Além de causar verrugas genitais, o Papilomavírus Humano, conhecido como HPV, é a principal IST (infecção sexualmente transmissível) responsável por alguns tipos de cânceres, como o câncer do colo de útero, da vulva, da vagina, do ânus e do pênis. Pessoas que ainda não foram vacinadas contra o HPV e são sexualmente ativas, correm risco de se contaminar com esse vírus.
De acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), o HPV é uma infecção muito comum de acontecer e, aproximadamente, 91% dos homens e 84% das mulheres irão se infectar ao longo da vida. É muito importante entender e saber que essa infecção não é bobeira, pode ser grave e é necessário ter atenção e cuidado.
Saber mais sobre este vírus é fundamental neste início de ano, quando o calendário da saúde traz a campanha Janeiro Verde, para prevenção ao câncer de colo de útero – também chamado de câncer cervical. O objetivo é ampliar o conhecimento da população brasileira sobre um dos principais tipos de câncer no Brasil entre as mulheres, que é prevenível, diagnosticável e, principalmente, curável na grande maioria dos casos em que é descoberto precocemente.
Excluídos os tumores de tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 17 mil novos casos da doença devem ser diagnosticados em 2023, ou 13,25 casos para cada 100 mil mulheres. A mortalidade deste tipo de câncer também é alta, mas pouco a pouco vem sendo reduzida, o que é muito positivo.
Ainda assim, é preciso destacar as medidas preventivas e a importância do rastreamento da doença, para que possa ser diagnosticada precocemente, trazendo mais chances de cura e reduzindo ainda mais as taxas de mortalidade.
O câncer de colo de útero
O câncer de colo de útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV. Diagnosticado precocemente, a cura é possível na quase totalidade dos casos. Por este motivo, as consultas regulares ao médico ginecologista e a realização dos exames, conforme sua orientação, são tão importantes.
“Na maioria das vezes, o HPV não causa doença, mas em outros, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações podem ser descobertas facilmente no exame preventivo, o citopatológico do colo do útero, também conhecido como Papanicolau”, explica Alexandre Rossi, ginecologista e obstetra, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Geral do Hospital e Maternidade Leonor Mendes de Barros e médico colaborador de Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
Segundo o especialista, cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas devem adquirir o Papilomavírus Humano em algum momento de suas vidas. Nem todas elas, no entanto, desenvolverão o câncer cervical uterino. Na maioria das vezes, a infecção será transitória e regredirá espontaneamente.
“O importante é que aquela minoria que terá a infecção persiste, causada por um subtipo viral oncogênico, com consequente desenvolvimento de lesões precursoras, possam ser diagnosticadas e tratadas a tempo”.
Prevenção do câncer do colo do útero
A transmissão da infecção pelo HPV ocorre por via sexual. Assim, o uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual com penetração é uma excelente forma de prevenção contra esta e diversas outras infecções sexualmente transmissíveis
Além disso, também está disponível a vacina tetravalente contra o HPV para meninas e meninos. Esta vacina protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.
As meninas devem ser vacinadas com idade entre 9 e 14 anos e os meninos entre 11 e 14 anos, pois a vacina é mais eficaz se realizada antes do início da vida sexual. Devem ser tomadas duas doses, com intervalo de seis meses.
É importante destacar que mesmo as mulheres vacinadas devem realizar as consultas e exames preventivos regularmente, pois a vacina não protege contra todos os subtipos oncogênicos do HPV.
Diagnóstico precoce e tratamento
O exame citopatológico (exame de Papanicolau) deve ser realizado por todas as mulheres ou pessoas com colo do útero e sexualmente ativas, especialmente na faixa etária de 25 a 64 anos.
A rotina recomendada para o rastreamento no Brasil é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano, ou conforme a orientação do seu médico.
Mulheres portadoras do vírus HIV, imunodeprimidas ou outras, em razão de apresentar defesa imunológica reduzida e, podem ser orientadas a realizar um rastreamento mais frequente.
O diagnóstico precoce e tratamento das lesões precursoras é fundamental para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino.
A confirmação do diagnóstico é feita por meio de exames laboratoriais e o tratamento dependerá da extensão, grau das lesões e estado geral de saúde da paciente, podendo incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
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Saiba mais sobre o HPV e o câncer de colo do útero
Saiba mais sobre essa infecção que afeta tantas pessoas e como a vacinação contra o HPV é a melhor maneira de se prevenir.
Afinal, você sabe o que é HPV?
O (HPV) é o vírus responsável pelos principais casos de infecções sexualmente transmissíveis. Ele se manifesta, geralmente, por meio de verrugas genitais e, dependendo do tipo, pode causar câncer.
Existem, aproximadamente, 200 tipos e cada um deles é identificado por números. Segundo o Ministério da Saúde, dentre os tipos mais importantes e comuns, o 16 e 18 estão relacionados a 70% dos casos de câncer no trato genital; e o 6 e 11, estão relacionados a 90% dos casos de verrugas genitais.
Como identificar os sinais e sintomas?
O HPV ocasiona uma infecção não tão fácil de identificar rapidamente, pois não costuma apresentar sinais que sejam visíveis. Em alguns casos, o indivíduo pode estar infectado há meses e nunca ter identificado nenhum sinal ou sintoma.
Mas, em geral, quando esses sinais se manifestam, eles costumam aparecer entre 2 a 8 meses. Gestantes e pessoas com baixa imunidade são mais suscetíveis a apresentarem essas manifestações.
São divididos em dois tipos de lesões. São elas:
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Lesões clínicas
Essas lesões são as mais comuns sendo causadas pelos tipos do vírus não cancerígenos. São as verrugas genitais conhecidas como “crista de galo”, “figueira” e “cavalo de crista”. Seus formatos podem variar entre achatadas, elevadas ou sólidas e podem ser única ou múltiplas. Costumam ser assintomáticas, mas pode haver coceira e ardência na região atingida.
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Lesões subclínicas
Essas lesões se manifestam no mesmo local das lesões clínicas, entretanto não são visíveis a olho nu. Causadas pelo tipo do vírus cancerígeno, a infecção se apresenta em regiões como vagina, colo de útero, região pubiana e perianal. Esse é o tipo de HPV causador de câncer no trato genital, havendo baixo ou alto risco de desenvolvimento da doença.
E quais são esses tipos de HPV?
O Ministério da Saúde informa que existem aproximadamente 200 tipos de HPV.
- HPV 1, 2, 3, 4, 6, 7, 10 e 11 – não oncogênicos, causadores de verrugas. E desses, o 6 e o 11 estão presentes em 90% de casos de verrugas genitais.
- HPV 16 e 18 – oncogênicos (maior risco de infecção por lesões associadas a lesões precursoras) e responsáveis por, aproximadamente, 70% dos casos de câncer de colo de útero;
Quais exames é necessário fazer? Como é o diagnóstico?
Isso depende do tipo de lesão, clínica ou subclínica. Podem ser solicitados exames laboratoriais ou clínicos.
No caso de lesões clínicas, o diagnóstico é feito após o exame urológico, ginecológico, anal e dermatológico. Enquanto nas lesões subclínicas, é necessário fazer alguns exames laboratoriais como: papanicolau, colposcopia, peniscopia e anuscopia. Também é investigado se as lesões são benignas ou malignas.
É recomendado a realização do exame clínico anogenital para investigar a presença de lesões na parte interna dos genitais.
Como saber se peguei HPV? Como essa infecção é transmitida?
O HPV é transmitido durante uma relação sexual, por meio do contato com a região ou mucosa infectada. Isso pode acontecer no oral-genital, genital-genital ou manual-genital. Ou seja, mesmo em relações que não haja penetração, é possível, sim, se infectar.
Outra maneira de transmitir e que muita gente não sabe, é quando ocorre a transmissão da gestante para o recém-nascido. Isso acontece durante o parto, caso a mãe tenha lesões genitais ou alguma alteração no colo do útero.
É verdade que existe diferença de HPV feminino e HPV masculino?
O HPV na mulher se manifesta com verrugas genitais, podendo aparecer na vulva, ânus e colo do útero. O HPV no homem também se manifesta dessa maneira, no pênis ou ânus, entretanto, essas lesões no indivíduo masculino costumam ser menores e nem sempre são perceptíveis.
Por isso, é necessário que o homem realize um exame de peniscopia para identificar a presença da infecção. Em ambas as situações podem ocorrer coceira, vermelhidão e ardência na região afetada.
Como é feita a vacina do HPV? Tem contra-indicações?
- Ela é feita de proteínas L1 do papilomavírus humano dos tipos: 6, 11, 16 e 18, e sua aplicação é realizada por via intramuscular.
A vacina é contraindicada para pessoas com hipersensibilidade ao princípio ativo ou qualquer substância da vacina; indivíduos que possuam histórico de hipersensibilidade à levedura, histórico de choque anafilático após tomar uma dose da vacina ou algum de seus componentes; e gestantes. -
Quem pode ou deve tomar a vacina contra HPV?
- É essencial que homens e mulheres se vacinem desde cedo para garantir essa imunização e se manter protegido ao longo da vida. A vacina contra o HPV é reecomendada para indivíduos do sexo feminino com idade a partir dos 9 até os 45 anos; e indivíduos do sexo masculino com idade a partir dos 9 aos 26 anos.
- Meninas e meninos com idade entre 9 e 14 anos devem receber duas doses com intervalo de até 6 meses entre elas. Caso inicie após os 15 anos, é necessário receber três doses: a segunda dose de 1 a 2 meses após a primeira, e a terceira dose, 6 meses após a primeira.
- Indivíduos que tenham baixa imunidade devido alguma doença ou tratamento, devem receber três doses, independente da idade.
Tomei a vacina contra HPV, preciso continuar usando preservativos?
Sem dúvidas! O uso de preservativos é essencial para se ter uma relação sexual segura e protegida, independente de estar vacinado ou não. Além disso, o uso também ajuda na prevenção contra HPV.
Onde fazer a vacina do HPV?
- A vacinação contra o HPV está disponível no SUS e na rede privada. Na Beep Saúde, por exemplo, tanto homens, quanto mulheres que estejam fora da faixa etária recomendada, podem receber a vacinação contra HPV, mediante prescrição médica, seguindo recomendações feitas pela SBP (Sociedades Brasileiras de Pediatria), Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações) e Febrasgo.
O HPV tem cura? Como é o tratamento?
De acordo com o Inca, ainda não existe um tratamento específico para extinguir o vírus do HPV do organismo. Entretanto, é possível realizar um tratamento para aliviar ou até mesmo acabar com as verrugas genitais. Esse tratamento pode variar dependendo da região lesionada e de sua gravidade. Algumas pomadas e ácidos podem ser recomendados pelo médico.
Os cânceres causados pelo HPV devem ser acompanhados por um médico especialista para investigar o desenvolvimento da doença. Frequentemente, podem ser necessárias cirurgias ou tratamento quimioterápico.
Com informações de assessorias