Apesar do avanço na vacinação contra a Covid-19 entre crianças e adolescentes, uma pesquisa recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que ainda há hesitação vacinal na hora de os pais decidirem sobre a imunização. As taxas são de 16,4% entre pais de crianças entre 0 e 4 anos, 14,9% de pais de adolescentes e 12,8% de pais de crianças entre 5 e 11 anos.
Os principais motivos para essa hesitação vacinal foram medo de reações adversas e supostos efeitos de longo prazo, minimização da gravidade da pandemia e a falsa ideia de que quem teve covid-19 não precisa se vacinar. Esses pais também declararam com frequência que discordam que a vacina tornaria o retorno escolar mais seguro e que acreditam que a imunidade natural é uma opção melhor de proteção do que a vacina.
Outras crenças mencionadas pelos entrevistados foram a de que a vacina precisa de mais tempo para ser considerada segura e a de que as crianças e adolescentes não têm nenhuma chance de ficar grave se contrair a covid-19. Também houve respostas no sentido de preferir produtos naturais à vacinação.
Essa hesitação vacinal compromete, inclusive, este momento de retorno às aulas presenciais. As crianças não podem mais ter sua rotina escolar interrompida.
Desde o início da pandemia, cerca de 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estão fora das escolas no Brasil, segundo levantamento da organização Todos Pela Educação, em parceria com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) do segundo trimestre de 2021. O estudo registrou um crescimento de 171,1% na evasão escolar em relação a 2019.
Além de comprometer o aprendizado, a pandemia afetou bruscamente a saúde mental dos estudantes. Vacinar crianças e adolescentes é sobre fortalecer a imunidade de rebanho, dar segurança ao retorno escolar presencial e, principalmente, proporcionar saúde física e mental aos jovens.
Benefícios da vacina superam os riscos
Ela lembra que um estudo do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo revelou que quatro em cada dez crianças e adolescentes estão tendo diversos efeitos prolongados da Covid-19 nas 12 semanas seguintes à contaminação, mostrando que, assim como os adultos, crianças e adolescentes também podem sofrer os efeitos da chamada Covid-19 longa, o que inclui problemas graves, como miocardite (inflamação do músculo cardíaco) e diabetes.
Diversos estudos já comprovaram a eficácia da vacinação, como o divulgado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos (CDC), por exemplo. O estudo concluiu que as vacinas e doses de reforço contra a Covid-19 continuam sendo eficazes contra as consequências graves da doença, incluindo a causada pela variante ômicron.
O cenário ressalta a importância da vacinação nessa faixa etária, cabendo a reflexão sobre a responsabilidade dos pais em relação aos filhos e as consequências do descumprimento desse dever legal”, completa.
Hesitação vacinal é maior na faixa etária de 0 a 4 anos
Chamada de VacinaKids, a pesquisa da Fiocruz investigou os motivos da hesitação vacinal junto a 15.297 pais, mães ou responsáveis por crianças e adolescentes, indicando que mais de 80% pretendem vacinar seus filhos contra a covid-19. Foi aplicado um questionário online que teve 70,55% de participação de pais da região Sudeste, 11,13% do Sul, 8,27% do Nordeste, 7,6% do Centro-Oeste e 2,4% do Norte
Segundo as respostas apresentadas, a hesitação é maior na faixa etária de 0 a 4 anos, que ainda não foi contemplada pela vacinação. Entre os pais dessas crianças, o percentual que não pretende vacinar foi 16,4%. A hesitação vacinal foi menor entre os pais de crianças de 5 a 11 anos, com 12,8%, e chegou a 14,9% entre os responsáveis por adolescentes.
A Fiocruz ressalta que a vacinação de crianças de 5 a 11 com a vacina da Pfizer é segura e eficaz, e conta com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e outras autoridades sanitárias do mundo, como a dos Estados Unidos, onde 8,7 milhões de doses já foram aplicadas nessa faixa etária.
Com Assessorias