A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que a endometriose atinge 10% da população feminina em todo o mundo, o que significa que uma a cada 10 mulheres sofre com os sintomas. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou em 2021 mais de 26,4 mil atendimentos e 8 mil internações pela doença somente no Sistema Único de Saúde (SUS).

Embora benigna, pode acometer mulheres de diversas faixas etárias, da primeira menstruação (menarca) até a menopausa, e que impacta diretamente na qualidade de vida das pacientes. De acordo com dados da Associação Brasileira de Endometriose,  57% destas pacientes têm dor crônica.

Um dos aspectos mais desafiadores da endometriose é a infertilidade. Ainda segundo a entidade, mais de 30% dos casos causam infertilidade e estima-se que até 50% das mulheres com endometriose tenham dificuldade para engravidar. A exata razão pela qual a endometriose afeta a fertilidade não é totalmente definida. No entanto, existem fatores potenciais que podem contribuir para a dificuldade na concepção.

“Um deles é que a endometriose pode causar tecido cicatricial ou a formação de aderências entre estruturas do corpo, que podem interferir no bom funcionamento dos órgãos reprodutivos, dificultando a passagem do óvulo entre o ovário e o útero ou a chegada do esperma ao óvulo”, afirma o médico Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

Outro ponto é que ela pode causar inflamação, que tende a prejudicar a qualidade dos óvulos ou interferir na implantação deles. Também pode afetar o equilíbrio hormonal do corpo, interrompendo a dança dos hormônios, necessária para a ovulação e a gravidez. Além disso, algumas mulheres com endometriose podem ter outras condições que complicam ainda mais a fertilidade, como a síndrome dos ovários policísticos ou miomas uterinos.

Apesar desses fatores preocupantes para quem está planejando a maternidade, ser diagnosticada com endometriose não deve pôr fim aos planos de ser mãe. Com tratamento adequado, é possível conceber e levar uma gestação saudável até o fim, garante o especialista.

“Existem vários tratamentos disponíveis que podem ajudar mulheres com endometriose. Após um diagnóstico preciso, definindo os sintomas de cada uma e a gravidade da doença, o médico pode indicar o melhor caminho. O fato é que, quanto antes o diagnóstico for feito, mais chances de sucesso ele terá”, esclarece.

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Cuidados para quem tenta engravidar ou consegue

Para quem ainda está tentando engravidar e sofre com endometriose, os cuidados médicos podem envolver mudança de hábitos, tratamento hormonal e até mesmo cirurgia, recomendada em casos mais complexos. Nela, o médico irá remover o tecido endometrial em excesso ou aderências, o que pode melhorar a fertilidade, reduzindo as barreiras físicas à concepção.

Já no caso de mulheres que engravidam espontaneamente tendo endometriose, uma série de cuidados são exigidos. “Quem tem o diagnóstico tem mais probabilidade de sofrer aborto, parto prematuro, ruptura das veias que irrigam o útero e complicações relacionadas à placenta”, cita o médico. “Por isso, é recomendado um período pré-natal mais personalizado, com acompanhamento regular para observar a evolução da doença e da gestação”, acrescenta.

O especialista lembra que a endometriose é uma condição complexa, que pode causar dor e sofrimento para as mulheres, por isso, é importante buscar tratamento não somente quando estão tentando engravidar, mas também para melhorar a qualidade de vida.

“É preciso deixar claro que muitas mulheres com endometriose são capazes de engravidar e ter uma gestação saudável com a ajuda do tratamento adequado. Qualquer pessoa que sofra com a infertilidade e suspeita de endometriose deve imediatamente procurar um médico. Com os cuidados certos, é totalmente possível aumentar as chances de engravidar”, concluiu Bellelis.

Diagnóstico tardio ou erro médico pode agravar doença

Recentemente, tem sido registrados muitos casos de mulheres que perderam o útero por conta de um diagnóstico tardio – o que pode levar a um agravamento da doença – ou mesmo erro médico – os quais podem ter consequências graves na vida das pacientes, podendo até mesmo levar à morte em alguns casos. O médico ginecologista Thiers Soares, especialista em endometriose, adenomiose e miomas, tem mais de 20 anos de experiência na área, e atua no setor de endoscopia ginecológica do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Uerj.

“Para evitar que isso aconteça, é extremamente importante que os profissionais de saúde trabalhem para prevenir erros, seguindo protocolos de segurança rigorosos e se comunicando de forma clara e eficaz com seus colegas e pacientes. Existem diversos tratamentos que dispensam a realização da histerectomia, cirurgia que remove o útero, e permitem uma futura gravidez”, afirma Soares, que é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica (Sobracil), no Rio de Janeiro.

Endometriose, causas e sintomas

Neste Dia Internacional da Luta contra a Endometriose (7 de maio), entenda as causas das doenças, os principais sintomas, como é realizado o diagnóstico atualmente, além de tratamentos possíveis e o estilo de vida recomendado a quem tem a doença.

A endometriose ocorre quando as células do endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, crescem fora do útero e se deslocam para os ovários, trompas de falópio, cavidade abdominal ou outras estruturas pélvicas e se multiplicam, causando sangramento além do normal, cólicas intensas e dor durante a relação sexual, dor pélvica crônica e alteração nos tratos intestinal e urinário.

A causa exata da endometriose não é conhecida, mas a maioria das teorias se concentra em como suas células, hormônios e sistema imune funcionam. Geralmente são diagnosticadas através do exame pélvico, ultrassom ou laparoscopia. Os sintomas mais comuns são dor pélvica, principalmente durante período menstrual, dor durante a atividade sexual, sangramento vaginal anormal e infertilidade.

“Dor durante a relação sexual, desconforto e/ou sangramentos intestinais e urinários durante a menstruação, cólicas menstruais constantes e progressivas, além da dificuldade de engravidar, são indícios que devem ser investigados por um médico”, reforça Aline Vales Whately, coordenadora da Ginecologia do Hospital da Mulher Mariska Ribeiro, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

Superficial, ovariana ou profunda

De maneira geral, pode-se dizer que a doença se manifesta de três maneiras diferentes: superficial, ovariana ou profunda. “Esta classificação diz respeito à complexidade de acometimento de tecidos e sintomas associados à doença, sendo a última a mais grave”, explica.

Segundo a médica, a endometriose superficial acontece quando as lesões são iniciais e se restringem ao útero e seus ligamentos. Nesta fase, as lesões são pouco sintomáticas e, geralmente, são controladas com tratamento conservador, isto é, por meio do bloqueio hormonal.

A ovariana aparece como cistos na região dos ovários, que podem ser uni ou bilaterais e variar de tamanho e grau de sintomatologia. O tratamento pode ser conservador ou até cirúrgico, dependendo da apresentação da lesão.

endometriose profunda, por sua vez, é diagnosticada quando as lesões são mais complexas e acometem múltiplos tecidos e órgãos, por contiguidade ou à distância, podendo afetar, conjuntamente, bexiga, vagina, apêndice, intestino e, até mesmo, os pulmões.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico precoce contribui para a definição do melhor tratamento e garante mais qualidade vida. Para identificar esta doença inflamatória, o primeiro passo é realizar o exame clínico. Exames laboratoriais e de imagem são muito importantes para confirmar o diagnóstico.

“O ultrassom transvaginal e a ressonância magnética permitem visualizar, com mais clareza, as alterações para que o especialista possa avaliar a localização e o estágio da doença”, explica Melissa Kuriki, diretora da área médica da Fujifilm.

endometriose não tem cura definitiva, mas o tratamento medicamentoso, por meio de analgésicos e anti-inflamatórios, ou cirurgia pode reduzir os sintomas da doença. Há casos em que é indicado o bloqueio hormonal.

Em linhas gerais, o tratamento da endometriose vai depender da intensidade dos sintomas e extensão, pode ser realizado por meio de medicamentos que suspendem a menstruação e caso de lesões maiores ou mais extensas, é possível que o médico indique cirurgia.

Com Assessorias

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