O anúncio foi divulgado nessa terça-feira (19) pelo BioParque. No comunicado, o zoológico informa que vai reabrir com mais segurança, “após reforçar os protocolos e monitoramento com acompanhamento da Secretaria de Agricultura do estado”.
As mortes das aves foram registradas em 17 de julho, após o serviço veterinário da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento receber alerta sobre mortes súbitas de galinhas-d’angola no local.
Em 22 de julho, o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas, em São Paulo, referência na América do Sul no diagnóstico do vírus, confirmou tratar-se do subtipo H5N1 da gripe aviária.
O BioParque informou ainda uma promoção para crianças até 12 anos, que terão gratuidade em ingressos adquiridos pelo site até o dia 31 de agosto próximo.
Para comemorar a reabertura, haverá uma programação especial, no próximo sábado (23) e no domingo (24).A festa terá atrações circenses e atividades educativas sobre a gripe aviária, em parceria com a Superintendência de Defesa Agropecuária do estado.
Vírus da gripe aviária coloca o mundo em alerta
O vírus H5N1 está no foco da vigilância da influenza desde 1996, quando o patógeno foi isolado pela primeira vez em aves. A atenção foi redobrada a partir de 2020, devido ao surgimento de uma variante viral que se espalhou pelo mundo, provocando surtos com alta mortalidade em aves e mamíferos, além de infecções eventuais em seres humanos.
Nos Estados Unidos, o vírus atingiu granjas e se disseminou no gado leiteiro. Setenta pessoas foram infectadas, sendo a maioria trabalhadores com contato direto com gado ou aves. Uma pessoa morreu.
No Brasil, o vírus foi identificado, pela primeira vez, em maio de 2023, em aves marinhas no Espírito Santo. Desde então, foram confirmados 174 focos de infecção, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária. Animais silvestres foram os mais atingidos, respondendo por 168 focos, principalmente em aves marinhas, além de alguns leões marinhos.
Cinco focos foram notificados em criações domésticas de galinhas e ganso, em diferentes estados do país, sendo três em 2023 e dois este ano. Em maio deste ano, foi registrado o primeiro foco numa granja comercial, na cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
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Pesquisa descobre rotas de introdução da gripe aviária na Antártida
Recentemente, o programa de pesquisa da Fiocruz na Antártida (Fioantar) conseguiu decodificar os genomas de três cepas do vírus influenza A H5N1, causador da gripe aviária, detectadas no continente gelado. O patógeno foi identificado em duas aves e um leão-marinho-antártico, encontrados mortos nas Ilhas Shetland do Sul.
Acampamento de pesquisadores da Fiocruz na Antártica montado para coleta de amostras durante o último verão (foto: Maria Ogrzewalska)
Os achados ampliam as evidências de circulação do H5N1 na Antártica e contribuem para o entendimento das rotas de disseminação do vírus, que representa mais um risco para a vida selvagem num ecossistema vulnerável, ameaçado por mudanças climáticas, espécies invasoras, turismo e pesca.
A detectação viral e o sequenciamento genético das amostras foram realizados pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC/Fiocruz, que atua como centro de referência nacional em influenza junto ao Ministério da Saúde e à Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo as autoras, os dados reforçam a importância da vigilância e da saúde única na abordagem do agravo, que vem dizimando populações de animais silvestres, impactando cadeias de produção de aves e gado leiteiro e ocasionando casos esporádicos de infecção em seres humanos.
Gaivotão (Larus dominicanus, no alto), leão-marinho-antártico (Arctocephalus gazella) e petrel-pintado (Daption capense) foram identificados com vírus H5N1 em pesquisa liderada pela Fiocruz (fotos: Maria Ogrzewalska)
Monitoramento em tempo real dos hospedeiros do vírus
Trabalhamos na perspectiva de ‘uma só saúde’ (one health ou saúde única). Um vírus respiratório detectado em animais, em qualquer região do mundo, pode vir a ter impacto na saúde humana global. O monitoramento em diferentes regiões do mundo, incluindo a Antártica, é estratégico para melhor prevenção e enfrentamentos de possíveis pandemias”, salienta Marilda Siqueira, chefe do Laboratório do IOC/Fiocruz.
Como serviço de referência, o Laboratório realiza diagnóstico de casos suspeitos de gripe aviária em seres humanos e apoia o Ministério da Saúde na vigilância do agravo, integrando grupos de trabalho montados pela pasta, juntamente com a Coordenação de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Presidência da Fiocruz.
A chefe do Laboratório ressalta que o enfrentamento da gripe aviária exige atuação integrada dos ministérios da Agricultura e Pecuária, do Meio Ambiente e da Saúde. “Precisamos de monitoramento em tempo real da circulação do vírus nos diferentes hospedeiros. Junto com o Ministério da Saúde, estamos acompanhando essa questão com bastante atenção. Até o momento, todos os casos suspeitos foram descartados, ou seja, não foi detectada a presença do vírus H5N1 em pacientes”, relata Marilda.
Como forma de comunicação rápida para a comunidade científica, as sequências genéticas decodificadas foram depositadas na plataforma GISAID e uma versão preliminar do estudo foi publicada na plataforma de preprint Research Square, que permite a divulgação imediata de pesquisas, sem processo de revisão por pares. Paralelamente, um artigo foi submetido para publicação em periódico científico e encontra-se em processo de revisão.
Pesquisadores da Fiocruz Bruno Pribul e Roberto Vilela, integrantes do Projeto Fioantar, em procedimento para coleta de amostra de pinguim (foto: Maria Ogrzewalska)
O estudo é fruto das expedições realizadas pelo Fioantar nos dois últimos verões, O estudo teve a colaboração de pesquisadores do IOC/Fiocruz, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade da Califórnia (UC), nos Estados Unidos.
Saiba mais sobre o estudo n Agência Fiocruz
Da Agência Brasil e Agência Fiocruz