O FDA – Food and Drug Administration, órgão de regulação de medicamentos dos Estados Unidos, adicionou um aviso às fichas técnicas das vacinas de mRNA contra a Covid-19, como a Pfizer e a Moderna, devido a suposto risco de desenvolvimento de miocardite ou pericardite, doenças que afetam o coração. Segundo o FDA, não há motivo para preocupação, na medida em que este é um efeito colateral extremamente raro e apenas um número muito reduzido de pessoas o sentirá após a vacinação. A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária também emitiu um alerta no Brasil.

Para o médico brasileiro Juliano Burckhardt, cardiologista membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da American Heart Association, os benefícios da imunização contra a Covid-19 superam os riscos de inflamações no coração. Por isso, as autoridades sanitárias reforçam a importância de vacinar homens jovens com as duas doses das vacinas de mRNA contra a Covid-19. Segundo ele, até agora, casos extremamente raros surgiram após a segunda dose e foram resolvidos com, no máximo, medicamentos leves.

“Até agora, a maioria dos casos foi leve e os indivíduos se recuperam frequentemente por conta própria ou com tratamento mínimo. Além disso, sabemos que miocardite e pericardite são muito mais comuns se você for infectado e desenvolver a doença Covid-19. Nestes casos, os riscos para o coração da infecção podem ser mais graves. Dessa forma, tomar a vacina disponível é o melhor a fazer”,  recomenda o médico.

Ele esclarece que inflamações no coração como miocardite e pericardite são mais comuns se o paciente desenvolver a Covid-19 do que se vacinar com uma vacina de RNA mensageiro, como a da Pfizer.

“A miocardite ou pericardite geralmente é causada por uma infecção viral. Um caso grave pode enfraquecer o coração, o que pode causar insuficiência cardíaca, frequência cardíaca anormal e morte súbita. Os sintomas incluem dor no peito, batimentos cardíacos anormais e falta de ar“, destaca o médico.

De acordo com o Vaccine Safety Datalink, que contém dados de mais de 12 milhões de registros médicos, casos raros de miocardite ou pericardite, tipos de inflamação do coração, ocorreram em pessoas de 12 a 39 anos – a uma taxa de 8 por 1 milhão – após a segunda dose de Pfizer (disponível no Brasil para vacinação) e 19,8 por 1 milhão após a segunda dose de Moderna. Médicos continuam a investigar se haveria maior probabilidade dessas doenças ocorrerem em homens e meninos adolescentes após a vacinação.

Não há relatos de casos graves no Brasil, diz médico

Ainda segundo ele, esses incidentes relacionados à vacina têm maior probabilidade de ocorrer após a segunda dose da Pfizer ou Moderna, com dor no peito e outros sintomas ocorrendo dentro de vários dias a uma semana, mas até agora não há relatos de que evoluíram para casos graves. “Os sintomas sugestivos de miocardite ou pericardite devem fazer com que os vacinados procurem atendimento médico”, completou.

Apesar do risco identificado nos estudos, até agora, a maioria dos casos não evoluiu para nada mais grave, apesar das informações limitadas sobre sequelas potenciais a longo prazo. “O tratamento de inflamações cardíacas pode incluir medicamentos para regular o batimento cardíaco e melhorar a função cardíaca. Em casos raros, mas graves, um dispositivo pode ser necessário para auxiliar o funcionamento do coração”, diz o Dr. Juliano.

Na opinião do médico, surgimento de novas variantes do novo coronavírus e o padrão distorcido de vacinação em todo o país também podem aumentar o risco para jovens não vacinados. “Se você estiver em uma área com baixa vacinação e alto risco de contágio, os riscos são maiores. Os benefícios [da vacina] serão muito, muito maiores do que qualquer risco”, finaliza o cardiologista.

Com informações de Juliano Burckhardt

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