O câncer de intestino continua ceifando vidas no Brasil e hoje é uma das neoplasias de maior incidência no País, impondo sofrimento a milhares de pacientes e suas famílias todo ano. Embora seja previnível com exames simples (sangue oculto nas fezes e colonoscopia), a doença segue como desafio relevante para o sistema de saúde.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 45.630 novos casos de câncer de intestino para o triênio de 2023 a 2025 no país. Se vierem a se confirmar tais projeções, a doença alcançará um contingente superior a 136 mil brasileiros. Segundo o Inca, o risco estimado é de 21,10 casos por 100 mil habitantes: sendo 21.970 casos entre os homens e 23.660 casos entre as mulheres. Os dados mais recentes do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM do DataSUS, de 2020, mostram que 20.245 pessoas morreram de câncer de colón, reto e ânus.
Para reverter seus indicadores, a Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) uniram esforços e lançam a Campanha Março Azul 2023 para alertar a população de que a doença pode ser prevenida.
“O câncer de intestino é terceiro tipo de tumor que mais mata no Brasil (excetuando-se o câncer de pele não melanoma), mas felizmente está entre os que podem ser prevenidos. Por meio da colonoscopia, conseguimos localizar e remover os pólipos, que são lesões que podem se transformar em câncer. Se você tem mais de 45 anos, converse com seu médico sobre a colonoscopia”’, orienta Antônio Lacerda Filho, presidente da SBCP.
Com o tema Saúde é prevenção: cuide de você, evite o câncer de intestino, a campanha — que acontece pelo terceiro ano consecutivo –, quer sensibilizar profissionais da saúde, gestores públicos e tomadores de decisão sobre os riscos relacionados a essa doença e a necessidade de se facilitar o acesso ao seu diagnóstico e tratamento precoces para reduzir sua incidência. Essa meta, avaliam, deve unir o sistema de saúde e entidades de especialidades médicas, com foco na qualidade de vida e saúde da população brasileira.
Março Azul – Edição 2023
O Março Azul está hospedado no site www.marcoazul.org.br, onde podem ser encontrados conteúdos informativos sobre o câncer de intestino, seu diagnóstico e tratamento. A iniciativa tem o apoio institucional da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM), além da do apoio especial da Associação Brasileira para a Prevenção do Câncer do Intestino (Abrapreci).
A campanha 2023 recebeu ainda o endosso de outras instituições e envolverá entre suas iniciativas a iluminação pública de monumentos em diversos Estados brasileiros, que serão vestidos de azul durante parte ou todo o mês para chamar atenção para o tema e entrar na rotina das pessoas. O slogan Saúde é prevenção: cuide de você, evite o câncer de intestino traduz de forma direta a mensagem do Março Azul 2023, levando não apenas esperança, como principalmente consciência para o cidadão.
“A alta incidência do câncer de intestino segue nos desafiando a conscientizar e proteger a população de uma doença que pode ser prevenida e evitada com exames simples. Essa é uma ação que foca na proteção à saúde e à vida do brasileiro”, afirma o médico Herberth Toledo, presidente da Sobed. “Para nós, o Março Azul traduz a nossa responsabilidade com a população, a nossa missão de contribuir para a qualidade de vida das pessoas”, justifica.
Segundo ele, todas as regionais da Sobed estão mobilizadas para disseminar a campanha e conscientizar a população em todo o País. Nos anos de 2021 e 2022 a campanha impactou público estimado em 93 milhões de pessoas em todo o Brasil — a mobilização de dezenas de artistas, influencers, times de futebol e personalidades do esporte contribuiu para viralizar a campanha por meio de depoimentos na imprensa e nas redes sociais.
Em 2023, SOBED, SBCP e FBG convidaram um novo grupo de personalidades de diversas áreas de atuação a gravarem mensagens de apoio à iniciativa, potencializando o alerta sobre a importância da prevenção da doença. Uma das ações emblemáticas do Março Azul, os vídeos serão divulgados nos canais das entidades médicas nas redes sociais (@sobednacional, @portaldacoloprocologia e @fbg_gastro) e no perfil oficial da campanha @campanhamarcoazul.
Em outra esfera, as entidades médicas farão uma nova rodada de diálogo com o Congresso Nacional para concluir a votação do Projeto de Lei 5.024/2019. Aprovado pelo senado Federal com alterações, a proposta que oficializa o Março Azul e inscreve a prevenção ao câncer de intestino no calendário da saúde pública brasileira terá de ser apreciada novamente pela Câmara dos Deputados. Este é um passo decisivo para construir avanços que permitam a redução da incidência da doença, assim como maior sucesso no tratamento dos pacientes.
Principais sintomas
“Os sinais e sintomas acima podem vir em conjunto ou isolados e uma parcela dos pacientes pode não apresentar qualquer tipo de sintomatologia nas fases iniciais da doença, o que torna mais importante a utilização de exames diagnósticos como a pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia para diagnóstico precoce do câncer de intestino, notadamente em indivíduos com mais de 45 anos”, lembra Sergio Pessoa, presidente da FBG.
– Alterações do hábito intestinal: diarreia ou constipação de início recente sem resolução espontânea ou com medicação.
– Presença de sangue nas fezes.
– Cólicas abdominais persistentes.
– Dor à defecação e/ou sensação de evacuação incompleta.
– Redução do apetite com ou sem perda de peso.
– Anemia
Prevenir é essencial
O câncer de intestino voltou a ganhar destaque no final de 2022 pela inestimável perda de Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, e por outras celebridades que anunciaram diagnóstico positivo.
Hoje, cerca de 85% dos casos de câncer de intestino são diagnosticados em fase avançada, o que aumenta os custos com o atendimento de saúde — cirurgias, quimioterapia, radioterapia — e diminui as chances de cura para um dos tumores malignos mais frequentes e fatais no país.
Evitar a doença e, principalmente, aumentar a possibilidade de cura e de sobrevida de seus pacientes exigem diagnóstico e tratamento precoces dessa doença, com impacto positivo não apenas pela preservação de vidas, como também pela redução de custos do sistema de saúde.
Fatores de risco
O tumor intestinal está relacionado a fatores de risco como:
– Histórico familiar de câncer;
– Sobrepeso/obesidade;
– Idade igual ou superior a 45 anos;
– Dieta com excesso de alimentos processados e carne vermelha;
– Tabagismo;
– Ingestão de bebidas alcoólicas em demasia;
– Doenças inflamatórias intestinais, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn.
Já a prevenção da doença está muitas vezes associada a hábitos de vida, por isso são recomendados:
– Praticar exercícios físicos regularmente;
– Manter o peso sob controle;
– Não fumar;
– Não consumir bebidas alcoólicas em excesso;
– Ter uma alimentação rica em verduras, frutas, legumes, farelos e cereais integrais;
– Beber cerca de 2 litros de água por dia;
– Evitar o consumo excessivo de carne vermelha e alimentos ultraprocessados e embutidos como salsicha, peito de peru, linguiça, salame e presunto.
Saiba mais sobre a campanha em Link