O ataque a uma creche em Blumenau (SC), que deixou quatro crianças mortas no dia 5 de abril; o ataque a faca por um aluno de 13 anos em uma escola de São Paulo, que deixou uma professora morta e quatro pessoas feridas no dia 27 de março e o ataque a faca feito por um aluno a colegas em uma escola do Rio de Janeiro no dia seguinte evidenciam um dado alarmante e trágico: em 2022 e 2023, o número de violências em escolas no Brasil já supera o total registrado nos 20 anos anteriores.

O levantamento foi feito pela pesquisadora Michele Prado, do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP, que registrou 22 ataques a escolas entre outubro de 2002 e março de 2023. Os agressores são, em geral, jovens (10 a 25 anos), do sexo masculino. De acordo com a pesquisa, a maioria é ou foi vítima de bullying na escola, possui características de isolamento social e indícios de transtornos mentais não diagnosticados ou acompanhados.

No dia 7 de abril é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência Escolar. Segundo dados do IBGE, mais de 40% dos estudantes adolescentes admitiram já ter sofrido com a prática de “bullying”, de provocação e de intimidação. Dentro e fora do ambiente escolar, a repetição de agressões físicas e/ou verbais causa angústias nos estudantes e os alunos ainda têm que lidar com as investidas dos agressores no ambiente digital, conhecidas como cyberbullying. O assunto demanda abordagens nos ambientes escolar e familiar que busquem evitar o uso da força como medida de retaliação.

A importância da educação socioemocional

Para Fernando Gabas, educador e CEO da Academia Soul – empresa especializada em soluções para educação socioemocional nas escolas – o enfrentamento dessa grave questão passa pelo investimento das instituições de ensino em diversas ferramentas. Uma delas, apontada como fundamental por inúmeros especialistas, é a educação socioemocional. Felizmente, diversas escolas já vêm oferecendo esse atendimento, mas é necessário ampliar essa oferta nas escolas privadas e particulares.

A Academia Soul trabalha no desenvolvimento de habilidades socioemocionais de alunos de escolas públicas e particulares. O programa Compasso, desenvolvido pela empresa, promove a capacitação de professores, educadores e alunos para transformar a escola em um ambiente de construção seguro e saudável.

Leia mais em nosso Especial Escola Segura

Colégio no Rio lança Oficinas de Aprendizagem na pós-pandemia

No Rio de Janeiro, o Colégio pH lançou recentemente um novo programa de educação socioemocional para seus alunos. As Oficinas de Aprendizagem propõem atividades práticas que contextualizam o conteúdo aprendido pelos alunos em sala de aula. O projeto abrange os alunos do Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano) e fazem parte do novo currículo obrigatório da instituição e contemplam três áreas do conhecimento: Ciências, Matemática e Redação.

“Os impactos causados pela pandemia da Covid-19 na aprendizagem e no desenvolvimento dos estudantes precisam ser levados em consideração. Vimos a necessidade de uma educação integradora que minimizasse os efeitos da dispersão característica do meio digital somado ao período de isolamento. Propomos uma educação que coloque o aluno como figura ativa, como protagonista do próprio processo de aprendizagem”, conta Filipe Couto, diretor pedagógico do Colégio pH.

Segundo o diretor, nas Oficinas desenvolvidas pelo colégio, todos os trabalhos são realizados em grupos a fim de aprimorar competências como cooperação, respeito, escuta ativa, gestão do tempo e liderança.

“Além disso, temos equipes formadas por alunos escolhidos pelos próprios alunos, que passam por uma formação para ajudar neste tipo de situação. Eles têm um papel fundamental na construção de um ambiente acolhedor, pois são referência dentro dos grupos em que circulam”, compartilha Carolina Estrela, coordenadora educacional da unidade do pH de Botafogo.

Pais são aliado na educação socioemocional

Para Fernando Gabas, o contato entre pais e filhos é a ferramenta essencial para o crescimento socioemocional dos mais jovens. Gabas afirma que as crianças precisam ser ensinadas a lidar com os problemas do dia a dia de maneira respeitosa.

“Quando surgirem problemas, é importante que os pais ensinem os filhos a procurar maneiras gentis e cooperativas de resolvê-los. Claro que devemos responsabilizar nossos filhos por comportamentos negativos ou prejudiciais, mas não há a necessidade de promover críticas públicas e castigos físicos. Esses métodos validam a vergonha e o uso da violência física como solução para os problemas. Certifique-se de que seus filhos entendam as consequências de suas ações”, destaca.

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