem impacta a saúde da bexiga e intestino. Contudo, fecha um ciclo na vida da mulher ao não possibilitar que ela desenvolva uma gravidez. Por isso, esse método é indicado quando a paciente está de acordo e deseja essa solução definitiva. Hoje a histerectomia é a segunda cirurgia de médio e grande porte mais realizada em mulheres, em todo o mundo. É importante que se discuta alternativas quando há essa possibilidade clínica”.

Fonte: Febrasgo, com Redação

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