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Técnicos da Vigilância Sanitária coletam amostras de carnes e derivados nos grandes supermercados do município do Rio (Foto: Divulgação)

Mais um escândalo nacional, desta vez envolvendo a saúde pública. A notícia de que grandes frigoríficos brasileiros estão na mira da Polícia Federal por adulteração e venda de carne estragada para supermercados coloca em discussão a qualidade sanitária dos produtos que consumimos. Diante dos riscos, o Blog Vida & Ação ouviu o médico alergista e imunologista Marcello Bossois.

O especialista, que está participando de um seminário científico na Universidade Laval (Canadá), onde atua como pesquisador, afirma que a comunidade científica mundial está inconformada com o escândalo.  “Daqui para frente será muito difícil de se confiar nos fiscais sanitários nacionais”, afirma Bossois.

Duas gigantes do setor alimentício – a JBS, que controla Friboi, Seara e Swift – e a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, são acusadas de “maquiar” carnes vencidas com ácido ascórbico e as reembalar para conseguir vendê-las, sob a “vista grossa” de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que seriam subornados pelo esquema, investigado pela PF na Operação Carne Fraca.

Segundo o médico, que também é professor da Santa Casa da Misericórdia do Rio e coordenador do projeto social Brasil Sem Alergia, a população deve optar por comprar carnes junto a pequenos produtores e dar preferência a alimentos orgânicos, embora nem sempre seja possível em função dos altos preços destes produtos. Ele fala sobre os riscos do consumo de carne imprópria para a saúde.

Confira a entrevista:

O que pode acontecer com quem consome carne estragada?

O consumo de qualquer produto de origem animal estragado, como no caso das carnes bovinas e aves, coloca em risco a vida da população, inclusive com possibilidade real de óbito. O primeiro risco é no momento da manipulação. Se o alimento não for bem manipulado, da forma e em locais com condições de manuseio que estejam de acordo com as normas da Anvisa, ele poderá ser contaminado com bactérias, como no caso do stapylococcus aureus e salmonella, que poderão ser transmitidas pelas mãos das pessoas. Quando em contato com o produto animal, essas duas bactérias se multiplicam e causam infecções intestinais graves, que poderão evoluir para infecções generalizadas.

E o risco de uma intoxicação alimentar?

Este é o segundo problema de quem consome esses produtos. A intoxicação alimentar surge a partir das toxinas produzidas justamente por estas duas bactérias ou por fungos. Essas toxinas deixam o alimento em condição imprópria para o consumo, já que a intoxicação alimentar pode, em muitos casos, ser ainda mais grave que a infecção alimentar. Uma carne intoxicada (com toxinas produzidas por microrganismos) dificilmente deixará esta condição, mesmo que o alimento seja muito bem lavado e/ou cozido.

E para quem consumiu, qual é a recomendação?

A recomendação para quem consumiu  alimentos contaminados por bactérias é usar antibióticos para combater a infecção. No caso de quem ingeriu carnes intoxicadas, é importante que a pessoa busque se hidratar bastante, ajudando rins e fígados no combate a essas toxinas. Remédios para diminuir a acidez gástrica também são fundamentais”, ressalta. O médico lembra, entretanto, que as pessoas devem se encaminhar ao serviço de saúde para uma avaliação mais precisa do caso.

 

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