Na América Latina, o Brasil é responsável por cerca de 90% dos casos novos diagnosticados de hanseníase. Já no ranking mundial, o país ocupa o segundo lugar, de acordo com o Ministério da Saúde, o que torna doença um dos principais desafios de saúde pública em território nacional. Mas por que ainda se tem tanto preconceito com a pessoa que tem hanseníase? Com a palavra, quem sente literalmente na pele o que é isso.

“Eu tinha muita febre e dores, até que minha patroa marcou uma consulta e fui diagnosticada com hanseníase. Quando ela soube, queimou todas as minhas roupas. Mesmo depois de curada, uma vez comentei no ponto de ônibus que fui curada de hanseníase, mas as pessoas saíram todas do ponto. Até hoje, sinto o preconceito”, diz uma agente comunitária de saúde aposentada, que foi tratada no Hospital São Julião, em Campo Grande-MS.

Assim como ela, Maria, uma jovem de 28 anos que vive no centro de São Paulo, opta por não revelar sua identidade. Há dois anos, ela foi diagnosticada com hanseníase, que a levou a deixar seu emprego formal devido aos desafios e dificuldades que teve após o diagnóstico, passando a realizar trabalhos temporários de faxina.

Devido à sua condição de saúde e fragilidade, Maria enfrenta dificuldades até mesmo em tarefas simples, como secar o cabelo, o que impacta sua capacidade de trabalhar regularmente.

Para evitar o isolamento, ela foi encaminhada ao serviço social do Sefras – Ação Social Franciscana. Lá, ela recebe suporte, incluindo cestas básicas, orientações gerais e acolhimento, para lidar com o diagnóstico da melhor forma.

O  Sefras já coordenou o Projeto Franciscanos pela Eliminação da Hanseníase e, atualmente, comanda a Casa de Alice Tibiriçá, um serviço focado na eliminação da hanseníase no Brasil. A instituição possui uma abordagem que reflete os princípios franciscanos, como acolhida, escuta, cuidado, defesa e apoio social a famílias pobres afetadas pela hanseníase.

Além do tratamento, a organização se dedica à conscientização, promoção dos direitos humanos e à luta por políticas públicas de saúde específicas para essa população.

Editais proíbem contratação de pessoas com  hanseníase

O preconceito contra a pessoa que tem hanseníase é presente e forte no Brasil. Exemplo são os casos de editais para contratação de pessoal que proíbem a participação de pessoas afetadas pela doença, sendo que o bacilo não é transmitido por pacientes em tratamento.

Para tentar reduzir o problema, a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) entregou um relatório sobre os tipos de preconceito no Brasil com cerca de 40 páginas à Relatoria das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares.

Anualmente, no último domingo de janeiro, é celebrado o Dia Mundial Contra a Hanseníase. Por essa razão, o primeiro mês do ano ganha a cor roxa para conscientizar a população sobre a doença infecciosa que afeta os nervos da pele, e apesar de contagiosa, pode ser contida por meio do tratamento adequado.

Doença não pega por pratos, talheres, roupas de cama e outros objetos

A Sociedade Brasileira de Hansenologia esclarece que não é possível infectar-se através do contato físico ou compartilhamento de pratos, talheres, roupas de cama e outros objetos.

A transmissão acontece por meio de gotículas de saliva eliminadas na fala, tosse ou espirro, a partir do contato com pessoas infectadas que ainda não iniciaram o tratamento e estão em fases iniciais da doença.

Os casos de hanseníase são diagnosticados por meio do exame físico geral dermatológico e neurológico que identificam lesões na pele ou áreas que apresentam alterações de sensibilidade e comprometimento de nervos periféricos.

A investigação é feita a partir de exames clínicos, laboratoriais, endoscópicos ou radiológicos. E, as plataformas que oferecem fácil acesso a especialistas, exames e demais serviços de saúde, podem ser importantes aliadas na luta contra a doença.

Hanseníase sem tratamento pode levar à amputação

A contaminação da doença ocorre pelo mycobacterium leprae e, além dos nervos da pele, a bactéria também atinge as mucosas, causando perda de sensibilidade térmica, dolorosa, tátil e força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e olhos.

Em caso de diagnóstico tardio, a hanseníase também pode causar lesões neurais, perda ou comprometimento severo dos movimentos que, em casos mais graves, pode levar à amputação.

hanseníase compromete nervos dos membros inferiores, superiores e face de forma gradativa, o que faz com que os sinais passem despercebidos e só sejam detectados quando mais avançados.

Por isso é importante atentar-se aos seguintes sinais:

manchas brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas ou

áreas da pele com alteração da sensibilidade térmica;

sensibilidade à dor ou

sensibilidade tátil;

sensação de formigamento ou fisgadas principalmente em mãos e pés,

engrossamento dos nervos e

áreas com diminuição de pêlos e do suor.

Com Assessorias

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