O número de casos novos de câncer colorretal deve ter um crescimento estimado de 21% entre os anos de 2030 e 2040. Esse aumento pode ser atribuído ao envelhecimento da população brasileira, à baixa adesão a hábitos saudáveis e, especialmente, à falta de programas de rastreamento eficazes. Os dados fazem parte de estudo inédito da Fundação do Câncer, divulgado no Dia Nacional de Combate ao Câncer Colorretal (27 de março).

O estudoCâncer colorretal no Brasil: projeção de casos novos, 2030-2040’ revela um aumento expressivo nos casos no Brasil para os próximos 15 anos. Também chamado de câncer de cólon e reto ou de intestino grosso, ele está entre os cinco tipos principais da doença que acomete homens e mulheres em todo o mundo. Coordenado pelo epidemiologista Alfredo Scaff, o estudo é  tema da oitava edição do boletim info.oncollect, publicação da Fundação do Câncer

Não existe um protocolo brasileiro para rastreamento do câncer colorretal. Nos modelos europeu e norte-americano, a indicação é de que o exame de colonoscopia seja feito a cada dez anos, a partir dos 50 anos de idade, para casos assintomáticos. Só com um sistema organizado de rastreamento poderemos alterar os achados, oferecer o tratamento adequado e melhorar os índices de mortalidade por câncer colorretal em nosso país”, salienta o consultor médico da Fundação do Câncer.

Segundo a publicação, a maioria dos casos será observada entre pessoas com mais de 50 anos, grupo considerado de maior risco. “Estima-se que mais de 88% dos casos em 2040 estarão concentrados nessa faixa etária. Na população com até 49 anos, o número de casos permanece relativamente estável. Essas projeções não são apenas números, mas um alerta para a necessidade urgente de ampliar a prevenção, especialmente entre a população mais vulnerável”, destaca Luiz Augusto Maltoni, diretor executivo da Fundação do Câncer.

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Regiões Norte e Centro-Oeste terão os maiores aumentos nos casos

O novo levantamento da Fundação do Câncer mostra uma projeção da evolução da doença para homens e mulheres para 2030-2035-2040, feito com base nos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), nos números de óbitos registrados pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Brasil e nas projeções populacionais do IBGE para os anos de 2030, 2035 e 2040.

As estimativas de casos novos para o câncer de cólon e reto para o Brasil indicam um aumento de cerca de 21% entre 2030 e 2040 (de 58.830 para 71.050 casos, respectivamente). As regiões Centro-Oeste (32,7%) e Norte (31,13%) são as que irão registrar os maiores incrementos da doença e a Sudeste, o menor (18%).

Apesar do menor percentual de crescimento em relação à média brasileira, o Sudeste apresenta números absolutos maiores que outras regiões. Projeta-se um crescimento de 32.410 casos em 2030 para 38.210 em 2040.”, explica a bióloga epidemiologista Rejane Reis, uma das pesquisadoras do estudo.

Segundo ela, a magnitude do aumento geral deste tipo de câncer está diretamente ligado ao envelhecimento da população brasileira. Rejane observa ainda que a incidência da doença é equivalente entre os sexos feminino e masculino, com exceção das regiões Centro-Oeste e Sul, em que os homens apresentam valores levemente superiores aos das mulheres.

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Exames como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes

Para que essas tendências não se concretizem, Scaff reforça a importância de adaptar as estratégias de prevenção e diagnóstico às realidades locais do país. “Essas informações evidenciam a necessidade de ações regionalizadas, permitindo a ampliação de programas de rastreamento, como a realização de colonoscopias, que são fundamentais para a detecção precoce e, consequentemente, a redução da mortalidade.”

De acordo com os especialistas, a detecção precoce por meio de exames como colonoscopia e pesquisa de sangue oculto nas fezes é fundamental para reduzir a mortalidade causada pela doença. No entanto, o rastreamento populacional organizado ainda é um desafio no Brasil, especialmente considerando as dificuldades enfrentadas por países de baixa e média renda.

Embora as diretrizes internacionais recomendem o rastreamento para indivíduos acima de 50 anos ou antes, em grupos de risco, a implementação enfrenta diversos desafios. Entre os principais estão a infraestrutura inadequada dos sistemas de saúde, a dificuldade de acesso aos exames e a adesão reduzida da população devido à falta de conscientização e medo do diagnóstico”, comenta Alfredo Scaff.

Para o diretor executivo da Fundação do Câncer, além da regionalização de políticas públicas e a alocação de recursos de acordo com as necessidades específicas de cada região, é fundamental reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico e tratamento.

Também é preciso fazer ações que impactam nos fatores sociais de prevenção à doença: mudanças no estilo de vida, com práticas saudáveis na alimentação, na atividade física e na redução de fatores de risco, incluindo tabagismo e consumo de carne processada”, conclui Maltoni.

O estudo completo está disponível neste link.

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