Quando o inverno chega, traz consigo uma série de doenças respiratórias que atingem desde as crianças até os idosos. Asma, bronquiolite, pneumonia, covid-19 e outros problemas são muito mais frequentes quando as temperaturas estão mais baixas e os espaços, menos arejados devido ao frio.
Crianças pequenas, principalmente os bebês, estão entre os mais suscetíveis a complicações respiratórias, isso porque suas vias aéreas são mais estreitas e eles possuem pouca capacidade de eliminar secreções sozinhos. Nesse cenário, a fisioterapia respiratória surge como uma importante aliada no cuidado e recuperação de doenças como a bronquiolite e outras síndromes.
Todas essas doenças podem ter seus sintomas atenuados com a ajuda da fisioterapia. De acordo com a fisioterapeuta Juliana Muzzillo, especialista na área, esse tipo de tratamento utiliza técnicas específicas e adaptadas à idade da criança, com o objetivo de reduzir a congestão pulmonar e aliviar sintomas como a falta de ar.
Tudo isso contribui para uma respiração mais eficiente e confortável, além de melhorar a oxigenação e a função pulmonar do paciente, o que acelera a recuperação e pode até diminuir a necessidade de medicamentos como broncodilatadores ou antibióticos”, explica.
Além disso, a fisioterapia pode ser indicada em diferentes fases da doença. Nos casos leves, a atuação precoce pode evitar o agravamento do quadro. Durante a internação hospitalar, o tratamento contribui diretamente para a melhora clínica e redução do tempo de permanência. E no pós-alta, o acompanhamento fisioterapêutico ajuda a prevenir recaídas, principalmente em crianças com histórico de infecções respiratórias frequentes.
Redução de internações e complicações
Outro benefício importante da fisioterapia respiratória é a redução de complicações e do tempo de hospitalização. “Ao facilitar a limpeza das vias aéreas e melhorar a ventilação, diminuímos o risco de agravamento do quadro, como infecções secundárias ou necessidade de oxigenoterapia prolongada. Isso torna a recuperação mais rápida e segura”, explica a fisioterapeuta Juliana.
No atual cenário epidemiológico do Paraná – com estimativa de mais de 26 mil casos de SRAG em 2025 -, a incorporação da fisioterapia respiratória no cuidado de crianças ganha ainda mais relevância. Trata-se de uma prática segura, não invasiva e altamente eficaz, que oferece conforto e qualidade de vida ao paciente e tranquilidade à família.
Para a especialista Juliana Muzzillo, mais do que tratar, é preciso educar e prevenir. “Quando bem orientados, pais e responsáveis conseguem adotar medidas simples que fazem toda a diferença. A fisioterapia respiratória é uma aliada valiosa nesse processo, tanto no combate às doenças quanto na promoção da saúde respiratória das crianças”, afirma.
Prevenção também é tratamento
Com a chegada do inverno e o aumento dos casos de bronquiolite, asma, resfriados e gripes, a fisioterapia respiratória pode ser usada de forma preventiva. Isso é ainda mais relevante para crianças com fatores de risco, como prematuridade, alergias ou contato frequente com ambientes fechados, como creches. “As sessões preventivas ajudam a manter as vias aéreas limpas, fortalecem a musculatura respiratória e ainda orientam os pais sobre cuidados em casa”, aponta Juliana.
A especialista também compartilha três dicas simples e eficazes para que pais e responsáveis ajudem a proteger a saúde respiratória das crianças durante os meses mais frios:
- Ambiente arejado e limpo: mantenha a casa ventilada, mesmo nos dias frios, e evite acúmulo de poeira. Cortinas, tapetes e bichos de pelúcia devem ser higienizados com frequência. O uso excessivo de aquecedores, que ressecam o ar, também deve ser evitado.
- Hidratação constante: oferecer água regularmente é essencial, mesmo que a criança não peça. A boa hidratação mantém as secreções mais fluidas, facilitando sua eliminação pelo organismo.
- Higiene nasal diária: a lavagem com soro fisiológico ajuda a remover impurezas e secreções, prevenindo a obstrução das vias respiratórias e possíveis infecções.
Como fisioterapia ajuda a melhorar doenças de inverno
Problemas como asma, bronquiolite e até covid-19 podem ser tratados com exercícios específicos
“O início do inverno é motivo de atenção para o aparecimento das doenças respiratórias, porque as temperaturas mais baixas favorecem a disseminação dos vírus que são causadores dessas infecções, já que os ambientes ficam pouco ventilados”, explica a professora do curso de Fisioterapia da Universidade Positivo (UP), Francieli Gimenez. Em alguns casos, esses problemas podem fazer com que o paciente tenha dificuldade para respirar mesmo estando em repouso e com as medicações corretas indicadas pelos médicos. Daí a necessidade de uma intervenção com um fisioterapeuta.
Dentre os benefícios que a fisioterapia respiratória pode proporcionar para esses pacientes está a melhora da capacidade respiratória. Isso acontece, segundo a especialista, porque “muitos dos exercícios que a fisioterapia realiza ajudam na mobilização dos músculos ventilatórios, o que contribui para a desobstrução das vias aéreas e, consequentemente, para facilitar o fluxo de ar”.
Se o tratamento exigir uma internação, a fisioterapia respiratória e a fisioterapia motora atuam no sentido de reduzir o tempo de hospitalização do paciente. Não à toa, os profissionais de fisioterapia foram tão fundamentais na pandemia de covid-19. Eles eram os responsáveis por auxiliar na recuperação dos pacientes internados nas unidades de saúde. Em alguns casos, o tratamento medicamentoso associado à fisioterapia pode evitar que o paciente precise ser hospitalizado.
Como e quando começar
Para Francieli, é hora de buscar ajuda sempre no inicio dos sintomas, quando houver dificuldade para respirar, grande acúmulo de secreção, febre, cansaço ou mesmo um diagnóstico médico de doença respiratória. “Outra preocupação é com as crianças, principalmente as menores de dois anos. Como elas ficam muito em creche ou na escola, o ambiente fechado nessa época de inverno favorece muito a disseminação dos vírus, devido à pouca ventilação, o que faz com que elas possam ser contaminadas por vírus respiratório e evoluir para uma bronquiolite. É importante que os pais percebam logo os primeiros sintomas, como febre, tosse com secreção e, principalmente, dificuldade para respirar”, alerta.
Todas as intervenções devem ser feitas com o acompanhamento de um profissional de fisioterapia. “Os tratamentos incluem algumas manobras específicas no pulmão do paciente e, por isso, é preciso realizar uma avaliação sobre a condição geral desse paciente para saber o que é indicado e o que é contraindicado”, explica. Embora alguns exercícios possam ser realizados em casa para acelerar a recuperação, eles também devem ser orientados por um profissional especializado.