Em 2018, foram registrados 262 casos de febre amarela silvestre em humanos, com 84 óbitos, no Estado do Rio de Janeiro. Apesar disso, quatro milhões de moradores ainda precisam ser vacinados contra a doença. Com uma cobertura vacinal de apenas 73% até o momento – cerca de 11 milhões de pessoas – o estado pretende reforçar a oferta da imunização. O objetivo é vacinar 4 milhões de pessoas e alcançar a cobertura vacinal de 95% do público-alvo.
Até maio 35 postos de vacinação estarão disponíveis em pontos de grande movimentação de pessoas, como Praça XV, Calçadão de Nova Iguaçu, São João de Meriti, Rodoviária Novo Rio, Ceasa e Mercado São Pedro. O primeiro deles é a Central do Brasil, local escolhido pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) para iniciar a nova ação de bloqueio contra a febre amarela. A vacinação acontecerá de 18 a 21 de fevereiro, das 8h às 13h, e a expectativa é que cerca de 500 pessoas sejam imunizadas nos quatro dias.
Edmar Santos, secretário de Estado de Saúde, lembra que em 2019, a SES não registrou casos da doença. Mesmo assim, por orientação do Ministério da Saúde, a SES elaborou um planejamento amplo com a finalidade de reforçar o cinturão de bloqueio e evitar um surto.
São lugares estratégicos em que haverá postos para ampliar a cobertura vacinal até maio. A dose é a garantia contra a febre amarela que também se encontra disponível o ano inteiro nos postos municipais. É importante que a população se proteja com a vacina”, alertou Edmar.
No posto fixo montado na Central do Brasil, 12 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, vão atender a população. O Corpo de Bombeiros também participará da campanha com corpo técnico e suporte na parte estrutural.
A Praça XV, no Centro, será o segundo local de atendimento do posto fixo de vacinação da SES. Ele funcionará de 25 a 28 de fevereiro, no mesmo horário da primeira ação. A partir de março, haverá postos fixos na Central do Brasil e na Praça XV e volantes: Calçadão de Bangu, Praça das Nações, Rodoviária de Campo Grande, Shopping Nova América, entre outros locais, com vacinação até o dia 30 de maio.
Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe, a vacina tem restrições para alguns grupos. “Ela não é indicada a bebês menores de 9 meses, pessoas com contraindicações especiais (pacientes imunodeprimidos, com doenças hematológicas graves, entre outras) e grávidas”, explicou Chieppe.
Febre amarela: população do Sul e Sudeste deve buscar vacina
Quem mora ou vai viajar para o Sul e o Sudeste do país deve estar vacinado contra a febre amarela. O reforço na recomendação do Ministério da Saúde se dá porque, atualmente, há registro de circulação do vírus nessas regiões.
Apesar de os estados do Sul e Sudeste já fazerem parte da área de recomendação para a vacina, todos os estados ainda registram coberturas abaixo da meta 95%. A estimativa de pessoas não vacinadas é de cerca de 36,9 milhões no Sudeste e 13,1 milhões no Sul.
Desde novembro do ano passado, a pasta vem alertando a população sobre a importância da vacina. O Ministério da Saúde promoveu ações específicas de publicidade envolvendo rádios das regiões do Sul e Sudeste. Além disso, foram divulgados cards nas redes sociais enfatizando a vacinação contra a febre amarela. Também está em desenvolvimento uma nova campanha publicitária nessas regiões.
CASOS DE FEBRE AMARELA
De acordo com o último boletim epidemiológico, que apresenta o monitoramento de julho de 2018 a 7 de fevereiro deste ano, foram notificados 834 casos suspeitos de febre amarela, sendo que 679 foram descartados, 118 permanecem em investigação e 37 foram confirmados. Destes, nove foram óbitos.
Os estados que apresentaram casos confirmados foram São Paulo (35) e Paraná (2). A maior parte dos casos ocorreu na região do Vale do Ribeira (litoral sul de São Paulo, próximo à divisa com o Paraná). Todos os óbitos ocorreram no estado de São Paulo, nos municípios de Caraguatatuba (1), Iporanga (2), Eldorado (3), Jacupiranga (1) e Sete Barras (1). O local provável de infecção de um dos óbitos permanece em investigação.
TIPOS DA DOENÇA
Há dois tipos de febre amarela – silvestre e urbana. As duas são causadas pelo mesmo vírus e causam a mesma doença, mas se diferem pelo vetor de transmissão. A urbana é transmitida pelo Aedes aegypti e, de acordo com o Ministério da Saúde, desde os anos 40, o Brasil não registra casos deste tipo da doença.
Já a silvestre é transmitida pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabeths, insetos de hábitos estritamente silvestres. A febre amarela silvestre é endêmica em algumas regiões do país, principalmente na região amazônica. Trata-se de uma doença infecciosa febril aguda, transmitida exclusivamente pela picada de mosquitos infectados.
SINTOMAS
Os principais sintomas da febre amarela são dor de cabeça, febre, amarelamento da pele, dores musculares e articulares, náuseas, indisposição, entre outras manifestações. Os mosquitos Haemagogus e Sabethes são os transmissores da febre amarela silvestre.
DOSE ÚNICA
A vacina contra a febre amarela é ofertada no Calendário Nacional de Vacinação e distribuída mensalmente a todos os estados. Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema de dose única da vacina, conforme recomendação da Organização Mundial de Saúde, respaldada por estudos que asseguram que uma dose é suficiente para a proteção por toda a vida. Em 2018, foram enviadas 32 milhões de doses da vacina para todo o país. Em 2019, 1,1 milhão de doses já foram enviadas para atender a demanda dos estados.
PÚBLICO ALVO
O público-alvo para a vacina são pessoas de nove meses a 59 anos de idade que nunca tenham se vacinado ou sem comprovante de vacinação. Atualmente, fazem parte da área de recomendação todos os estados do sudeste, sul, centro-oeste e norte, além do Maranhão, alguns municípios da Bahia, Piauí e Alagoas. Para pessoas que viajam para áreas onde a vacina é recomendada, a orientação é tomar a dose pelo menos 10 dias antes da viagem.
CASOS EM MACACOS
A SES-RJ lembra que o macaco não transmite a doença. Ele é também vítima do mosquito e serve de alerta para identificar a presença do vírus em determinado local. Ao todo, 19 municípios têm casos confirmados de febre amarela em macacos em 2018.
São eles: Angra dos Reis, Araruama, Barra Mansa, Barra do Piraí, Cachoeira de Macacu, Duas Barras, Engenheiro Paulo de Frontin, Itatiaia, Miguel Pereira, Mangaratiba, Paraty, Petrópolis, Rio de Janeiro, São Pedro da Aldeia, Silva Jardim, Tanguá, Valença, Vassouras, e Volta Redonda.
Com informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) e do Ministério da Saúde