A dor é a forma que o organismo tem para avisar que algo não está certo. Ela pode indicar doenças que não seriam diagnosticadas se o nosso corpo não usasse essa ferramenta como um alerta e passariam despercebidas, causando um mal maior no futuro. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 42% da população sofrem de dores atualmente e até 92% vão sentir dor ao menos uma vez na vida.
Entre os idosos, o problema é maior: aproximadamente 51% deles sofrem com dores pelo corpo. As dores são mais comuns na população feminina, em todas as idades. Isso se explica porque as mulheres são mais cuidadosas com a sua saúde do que os homens, então procuram mais precocemente e mais frequentemente o auxílio médico. Outra explicação é que os hormônios femininos como estrógeno e progesterona facilitam a ocorrência de dor.
As três dores crônicas mais recorrentes
De acordo com o Mapa da dor Crônica no Brasil, as três dores crônicas mais recorrentes atingem as costas (lombalgia), a cabeça (enxaqueca) e as relacionadas ao câncer. “De acordo com um estudo feito recentemente no Canadá, também podemos colocar nessa lista a dor na nuca e no quadril. As dores crônicas aparecem, de maneira geral, entre as primeiras doenças mais prevalentes na população”, conta o neurologista José Geraldo Speciali, membro da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).
Caso a dor seja constante, ela deve ser avaliada por um médico para descartar a possibilidade de essa ser uma dor crônica, quando é constante e dura mais de três meses. Essas dores podem ter origem neuropática, ou seja, causadas por lesões no sistema nervoso (medula, raiz nervosa, nervos periféricos); ou dores nociceptivas, decorrentes de traumas ou outras lesões nas articulações, tendões, músculos, ossos, ligamentos etc.
Descobrir a causa para tratar
Para conscientizar médicos e pacientes, foi criado o Dia Internacional de Luta contra a Dor (28 de maio). Para o neurologista, além de conscientizar a população de que ninguém deve sentir dor sem tratamento médico especializado, a data é importante para conscientizar os médicos de que essas dores existem.
“Às vezes, o médico não dá muita importância para dor crônica porque elas não aparecem nos exames, então o objetivo é conscientizá-los de que dor crônica pode existir na ausência de doenças demonstráveis. Esclarecendo a população, isso conscientiza o médico e as autoridades públicas, contribuindo para o aumento no número de pessoas tratadas”, destaca.
A boa notícia é que todas as dores crônicas têm tratamento. O ideal, nesses casos, é descobrir qual a causa da dor e tratá-la. Se a causa é curável, o tratamento será feito e a dor desaparecerá.
Essas dores, em geral, são quase impossíveis de serem tratadas com um único profissional porque o tratamento de uma dor crônica não é só receitar uma medicação. É uma dor rebelde, resistente, que exige um tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas e psicólogos”, explica Speciali.