É difícil resistir às guloseimas da Páscoa, quando ovos e barras de chocolate recheiam as prateleiras do mercado. Durante esse período, é comum que haja um aumento no consumo desse alimento. Enquanto alguns preferem se privar do consumo da guloseima, outros não veem a hora de apreciar um pedaço de chocolate, visando suas propriedades antioxidantes e promotoras de bem-estar.

Mas especialistas alertam para o consumo de chocolate entre aqueles que já têm tendência no aparecimento de erupções na pele, seja por conta do excesso de oleosidade ou alterações hormonais. Afinal, estudos apontam que o alimento pode causar espinhas e outras doenças relacionadas à ingestão excessiva de açúcar e gordura.

“Embora não haja evidências conclusivas de que o chocolate cause acne, estudos sugerem que o consumo excessivo de alimentos com alto teor de açúcar e gordura pode contribuir para o aparecimento de espinhas”, conta Paula Tavares Colpas, dermatologista membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e consultora médica da TheraSkin®.

A médica esclarece que o chocolate é rico em gorduras saturadas, que podem obstruir os poros da pele, aumentando a produção de sebo e favorecendo o surgimento de cravos e espinhas.

Para evitar o aparecimento de espinhas e acne durante a Páscoa, a dermatologista recomenda alguns cuidados simples, como reduzir o consumo de açúcar e chocolate, manter a pele limpa e hidratada e usar produtos específicos para o cuidado da pele oleosa.

Além disso, é importante manter uma dieta equilibrada e saudável, rica em vitaminas e nutrientes que ajudem a manter a saúde da pele. “Aqueles que não abrem mão de um docinho, podem optar pelo consumo do chocolate amargo, que apresenta uma maior ação antioxidante e um menor efeito comedogênico”, conta a dermatologista.

“É importante lembrar que cada caso de acne é único e pode requerer tratamentos específicos. A consulta com um dermatologista é fundamental para a indicação dos produtos e tratamentos mais adequados para cada paciente”, ressalta Paula.

A moderação é a chave para uma dieta saudável e equilibrada, e o cuidado com a pele é uma parte importante da manutenção da saúde e da beleza.

Chocolate amargo não causa espinhas, diz dermatologista

Estudos realizados pela Universidade de Miller School of Medicine, em Miami (EUA), mostraram que as pessoas que comeram mais chocolate ao leite tiveram aumento de acne e da inflamação na pele. E o mesmo vale para o chocolate branco. A dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica:

“Muitos estudos sugerem que a alta carga glicêmica na dieta habitual está envolvida com a ocorrência e gravidade da acne vulgar em pacientes predispostos, na medida em que favorece o aumento da secreção sebácea e desenvolvimento de acne. A gordura e o leite presentes em chocolates podem colaborar também para o agravamento do quadro”.

Por também favorecer a inflamação e o aumento da oleosidade da pele, o chocolate branco deve ser evitado. A  dermatologista Paola Pomerantzeff ressalta que pacientes de pele oleosa devem evitar esse tipo de chocolate, pois as oleaginosas podem estimular a produção de oleosidade pelas glândulas sebáceas e, consequentemente, favorecer o aparecimento de cravos e espinhas.

Segundo ela, o chocolate amargo não causa espinhas, ao contrário do que muitos acreditam.

“Devido à alta concentração de cacau em sua fórmula, o chocolate amargo é, na verdade, um aliado da saúde da pele, pois suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias ajudam a conferir luminosidade e hidratação ao tecido cutâneo, além de auxiliarem na proteção aos danos dos raios UV, prevenirem rugas e combaterem os radicais livres”, destaca.

Guia de Páscoa: como fazer consumo correto do chocolate

Mas, afinal, o chocolate traz benefícios ou malefícios para a saúde? Especialistas explicam o bem e o mal que cada ovo de chocolate pode fazer para a pele, circulação e saúde

“O chocolate pode, sim, ser uma boa opção desde que você saiba consumi-lo corretamente. O ovo de páscoa pode ter vários componentes, como cacau, açúcar, gorduras e até oleaginosas, e a concentração de cada um desses ingredientes é o que vai determinar o benefício ou malefício para o consumo”, explica a médica angiologista Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Para entender melhor, confira abaixo a diferença entre cada tipo de chocolate:

Chocolate amargo

Para quem quer se manter sem se privar de aproveitar uma das épocas mais deliciosas do ano, o melhor é optar por produtos que tragam, no mínimo, 65% de cacau e massa de cacau como primeiro item da lista de ingredientes que aparece, geralmente, na parte de trás da embalagem.

“O cacau é rico em polifenóis, substâncias que, se consumidas com frequência, possuem uma série de benefícios à saúde, incluindo poderosa ação antioxidante e preventiva da formação de radicais e efeito protetor contra os danos ao DNA das células. Além disso, o ingrediente possui propriedades analgésicas, antimicrobianas, anti-inflamatórias e anticarcinogênicas (previne o aparecimento de câncer)”, afirma a médica nutróloga Marcella Garcez, professora da Associação Brasileira de Nutrologia.

Segundo Aline Lamaita, o chocolate amargo, por conta dos flavonoides presentes no cacau, ainda possui benefícios comprovados para a circulação, conferindo ação vasodilatadora, prevenindo a formação de placa de gordura dentro das artérias e controlando os níveis de colesterol no sangue.

Marcella Garcez ainda ressalta que o chocolate amargo é a melhor opção inclusive para crianças, que, apesar de serem resistentes às versões mais amargas devido ao paladar infantil, devem ser educadas desde pequenas a evitarem o excesso de açúcar na alimentação.

“Para quem não gosta do chocolate amargo, o chocolate meio amargo, com concentração de cacau de 40 a 50%, pode ser uma opção interessante e mais saborosa, pois, apesar de trazer mais açúcar que a versão amarga, também possui benefícios antioxidantes”, recomenda a Dra. Aline.

Chocolate ao leite

O chocolate ao leite, por sua vez, não possui quantidade significativa de cacau e, por isso, não traz benefícios à saúde.

“Para que o chocolate ao leite mantenha os benefícios do cacau é necessário que seja composto por, no mínimo, 35% do ingrediente, possuindo, nesse caso, metade da capacidade antioxidante do chocolate amargo. O problema é que, segundo resolução da Anvisa, um chocolate brasileiro precisa conter apenas 25% de cacau para ser considerado chocolate, concentração abaixo da necessária para realmente conferir benefícios à saúde”, diz a Dra. Marcella.

Por conter grandes quantidades de açúcar e gordura em sua composição, o chocolate ao leite pode, na verdade, trazer malefícios à saúde quando consumido em excesso.

“O açúcar está relacionado com a obesidade e com a diabetes mellitus. Estudos mais recentes vêm apontando o carboidrato como grande vilão também para o aumento de colesterol. A diabetes favorece o desenvolvimento de problemas arteriais, causando espessamento e acúmulo de placas de gordura dentro da parede das artérias, o que pode levar a seu entupimento. Dependendo da artéria afetada, pode ocorrer um infarto, um derrame ou um problema de claudicação ­— quando se sente dificuldade de andar por falta de sangue nas pernas”, alerta a Dra. Aline.

“Já a gordura também favorece o aumento do colesterol e pode levar a um processo de aterosclerose, condição caracterizada pela formação de placas de gordura na parede das artérias.” Além disso, essa alta quantidade de gorduras e açúcares presentes no chocolate ao leite o tornam um alimento de alto índice glicêmico.

Chocolate branco

“O chocolate branco é fabricado a partir da manteiga de cacau, sendo composto basicamente de gordura, açúcar, leite e aromatizantes. Por não ser feito com a massa de cacau, mas sim com a gordura da fruta, o chocolate branco não deveria nem ser considerado um chocolate, sendo, na verdade, apenas um doce”, afirma a médica nutróloga Marcella Garcez.

Dessa forma, é mais calórico e rico em gorduras, não possuindo funcionalidades e podendo causar danos à saúde.

“Alguns chocolates brancos sequer têm algum resquício de cacau na composição, sendo produzidos apenas com óleos vegetais hidrogenados, cujo consumo resulta no aumento dos níveis do mau colesterol (LDL) e na redução do bom colesterol (HDL). Por isso, mesmo se você optar por esse tipo de ovo de páscoa, vale a pena dar uma olhada no rótulo”, destaca a angiologista Aline Lamaita. Por ser pró-inflamatório, o chocolate branco também pode retardar a circulação e colaborar para o aparecimento de doenças circulatórias.

Mas quem não abre mão do chocolate branco pode optar pelas versões sem açúcar para minimizar seus malefícios à saúde, sem esquecer que a guloseima ainda é rica em gorduras, podendo até mesmo trazer uma concentração maior de lipídios, para suprir a falta do açúcar. “Chocolates recheados e que trazem ingredientes que agregam ainda mais açúcar ao produto, como doce de leite e brigadeiro, também devem ser evitados”, recomenda a Dra. Marcella

Chocolate rosa

Para quem procura por alternativas mais saudáveis ao chocolate ao leite e branco, mas não aprecia o chocolate amargo, vale a pena apostar no chocolate rosa, que tem se tornado tendência na internet e nas prateleiras dos mercados. Feito a partir da semente do cacau rubi, esse chocolate distingue-se dos demais devido a sua coloração rosada natural, não possuindo corantes artificiais em sua composição.

“Sendo geralmente mais caro que o chocolate amargo, o chocolate rosa se destaca pelo seu sabor diferenciado, sendo mais cremoso, frutado e adocicado, com um leve toque cítrico.

Além disso, o chocolate feito a partir do cacau rubi possui uma quantidade maior de polifenóis do que o chocolate convencional, pois os flavonóis presentes no ingrediente são mantidos até o produto final devido ao processo de fermentação especial pelo qual as sementes passam para que não percam o sabor e a coloração natural”, explica a Dra. Marcella.

Pela maior quantidade de polifenóis, o chocolate rosa mostra-se uma boa opção para quem quer manter a saúde na páscoa, desde que não seja muito rico em açúcar e gorduras.

Chocolate com oleoginosas

Outra opção saudável para substituir o chocolate ao leite e branco é o chocolate amargo combinado com oleaginosas, como avelã, noz e amendoim. “Apesar de serem calóricas, as oleaginosas adicionam nutrientes ao produto, como o ômega-3, que ajuda no controle do colesterol, possui propriedades anti-inflamatórias, melhora a circulação e o desempenho cognitivo”, afirma a nutróloga.

Mas atenção! Mesmo que você opte pelo chocolate amargo é importante tomar cuidado com o consumo excessivo, pois, independentemente da concentração de cacau, o chocolate ainda tem açúcar e gorduras saturadas.

“Existem, claro, as opções sem açúcar, adoçadas com edulcorantes, sendo assim ideais para pessoas que sofrem com diabetes ou estão em dieta de emagrecimento. Porém, o consumo desse tipo de chocolate também não deve ser indiscriminado, já que ainda contém calorias e gorduras”, ressalta a Dra. Marcella.

No final das contas, é importante controlar o consumo diário. O ideal é consumir de 25g a 50g de chocolate por dia, dando preferência às opções com maior concentração de cacau, como o chocolate amargo e o chocolate rosa. “Ou seja, um ovo de 200g de chocolate deve ser consumido, em média, em uma semana”, recomenda a Dra. Paola.

Seguindo essas dicas, a guloseima pode ser consumida sem culpa, não havendo necessidade de estratégias para inibir o apetite antes do consumo ou para diminuir o índice glicêmico do alimento.

“Isso porque, no geral, o chocolate possui baixo índice glicêmico e, se composto por mais de 65% de cacau, também é um alimento funcional, possuindo índice glicêmico ainda mais baixo”, finaliza a Dra. Marcella Garcez.

Porém, antes de oferecer chocolate para crianças é importante lembrar que o cacau é contraindicado para crianças menores de 12 meses de idade e o Ministério da Saúde não recomenda o consumo de açúcar para crianças menores de dois anos.

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Shares:

Related Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *