Depois de tanto calor, finalmente chegamos o inverno. Mesmo antes da entrada da estação em 21 de junho, ela já vinha batendo à porta, com queda da temperatura de até 5ºC e mínimas que podem chegar a -7ºC nas regiões serranas do Sul do País, alternando as paisagens com neve e geadas fortes.

Pode até ser que o inverno deste ano não seja tão frio durante toda a estação, em decorrência das mudanças climáticas, mas haverá dias em que o desejo será ficar debaixo das cobertas. Nada de muito diferente do que vem acontecendo ao longo dos anos, assim como também não difere do aumento de casos de doenças do trato respiratório superior nesse período.

Entra inverno e sai inverno e lá vamos nós combater doenças respiratórias como gripes, resfriados, Covid-19 e até mesmo rinite, sinusite e crises de asma e bronquite, que aumentam consideravelmente no inverno.

As doenças alérgicas são uma realidade para aproximadamente 35% da população mundial e tendem a se intensificar durante o inverno. Com a chegada da estação, aumentam os quadros de rinite, asma e bronquite, muitas vezes desencadeados ou agravados por alérgenos como poeira, mofo e ácaros, comuns em ambientes fechados e com pouca ventilação.

De acordo com informações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI),  os sintomas de gripes e resfriados aumentam durante o inverno, como a congestão nasal, sintoma típico de infecções virais que provoca aumento das secreções nasais, o surgimento do nariz entupido e dificuldade para respirar, especialmente à noite.

De acordo com a pesquisa da Planisa, empresa de gestão hospitalar, um levantamento feito em 27 hospitais públicos e filantrópicos do país mostrou que, de janeiro a agosto, as internações causadas por doenças respiratórias aumentaram 27,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Semana Mundial da Alergia, celebrada de 23 a 29 de junho, chama atenção para as doenças, que impactam diretamente a qualidade de vida de crianças, adultos e idosos. Em 2024, o alerta se soma a um dado preocupante: Minas Gerais, por exemplo, já conta com dezenas de municípios em situação de emergência por conta do avanço das síndromes respiratórias.

Segundo o infectologista Liliana Rocha do Hospital Unihealth Três Vales, em Teófilo Otoni, no leste de Minas Gerais, a atenção deve ser redobrada nesta época do ano. “As doenças alérgicas respiratórias, como a rinite e a asma, pioram com o frio e com a maior exposição a ambientes fechados. A limpeza adequada da casa e dos objetos de uso pessoal, como roupas e cobertores, é fundamental”, alertou.

Doenças respiratórias

O otorrinolaringologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Ronaldo Américo, informa que a as doenças de inverno, como são chamadas, afetam a mucosa da via aérea e podem acometer também os olhos e ouvidos. Ele reforça a importância de não haver aglomeração de pessoas, pois “os vírus são transmitidos por gotículas de salivas dispersas no ar através dos espirros, das tosses e mesmo ao falar, quando elas são jogadas no ambiente e as outras pessoas as inspiram e se contaminam”.

A maior parte dos pacientes começa a apresentar sinais de melhora entre três a cinco dias do início dos sintomas, mas 25% deles acabam evoluindo com infecção bacteriana secundária.

A bactéria se aproveita da desorganização da via aérea provocada pelo vírus e se sobrepõe, levando a possíveis complicações do quadro, com amidalite aguda, otite média aguda, sinusite, laringite, ou seja, infecções bacterianas que exigem tratamento com antibióticos”, alerta o médico.

Américo lembra, ainda, que as crianças e os idosos merecem atenção especial nesse período, com cuidado redobrado em relação aos ambientes fechados.

Eles podem apresentar imunidade mais baixa e por isso estão mais vulneráveis. Sem contar que a recuperação da saúde dos idosos torna-se mais lenta com o passar dos anos e as doenças respiratórias podem evoluir para pneumonia, o que agrava o quadro”. Por isso, o médico recomenda que além da vacina contra Influenza deve-se avaliar também a vacina pneumococo, que protege crianças, idosos e pessoas com baixa imunidade da pneumonia e de outras doenças graves.

Asma merece atenção especial na chegada do inverno

Coincidindo com a chegada do inverno, no Brasil, o dia 21 de junho é marcado como o Dia Nacional do Controle da Asma, um alerta para a importância da prevenção e do tratamento adequado dessas condições. A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais prevalentes, afetando cerca de 20 milhões de brasileiros, entre crianças e adultos. Anualmente, ocorrem 350.000 internações devido a casos mais extremos, sendo a terceira maior causa de hospitalização no Sistema Único de Saúde (SUS).

A asma é caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas, o que leva a episódios de falta de ar, chiado no peito e tosse. O tratamento adequado e contínuo é essencial para o controle da doença e a prevenção de crises”, explica Carlos Alberto Reyes Medina, diretor médico da Carnot Laboratórios.

Além da asma, outras doenças respiratórias se destacam nesta época do ano. A gripe e o resfriado, causados por vírus, apresentam sintomas como febre, coriza, tosse e dor de garganta. A rinite alérgica é uma inflamação da mucosa nasal provocada por alérgenos como poeira, ácaros e poluição. Já a sinusite é uma inflamação dos seios da face, podendo ser viral ou bacteriana, e resulta em congestão nasal, dor facial e secreção espessa.

A prevenção é a melhor estratégia para evitar complicações. De acordo com o Dr. Carlos Alberto Reyes Medina, é fundamental manter a vacinação em dia, especialmente contra gripe e pneumonia, além de higienizar bem as mãos e evitar ambientes fechados e com aglomerações. Manter a casa arejada e livre de poeira e umidade, bem como beber bastante água para garantir a hidratação das vias respiratórias, também são medidas importantes. No caso da asma, seguir corretamente o tratamento prescrito pelo médico, utilizando medicamentos controladores e broncodilatadores quando necessário, é essencial para evitar crises.

“A orientação médica é fundamental para garantir um diagnóstico preciso e o melhor tratamento para cada paciente. O acompanhamento profissional reduz significativamente os riscos de crises e complicações”, ressalta o especialista.

No Dia Nacional do Controle da Asma, o alerta vai além do reconhecimento da doença, reforçando a importância da conscientização e do cuidado contínuo para garantir qualidade de vida aos pacientes. Para mais informações, procure um especialista e adote hábitos saudáveis para manter sua saúde respiratória em dia.

As medidas preventivas recomendadas

Já que as temperaturas mais baixas favorecem a proliferação de vírus causadores de doenças respiratórias, o que fazer para se manter saudável? Há algumas recomendações básicas. As vacinas, por exemplo, são grandes aliadas contra algumas dessas patologias, como gripe e Covid-19, que ainda não está totalmente controlada.

As vacinas podem não evitar que se desenvolva a doença, mas garantem casos menos graves e sem risco de internação, especialmente entre idosos e pessoas sem comorbidades. Para além das vacinas, a adoção de alguns hábitos simples pode contribuir para que os vírus fiquem distantes, como permanecer em ambientes ventilados, pois os locais fechados facilitam a circulação de micro-organismos, especialmente os respiratórios.

A lavagem frequente e correta das mãos com água e sabão também é fator determinante para prevenir doenças respiratórias e a máscara é outro recurso – que todos conhecemos bem – capaz de ajudar a diminuir essas infecções. Ingesta de água, alimentação saudável, atividades físicas e roupas adequadas à temperatura também são importantes, além de evitar choques térmicos, ou seja, exposição à baixa e à alta temperatura simultaneamente.

E, claro, não praticar a automedicação, que retarda a procura por assistência médica, quando necessário. O diagnóstico correto é o primeiro passo. Ele envolve uma avaliação detalhada da história clínica do paciente, testes de alergia e, em alguns casos, exames laboratoriais. Já o tratamento combina controle ambiental, uso de medicamentos sob prescrição e, para casos mais persistentes, imunoterapia.

O mais importante é não se automedicar. O acompanhamento médico evita complicações e garante mais qualidade de vida, especialmente para quem já tem histórico familiar de alergia”, reforçou a médica.

Entre as medidas preventivas recomendadas estão:

  • Manter os ambientes arejados, mesmo no frio;
  • Evitar o uso de tapetes e o acúmulo de poeira em cobertores e casacos;
  • Se você tem rinite ou asma, usar o soro fisiológico para lavar o nariz diariamente, especialmente no inverno;
  • Não fumar e evitar exposição à fumaça;
  • Reforçar a hidratação e manter uma alimentação equilibrada;
  • Manter a vacinação em dia, especialmente contra a gripe e outras doenças respiratórias, que podem agravar quadros alérgicos.
Com Assessorias
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