Abril é considerado o mês mundial do autismo, em que organizações, famílias e defensores se organizam para chamar a atenção da sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) — uma condição do neurodesenvolvimento que impacta milhões de pessoas em todo o mundo. O último levantamento do CDC nos Estados Unidos aponta que uma em cada 36 crianças é diagnosticada com autismo.
No entanto, apesar da maior visibilidade, indivíduos com autismo e suas famílias seguem enfrentando desafios no acesso a diagnóstico precoce, intervenções de qualidade e suporte ao longo da vida, além de enfrentarem ao longo da vida, discriminação, exclusão e falta de acesso a direitos básicos como assistência em saúde, educação inclusiva e emprego.
Uma revisão sistemática dos estudos publicados entre 2012 e 2019 identificou que a idade média global de diagnóstico do TEA era de 60,48 meses (5 anos). No Brasil, um estudo de 2017 encontrou que as mães de crianças posteriormente diagnosticadas com TEA já apresentavam preocupações quanto ao desenvolvimento das crianças desde os 23 meses, em média.
Essas preocupações envolviam atraso no desenvolvimento da linguagem, falha em responder ao nome, pouco contato visual e agitação motora. Apesar dessa postura familiar vigilante, o diagnóstico formal só ocorreu cerca de 36 meses mais tarde, próximo dos 6 anos.

Acompanhamento profissional e acolhimento das famílias

Segundo Noemi Takiuchi, coordenadora do Núcleo de Autismo do Instituto de Pesquisa PENSI Sandra Mutarrelli,  tanto os pacientes quanto os familiares necessitam de um acompanhamento profissional, que além da parte clínica, envolva todo o processo de acolhimento.
Sabemos ainda que o cuidado integral às crianças com autismo exige um olhar ampliado para suas famílias, devido à sobrecarga financeira, emocional e logística. É essencial haver suporte abrangente para os cuidadores, garantindo inclusão social e rede de apoio no enfrentamento aos desafios envolvidos nesse cuidar.
Segundo ela, quando as famílias buscam por intervenções após o diagnóstico de autismo, novamente a demanda por serviços especializados supera a oferta disponível, resultando em filas de espera e atrasos no início das terapias, especialmente nos equipamentos da rede pública, da qual a maioria da população brasileira é dependente.
A implementação de políticas públicas focadas na capacitação de profissionais é fundamental para melhorar esse cenário e garantir o atendimento especializado com práticas baseadas em evidências para todas as crianças com TEA”, explica Noemi.​
Para haver a elaboração de projetos terapêuticos que consideram as necessidades específicas de cada criança com TEA é fundamental existir a parceria com profissionais de saúde que auxiliem nas adaptações que garantam o melhor aprendizado e inclusão na escola, orientações para promover a participação social em diferentes contextos e com diversos interlocutores, seja no lazer ou no trabalho.
Inclusão não é um favor. É lei e é retrato de uma sociedade que compreende seu compromisso com a dignidade humana, que entende que diversidade é potência e que acessibilidade é condição mínima para participação plena e justiça social”, finaliza Noemi.

Inclusão e igualdade de oportunidades

Para a coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Santo Amaro (Unisa), Cintia Madeira Sanchez, a conscientização sobre o autismo é fundamental para promover a inclusão e a igualdade de oportunidades. Ela destaca a importância de campanhas de conscientização em prol da inclusão na sociedade como um todo, desde o mercado de trabalho até as interações sociais.

As campanhas de conscientização – como o Abril Azul, que marca o Dia Mundial do Autismo (2 de abril) –  são necessárias para esclarecer a população sobre essa condição, assim como combater a desinformação e a discriminação”, comenta a especialista.

Com o apoio adequado e um ambiente inclusivo, indivíduos com TEA podem desenvolver suas atividades e contribuir significativamente em diferentes áreas da sociedade. Demonstrando habilidades excepcionais em campos como ciência, arte e tecnologia, essas pessoas têm grande potencial. “A conscientização sobre o autismo é essencial para promover a inclusão e combater a discriminação, garantindo igualdade de oportunidades para todos”, conclui a psicóloga.

Agenda Positiva / Boas Ações

‘Eu Incluo’ faz caminhada pela inclusão do autismo e síndrome de Down em Itu

Nos dias 21 de março e 2 de abril comemoram-se o Dia Internacional da Síndrome de Down e o Dia Mundial do Autismo, respectivamente; duas datas de muita representatividade e importância para conscientização da inclusão social de pessoas com deficiência.

Com a finalidade de potencializar a comunicação e levar a informação a sociedade, o instituto Eu Incluo promove a segunda edição da campanha “Do T21 ao TEA”, com diversas ações na cidade de Itu, interior de São Paulo.

O lançamento da ação foi em 21 de março, com a ação “Meias Trocadas”, incentivando as pessoas a usarem meias de cores diferentes, simbolizando os cromossomos. Neste domingo (6), acontece em Itu a 2ª Caminhada pela Inclusão e Conscientização do T21 e do Autismo.

A ação visa mobilizar e sensibilizar o público em geral, bem como proporcionar às pessoas atípicas a oportunidade de participar de um evento público em prol da inclusão de pessoas com deficiência. O show dos cantores Julio Pariz e Yeda Lima – ambos do espectro autista – marca o encerramento da campanha “Do T21 ao TEA” e celebrar o Dia Mundial do Autismo.

A organização convida os participantes a vestirem azul (cor que simboliza o autismo) e usar “meias trocadas” (um pé diferente do outro) como uma forma de promover a conscientização sobre a Síndrome de Down (T21).

A iniciativa terá início às 8h no Centro de Lazer do Trabalhador, com a concentração, entrega das camisetas, balões e as personalizações de cartazes, formando um movimento de conscientização. A partir das 9h será realizado um alongamento e, em seguida, a caminhada na Avenida Galileu Bicudo, retornando ao Centro de Lazer para o show encerramento.

Não é cobrada nenhuma taxa de inscrição para participar da caminhada, e as camisetas serão entregues a todos os interessados, enquanto houver estoque disponível. Em troca, a entidade solicita, se possível, uma doação voluntária de qualquer valor. A renda será toda revertida para a reforma da sede do Instituto, que necessita de mobiliário para a ampliação de suas atividades.

Ainda dentro das ativações da campanha “Do T21 ao TEA”, a instituição reuniu marcas, lojistas e prestadores de serviço em um grande movimento: o “Eu Também INCLUO”, que faz parte da campanha “Do T21 ao TEA”.

Saiba mais sobre o Instituto Eu Incluo aqui e no Instagram: @euincluo.

Com Assessorias

 

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