Passada a folia, é hora de voltar a pensar mais em saúde. Além do Carnaval, o segundo mês do ano também é marcado pelas campanhas Fevereiro Laranja e Fevereiro Roxo, que ganham especiais este ano no Portal ViDA & Ação. Na Agenda Positiva de hoje, vamos falar mais dessas duas importantes ações no calendário anual da saúde.

O Fevereiro Laranja trabalha a conscientização sobre as leucemias e a importância da busca por mais doadores de medula óssea – um dos principais tratamentos para este tipo de câncer no sangue. Já a cor roxa tem o intuito de dar relevância e impacto à prevenção de três doenças crônicas que afetam a vida de milhares de pessoas – Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia. As ações também promovem a importância do diagnóstico precoce e como combater essas enfermidades.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), espera-se 11 mil casos de leucemia entre 2023 e 2025, no Brasil. Atualmente, existem mais de 12 tipos de leucemia. Os mais comuns são a Linfocítica Crônica (LLC) e a Mieloide Crônica (LMC). A cura depende da doação de medula óssea, sendo preciso ampliar o número de doadores para aumentar a chance de um paciente encontrar uma medula compatível.

“Esta é uma enfermidade maligna dos glóbulos brancos e tem como característica principal a aglomeração de células doentes na medula óssea. Por isso, a campanha também tem papel fundamental no incentivo da doação deste tecido para o tratamento”, afirma Adrian Araújo, coordenadora do curso de Enfermagem do Uninassau – Centro Universitário Maurício de Nassau Recife, campus Boa Viagem.

Já o Fevereiro Roxo chama atenção para as formas de controlar e reduzir os sintomas das doenças crônicas, além de apresentar os procedimentos fisioterápicos e psicológicos que podem ajudar a pessoa a conviver da melhor forma com as enfermidades.  Embora tenham classificações médicas e aspectos clínicos distintos, as três são classificadas como crônicas, ou seja, sem cura

“A fibromialgia atinge, em sua maioria, as mulheres. Além disso, é uma dor muscular generalizada que pode durar mais de três meses. O lúpus é uma doença autoimune crônica e faz com que o corpo produza mais anticorpos. Já o Alzheimer trata-se de um transtorno neurodegenerativo progressivo que vai agravando ao longo do tempo. Assim, é necessário estar atento a estas doenças e ter conhecimento do importante papel da doação”, finaliza Adrian.

As três são doenças diferentes, mas que apresentam pelo menos um ponto em comum: são incuráveis. Por isso, a campanha Fevereiro Roxo foi criada em 2014 como forma de conscientizar a população para a importância do diagnóstico precoce dessas enfermidades.

Fevereiro Roxo: saiba mais sobre Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia

Alzheimer

Ligado à perda de lembranças e ao esquecimento de entes queridos e de si mesmo, o mal de Alzheimer é a doença mais conhecida. Os sintomas são progressivos e passam por fases, indo desde perda de memória, desorientação, indecisão e depressão, passando por alteração na personalidade, na fala, alucinações, repetições, má coordenação, incontinência sanitária, inanição e alienação, chegando até o mutismo, perda de movimentos, infecções e morte.

Embora não tenha cura, o cuidado é mais eficaz em casos diagnosticados precocemente, proporcionando mais qualidade de vida ao portador. O tratamento é variado, de acordo com os sintomas presentes em cada caso, e buscam retardar a evolução da doença.

A prevenção inclui dieta equilibrada e saudável, atividade física regular e fuga de tóxicos, bem como prevenir problemas cardiovasculares, diabetes, colesterol e hipertensão. Na maturidade, manter o cérebro ativo por meio de leituras, passatempos e jogos de lógica também ajuda.

“Ao envelhecer, o ser humano tem maior probabilidade de desenvolver demências. Estimativas apontam que até 2050 a população mundial com Alzheimer deve triplicar, indo a aproximadamente 150 milhões de indivíduos”, conta Alessandro Sousa, neurologista do Hospital São Luiz Campinas.

Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença de Alzheimer. No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico. Só no Brasil de hoje, cerca de 4,2 milhões de cidadãos têm demência ou declínio cognitivo leve, de acordo com a ABRAz (Associação Brasileira de Alzheimer).

“Para não ser parte dessas estatísticas é importante ficar atento e evitar alguns fatores que, de acordo com estudos, podem aumentar o risco de degeneração mental. São eles: baixa escolaridade, perda auditiva, hipertensão arterial, obesidade, diabetes, alcoolismo, traumatismo cranioencefálico, sedentarismo, depressão, tabagismo, isolamento e poluição”, alerta o médico.

Para o especialista, os desafios em controlar o Alzheimer devem seguir progredindo, já que dados da ABRAz apontam que pelo menos um milhão de idosos brasileiros têm o mal sem diagnóstico.

“A avaliação médica com neurologista ou geriatra é primordial. Na Rede D’Or temos o Programa Longevidade D’Or, com o intuito de promover um atendimento ao público 60+. Nos casos confirmados de Alzheimer, os pacientes contam com uma enfermeira navegadora, que desempenha o papel de guia e referência ao longo da jornada”, destaca Dr. Alessandro Sousa.

Lúpus

Já o Lúpus (Lúpus Eritematoso Sistêmico) é uma enfermidade autoimune, que faz o sistema de defesa do próprio corpo atacar tecidos saudáveis. Possui características inflamatórias e destrutivas em órgãos como pele, rins e cérebro e, se não tratado, tem potencial mortal.

O diagnóstico de Lúpus é complexo, por se apresentar clinicamente de maneira muito heterogênea. Exames de sangue, urina e de imagem juntamente com a avaliação de um reumatologista são fundamentais. Mesmo sem cura concreta, a probabilidade de melhora é alta no tratamento com proteção solar, corticoides e imunossupressores, que reduzem manifestações graves e buscam proporcionar uma rotina normal ao paciente.

Para prevenção, hábitos saudáveis e proteção solar são essenciais. Estudos dizem que os gatilhos podem vir de fatores como hormônios, hereditariedade e variáveis externas. Em termos de predisposição, a doença pode ocorrer em qualquer pessoa, com maior incidência em mulheres de 15 a 40 anos.

Para Ana Paula Del Rio, reumatologista do São Luiz Campinas, no Lúpus: “Há uma disfunção do sistema imunológico que leva à produção de anticorpos contra órgãos, com períodos de exacerbação e remissão”.

É importante consultar um reumatologista assim que houver suspeita. “O tratamento tem avançado nos últimos 10 anos com a aprovação de novas medicações imunossupressoras e imunobiológicas, reduzindo novas manifestações e melhorando a qualidade de vida”, destaca a médica do São Luiz Campinas.

Fibromialgia

Menos conhecida das três, a Fibromialgia classifica-se como uma síndrome miofascial. “É uma dor crônica generalizada associada à fadiga, insônia, ansiedade e depressão, e mais comum em mulheres de 30 a 50 anos. A causa da doença ainda não está bem estabelecida, mas estudos indicam uma ativação das vias de transmissão do estímulo doloroso a nível cerebral”, explica Dra. Ana Paula.

Os cuidados incluem fisioterapia, atividade física, analgésicos, acupuntura e infiltrações dos pontos dolorosos. Para evitar crises, é necessário um estilo de vida saudável e o seguimento com fisioterapeuta e educador físico, para elaboração de plano de ergonomia, além de identificar os gatilhos e mitigar os fatores de risco.

Como não há exames confirmatórios, o diagnóstico é realizado no consultório. “A avaliação é importante para descartar outras doenças que cursam com dor crônica generalizada. Essa síndrome é combatida com abordagem múltipla — fisioterapia, atividade física, alongamento e fortalecimento junto com psicoterapia, analgesia e medicamentos específicos”.

Medicina Nuclear ajuda na detecção de Alzheimer e Fibromialgia

Apesar de não haver exame conclusivo, exames de imagem de medicina nuclear podem ser auxiliares importantes na confirmação ou exclusão das doenças

A Medicina Nuclear promete ajudar na detecção precoce de duas das doenças crônicas lembradas no Fevereiro Roxo: o Ahzheimer e a Fibromialgia. De acordo com o especialista pela Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), Diego Pianta, para o Alzheimer não há um exame específico que detecte a patologia, mas há alguns que corroboram ou afastam a hipótese.

“Exames de imagem de medicina nuclear podem ser auxiliares importantes na confirmação ou exclusão desta possibilidade. Os mais consolidados são cintilografia de perfusão cerebral e o PET-CT neurológico com FDG, que avaliam a atividade cerebral e, mais recentemente, o PET-CT com marcador amiloide, capaz de demonstrar a presença de placas amiloides no cérebro – que está sempre presente em paciente com Doença de Alzheimer”.

Além disso, o especialista em medicina nuclear fala sobre o novo exame PET Amilóide. É um procedimento que permite ver se tem ou não um grupo de doenças raras, causadas pelo depósito de proteínas insolúveis no cérebro. O material usado se liga nas placas amiloides, então se tiver, vai aparecer (com ótimas sensibilidade e especificidade) e se não tiver, o exame é negativo. Permite diferenciar doenças neurológicas, especialmente Doença de Alzheimer e Demência frontotemporal.

O médico nuclear alerta em relação à idade em que as patologias podem aparecer. “Doença de Alzheimer é uma doença eminentemente de pacientes adultos e idosos. Casos raros podem comprometer pacientes adultos precocemente, mas pouco provável antes dos 50 anos”.

Já a Fibromialgia acomete mais as mulheres que os homens, sendo que o diagnóstico ocorre mais comumente no grupo de mulheres entre os 30 e os 50 anos de idade. O diagnóstico da Fibromialgia é feito por exclusão. Ou seja, o paciente apresenta dores nos músculos, ossos, ligamentos e articulações (osteomusculares) em diversos pontos definidos, sem causa aparente que justifique as dores.

“Neste arsenal diagnóstico, entram diversos exames de imagem, como a cintilografia óssea, para a exclusão de outras causas que possam explicar os sintomas”, explica o Dr. Diego.

Por fim, o Dr. Diego lista certos cuidados que as pessoas devem ter, para prevenir o Alzheimer e a Fibromialgia. “Alimentação adequada, rica em nutrientes e pobre em alimentos inflamatórios, prática de exercícios físicos, fazer exames regularmente, sono regular (7 a 8 horas) e consultar um médico se notar qualquer sintoma de fibromialgia ou de declínio cognitivo, são alguns dos exemplos do que deve ser feito”.

Com Assessorias

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