Novembro Azul é  tradicionalmente conhecido como o mês de conscientização sobre o câncer de próstata. Mas esse também é o nome da campanha de prevenção ao diabetes mellitus. No dia 14 deste mês é o Dia Internacional da Diabetes, uma doença silenciosa que assusta no Brasil e no mundo. O tema foi destaque no quadro VIDA E AÇÃO na Rádio Roquette Pinto desta segunda-feira (10).

Não é novidade que o diabetes se tornou um problema de saúde pública mundial. Os dados, há anos já alarmantes, continuam crescendo de maneira estarrecedora. Segundo o mais recente relatório global da International Diabetes Federation (IDF), mais de 589 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos convivem com o diabetes em todo o mundo — o equivalente a 1 em cada 9 adultos.

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 10,2% da população adulta apresenta diagnóstico da doença. O diabetes tipo 2, forma mais comum da doença, costuma se desenvolver de maneira silenciosa. Os sintomas, como sede excessiva, cansaço, aumento da fome ou visão embaçada, muitas vezes, são leves ou atribuídos ao estresse e à rotina.

A boa notícia é que hábitos simples podem prevenir e até reverter, em estágios iniciais, oito entre 10  casos de diabetes tipo 2, que é aquele adquirido por má alimentação e sedentarismo, e até reverter “, disse a jornalista Rosayne Macedo, editora do Portal VIDA E AÇÃO.

O “lado oculto” da epidemia: mais de 250 milhões de adultos têm diabetes e não sabe

Com números aumentando e sintomas muitas vezes imperceptíveis, o diabetes exige atenção redobrada

A novidade é que 43% dessas pessoas têm a doença e ainda não foram diagnosticadas. O diagnóstico é simples e acessível: a detecção de hiperglicemia pode ser realizada por meio de exames de sangue que medem a glicemia em jejum e/ou a hemoglobina glicada, amplamente disponíveis na rede pública e privada.

Hoje, campanhas de triagem gratuitas são promovidas por instituições de saúde de todo o país, sobretudo, durante o mês de novembro, conhecido por fomentar a conscientização sobre a doença.

O ideal é que todas as pessoas acima de 35 anos sejam rastreadas para diabetes. Além disso, adultos com sobrepeso e obesidade, e com outros fatores de risco como hipertensão arterial e sedentarismo também precisam ser avaliados”, destaca a endocrinologista Vivian Guardia, do Hcor.

O problema é que, quando não identificado e tratado, o diabetes pode afetar diversos órgãos e sistemas do corpo. “A longo prazo, aumenta o risco de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e perda de visão. Descobrir a doença tardiamente significa começar o tratamento quando já há danos instalados. Por isso, quanto antes o diagnóstico, maiores as chances de evitar complicações”, alerta a médica,

O problema é que o diabetes pode evoluir por anos sem causar dor ou sinais evidentes, e quando o diagnóstico finalmente acontece, o paciente já pode ter desenvolvido complicações sérias”, explica a endocrinologista Vivian Guardian. Além disso, a falta de acesso a exames simples de glicemia e a baixa percepção de risco entre adultos jovens contribuem para o subdiagnóstico.

Acúmulo de gordura abdominal

Um estudo publicado pela revista da Sociedade de Cardiologia, em junho deste ano, reforça que o controle do diabetes tipo 2 vai muito além do uso de medicamentos. Segundo os pesquisadores, o comportamento diário, incluindo alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e controle do peso corporal, exerce papel decisivo no manejo da doença.

A endocrinologista Cláudia Cozer Kalil, do Sírio-Libanês, explica que cerca de 80% dos casos de diabetes tipo 2 estão relacionados ao acúmulo de gordura abdominal, o que interfere na ação da insulina, hormônio responsável por colocar a glicose dentro das células.

Quando há um aumento da circunferência abdominal, a insulina não se liga adequadamente ao seu receptor. O pâncreas, então, precisa produzir mais para vencer esse obstáculo. Nem todas as pessoas conseguem sustentar essa produção aumentada, e é aí que a glicose passa a se acumular no sangue.  Por isso, o controle do peso e a redução da circunferência abdominal estão entre os fatores mais importantes para prevenir e tratar a diabetes.

Perder de 5% a 10% do peso corporal em um ano já traz um impacto significativo na glicemia. Para tanto, médicos recomendam a prática de atividade física aeróbica, como caminhadas em ritmo acelerado, por pelo menos 30 a 40 minutos, de três a quatro vezes por semana.

Um  esporte bom, bonito e barato é caminhar. Dá para fazer isso perto de casa ou até aproveitar o horário de almoço para dar uma volta no quarteirão do trabalho”, afirma a dra Cláudia.

Não adianta uma dieta muito restritiva

Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regular e controlar o peso são medidas simples, mas poderosas. Não é preciso seguir dietas radicais. Pequenas mudanças, como reduzir o consumo de bebidas açucaradas e ultraprocessados, aumentar a ingesta de fibras e caminhar todos os dias, já fazem diferença”, reforça a endocrinologista.

Investir em prevenção e acompanhamento médico regular para diagnóstico precoce e gerenciamento de fatores de risco é o caminho mais eficaz para conter o avanço do diabetes no Brasil e no mundo”, diz a endocrinologista Vivian Guardia.

A alimentação também tem um papel importante no controle da glicemia, e o corte de carboidratos refinados e açúcares simples é crucial. Doces, produtos industrializados e até mesmo sucos naturais em excesso devem ser consumidos com cautela.  Mesmo as frutas, quando consumidas em grande quantidade, podem elevar a glicose. O ideal é não ultrapassar de três a quatro porções por dia.

Pequenas mudanças na rotina também contribuem para o controle da glicemia e do peso corporal. Subir escadas, descer um ponto antes do ônibus ou interromper longos períodos sentado são atitudes simples que fazem diferença”, afirma a especialista.

Não adianta fazer uma dieta muito restritiva ou se matricular na academia cinco vezes por semana se isso não é sustentável. O importante é começar com pequenas mudanças que caibam na rotina como prestar atenção no que vai ao prato, evitar repetir carboidratos e buscar equilíbrio.

Como tudo na saúde, a prevenção é o caminho mais eficaz. Não adianta só ir ao médico ou fazer exames se você não tem uma vida saudável. Mais cedo ou mais tarde, a conta chega. Dormir bem, controlar o peso, se movimentar, cuidar da alimentação e reduzir o álcool fazem parte desse equilíbrio que garante mais saúde e qualidade de vida”, completa.

Confira estratégias para prevenir e controlar o diabetes tipo 2:

  • Mantenha o peso sob controle

O controle do peso e a redução da circunferência abdominal são fundamentais para prevenir e tratar o diabetes tipo 2. Perder de 5% a 10% do peso corporal em um ano já ajuda a melhorar os níveis de glicemia.

  • Pratique atividade física regularmente

Exercícios aeróbicos, como caminhadas em ritmo acelerado, são altamente recomendados. Faça de 30 a 40 minutos de atividade, de três a quatro vezes por semana.

  • Aproveite as oportunidades do dia a dia

Caminhar é uma opção simples, acessível e eficaz – dá para fazer perto de casa ou aproveitar o intervalo do trabalho para se movimentar.

  • Adote uma alimentação equilibrada

Reduza o consumo de carboidratos refinados e açúcares simples, como doces e produtos industrializados.

  • Consuma frutas com moderação

Mesmo alimentos saudáveis devem ser equilibrados e o ideal é não ultrapassar de três a quatro porções de frutas por dia.

 

 

Com Assessorias

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