Nenhum dinheiro no mundo compra a saúde de uma pessoa. Uma prova disso é o caso de Faustão, que já chegou a ter um dos maiores salários da TV brasileira. O quadro de insuficiência cardíaca de Fausto Silva, de 73 anos, se agravou e ele precisará de um transplante do coração, que só pode ser feito na rede pública de saúde. O apresentador já foi inserido na lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS) e terá que aguardar um doador compatível. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, mais de 65 mil brasileiros esperam por transplante, sendo 380 deles por um coração.

Faustão está internado desde o último dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, considerado um dos mais caros e mais alta tecnologia do país e conhecido por receber pacientes famosos. Foi o próprio hospital que solicitou a inclusão do paciente no SUS. Segundo a instituição, a fila única de transplantes é administrada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que define a prioridade a partir de critérios como tempo de espera, tipo sanguíneo do paciente e gravidade de cada caso.

Especializado em transplantes cardíacos, o Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo, esclarece que “a gravidade do caso, o tipo sanguíneo e o tamanho corporal do paciente influenciam no tempo de espera pelo órgão”. A avaliação sobre a gravidade de cada caso é um fator determinante. “Em casos menos graves, a espera por um transplante cardíaco pode ser de 12 a 18 meses, em média. Em casos mais graves, esse período pode ser reduzido para dois a três meses”, informou o HCor.

Segundo o boletim médico divulgado neste domingo (20/5) pelo Eisntein, assinado pelo cardiologista Fernando Bacal, e por Miguel Cendoroglo Neto, diretor médico e de Serviços Hospitalares, Faustão está realizando diálise e necessita de medicamentos para ajudar no bombeamento do coração. Confira o texto do boletim médico na íntegra:

“Em 5 de agosto, Fausto Silva deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein para tratamento de insuficiência cardíaca, condição que vem sendo acompanhada desde 2020. Ele encontra-se sob cuidados intensivos e, em virtude do agravamento do quadro, há indicação para transplante cardíaco. O paciente está em diálise e necessitando de medicamentos para ajudar na força de bombeamento do coração. Fausto Silva já foi incluído na fila única de transplantes, regida pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que leva em consideração, para definição da priorização, o tempo de espera, a tipagem sanguínea e a gravidade do caso”.

Em vídeo, Faustão tranquiliza os fãs e se mostra confiante

Na última sexta-feira (18), João Guilherme, filho de Faustão, divulgou em uma rede social um vídeo gravado no hospital em o pai contava estar em tratamento. O apresentador citou a necessidade de cirurgia, mencionou a equipe médica que o atende no Einstein, falou da família e pediu orações por sua recuperação.

“Oh, galera! Hoje, o dia em que minha filha (Lara Silva) estreou (como cantora) e fiz meu último programa na Band… por sorte, ainda não morri. Estou preparado para coisas da vida”, afirmou. “Estou ainda nesse tratamento, eles vão decidir ainda que tipo de cirurgia podem fazer. Eu peço que quem goste de mim, reze. Tenho muita noção, uma família maravilhosa, uma mulher extraordinária. Com tudo isso, quem decide é o chefe lá em cima”, finalizou.

Ex-paciente usa redes sociais para inspirar quem espera por transplante
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Brasil é o segundo em transplantes no mundo, mas faltam doadores

Transplante de órgãos realizado em hospital público do Rio (Foto: Divulgação)

O Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza transplantes, ficando atrás somente dos Estados Unidos. De acordo com o Ministério da Saúde, apenas em 2021, foram feitos cerca de 23,5 mil procedimentos.

Desse total, cerca de 4,8 mil foram transplantes de rim, dois mil de fígado, 334 de coração e 84 de pulmão, por exemplo. Os altos índices são explicados pela existência do maior programa público do planeta direcionado às cirurgias, que são gratuitas e garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Na outra ponta, quando o assunto é doação de órgãos, o Brasil ainda revela um cenário preocupante e oportunidades de muito crescimento, estimulado por uma maior conscientização sobre o tema. A cada milhão de pessoas, menos de 20 são doadoras de órgãos, o que aumenta a fila de espera por um transplante

Também segundo o Ministério, o país em 2021, contava com 50 potenciais doadores de órgãos para cada milhão de pessoas. O número ainda é muito baixo em relação a outros países, como Espanha, Bélgica, Malta, França, República Tcheca, Finlândia ou Noruega. A lei espanhola, por exemplo, diz que toda pessoa que morre é presumidamente doadora de órgãos, a menos que tenha manifestado opinião contrária em vida.

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Resistência de familiares é principal entrave à doação de órgãos

Só em 2022, mesmo após morte encefálica comprovada, cerca de 42% das famílias não concordaram com a doação, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A cada milhão de pessoas, menos de 20 são doadoras de órgãos, o que aumenta a fila de espera por um transplante.

Além disso, de acordo com a ABTO, a pandemia causada pela Covid-19 fez com que o número de procedimentos diminuísse ainda mais em todo o país em 2020. Em 2021, 4.200 pessoas morreram à espera de um transplante. Aos poucos, este cenário começa a mudar, mas ainda há um longo caminho de conscientização pela frente.

Para estimular a mudança da condição, a campanha Quando a Vida se Renova criou uma série documental, já disponível na internet, reunindo depoimentos de pacientes transplantados, familiares, doadores, médicos, ONGs e demais envolvidos em todas as etapas do processo de transplantes de órgãos e tecidos.

Nos episódios, os transplantados contam, em detalhes, toda a trajetória que enfrentaram até conseguir seu procedimento e ganharem uma nova chance de viver. Todos os vídeos podem ser vistos aqui. A Biometrix Diagnóstica, a Sociedade Brasileira de terapia Celular e Transplante de Médula Óssea (SBTMO) e a ABTO são apoiadores da campanha.

Entenda a doença de Faustão

Insuficiência cardíaca vai aumentar 25% até 2030

Popularmente conhecida como “coração fraco”, a insuficiência cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear ou encher-se de sangue adequadamente. A cardiopatia atinge cerca de três milhões de brasileiros e apresenta sintomas como batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, fadiga e pernas inchadas.

Esse problema já afeta mais de 64 milhões de pessoas no mundo. A World Heart Federation estima que a prevalência da insuficiência cardíaca aumentará 25% até 2030 e isso se deve ao aumento de fatores de risco como diabetes, obesidade e aumento da hipertensão arterial. A IC é a terceira causa de internação no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. 

Para o cardiologista Alexandre Scotti, coordenador da Unidade Cardiointensiva do Hospital Badim, no Rio de Janeiro, manter um estilo de vida saudável como, por exemplo, praticar exercícios e parar de fumar, diminui significativamente o risco da doença.

“Eliminar hábitos como fumar e consumir bebida alcoólica são as primeiras medidas que ajudam a evitar o problema. Além disso, ter o hábito de fazer caminhada e manter os níveis de colesterol, pressão e glicose dentro da normalidade ajuda a prevenir esse tipo de doença cardiovascular”, recomenda.

A insuficiência cardíaca reduz significativamente a expectativa de vida do paciente se não houver tratamento adequado, segundo o médico. Metade (50%) dos pacientes pode morrer em cerca de cinco anos após o diagnóstico da doença. A pessoa doente que tem sintoma grave ou foi internada por conta de problema cardiovascular apresenta sobrevida ainda menor, podendo ir a óbito após um ano.

“A compreensão da fisiopatologia e tratamento da insuficiência cardíaca passaram por grandes avanços nas últimas três décadas, através de medicações, pilares, que atuam na desmodulação neuro hormonal ocasionada pela Insuficiência cardíaca. Modificando a mortalidade e melhorando a classe funcional, ou seja, o limiar de esforço dos pacientes acometidos”, ressalta o especialista.

Identificar os alertas precoces pode evitar complicações no coração e salvar vidas 

Entender os sinais de alerta e a importância de uma descoberta antecipada são fundamentais para evitar os óbitos por insuficiência cardíaca. Apesar de ser mais comum entre idosos, a doença pode surgir em qualquer idade, inclusive em crianças.

  • De acordo com Josiana Oliveira, especialista em Cardiologia e professora do curso de Enfermagem da Uninassau Rio de Janeiro, um dos principais desafios desta enfermidade é que os sintomas são frequentemente confundidos com outros problemas de saúde.
  • “A insuficiência cardíaca apresenta-se com indícios típicos que frequentemente causam grande impacto na execução de atividades da vida diária como caminhar e subir escadas e na qualidade de vida das pessoas que convivem com essa circunstância”, afirma a enfermeira.
  • O inchaço nos pés e pernas, cansaço e intolerância ao exercício são alguns indicadores. Isto ocorre devido ao acúmulo de fluidos no corpo, uma vez que o coração não está bombeando o sangue de forma adequada. “Além disso, podem ser observados tosse noturna, ganho de peso devido ao edema, dor abdominal e perda de apetite”, acrescenta Josiana.
  • É importante observar esses alertas e ficar atento aos possíveis eventos que possam causar danos ao coração como pressão alta, ataque cardíaco, anemia, doenças pulmonares ou renais, entre outras. Portanto, procurar ajuda médica para obtenção de um diagnóstico precoce do adoecimento contribui para que a insuficiência cardíaca piore progressivamente e cause danos maiores ao coração.
  • Em caso de aparecimento desses sintomas, é recomendável procurar ajuda médica para realização de exames. De acordo com a profissional da área de saúde, os que já foram acometidos com a enfermidade devem ter cuidado redobrado. “Os indivíduos que já tiveram esse diagnóstico devem ter atenção cuidadosa na exacerbação dos sinais de alerta, que podem indicar a descompensação da doença. Ou seja, requer atendimento emergencial”, ressalta a professora e Mestra de Enfermagem.
  • Faustão se despede do programa na Band

    lara Silva, filha mais velha, inicia carreira musical no último programa do pai na Band (Foto: Reprodução da internet)

    Por mais de 30 anos, Fausto Silva comandou o programa “Domingão do Faustão”, um clássico da TV Globo, mas decidiu deixar a emissora em 2021 após recusar a proposta de ter um programa em dias de semana. Faustão era considerado uma das estrelas mais bem pagas da televisão brasileira e o mais alto salário da Globo – somando com a renda de merchandising, chegava a faturar R$ 5 milhões mensais. Meses depois começou na Band, por salário não revelado, em programa diário – de segunda a sexta-feira à noite.

    Mas após um ano e meio no ar,  Faustão deixou o comando de seu programa na Band. Na ocasião, especulou-se que a baixa audiência teria sido o motivo para a saída de Faustão. A atração passou a ser apresentada por seu filho João Guilherme, de 18 anos, que ganharia em torno de R$ 80 mil por mês, e pela jornalista Anne Lottermann. O programa foi encerrado na última sexta (18), com um episódio gravado e inédito que reuniu Fausto e os três filhos no palco. Além de João Guilherme, Lara e Rodrigo participaram no palco. A primogênita, inclusive, lançou sua carreira musical, com apresentação inédita nas telinhas.

Com Assessorias, Portal Terra e G1
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