O câncer já representa, hoje, a segunda causa de mortes no Brasil, sendo superado apenas por doenças cardiovasculares. O número de óbitos no país em decorrência da doença aumentou 31% desde 2000 e chegou a 223,4 mil pessoas por ano no final de 2015. As estimativas foram publicadas recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ao apresentar um novo guia que visa estimular a descoberta da doença em um estágio ainda inicial e, assim, reverter essa expansão.

Segundo dados da OMS, no início do século, 152 mil brasileiros morriam por ano da doença. Ao final de 2015, essa taxa chegou a 223,4 mil. Entre os tumores, o maior responsável pelas mortes é o câncer no sistema respiratório, com 28,4 mil casos em 2015. O câncer de cólon foi o segundo maior responsável por mortes, com 19 mil. Em terceiro lugar vem o tumor de mama, com 18 mil mortes em 2015 no Brasil.

Segundo as últimas estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) de 2016, as neoplasias mais frequentes no homem, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma, enfermidades de comportamento local sem risco de vida, são os tumores de próstata (o mais frequente e responsável por 28,6% de todas as neoplasias), seguido dos tumores de pulmão, cólon/reto e estômago respectivamente na faixa de 8,1, 7,8 e 6%, que são tipos de cânceres de fácil prevenção (visitas regulares ao médico, boa alimentação, exercícios, etc).

Neste Dia Internacional do Homem (15 de julho), o médico oncologista, dr. Eduardo Bandeira de Mello, da Oncoclínica , esclarece sobre os sintomas, diagnóstico e prevenção dos tipos de câncer mais comuns entre eles.

Prevenção:

A melhor maneira de combater essas doenças é a prevenção primária – medidas para diminuir os fatores de risco do aparecimento das neoplasias. Atualmente, é de amplo conhecimento a importância da atividade física regular e dieta balanceada, com aumento de alimentos naturais como frutas, verduras, legumes, fibras e diminuição de carnes vermelhas e processadas, assim como de alimentos industrializados, excesso de sal e álcool.

Essas medidas diminuem o sobrepeso e obesidade epidêmica nos grandes centros, aumentando a incidência de vários tumores. Estes fatores estão diretamente relacionados aos cânceres de próstata, cólon/reto e estômago, em que o aumento do peso, no caso de próstata, estômago, e o tipo de alimentação, no caso de cólon/reto e estômago, aumentam a ocorrência destas neoplasias.

Outro fator bastante conhecido é o tabagismo, hábito que aumenta de 20 a 30 vezes o risco de câncer de pulmão e 1,5 o de estômago. Por outro lado, deve-se comemorar as bem-sucedidas campanhas antitabagistas coordenadas pelo Ministério da Saúde, com redução expressiva dos fumantes e consequente queda dos números de novos casos de tumores pulmonares.

Diagnóstico precoce:

É realizado por meio de exames preventivos, fundamentais para detecção dos tumores em suas fases iniciais, quando procedimentos podem curar a maioria dos pacientes. Não há consenso sobre  quais exames e qual a periodicidade dos procedimentos a serem utilizados na prevenção das neoplasias, variando conforme múltiplos fatores, desde econômicos e até incidência regional dos diversos tumores.

Existem vários protocolos orientados pelas diversas Sociedades médicas mundiais que normatizam estes exames. Há uma individualização na realização dos procedimentos a partir de uma anamnese feita por um profissional de saúde, uma vez que um paciente com histórico familiar de neoplasias apresenta aumento do risco de desenvolver a doença. Por exemplo, nos casos dos cânceres de próstata e cólon/reto, um parente de primeiro grau aumenta de duas a três vezes o risco, sendo indicado o início do rastreamento em uma idade mais precoce e com intervalos menores.

Histórico familiar:

Câncer de próstata  A avaliação pelo urologista deve se iniciar aos 50 anos ou 10 anos antes que nos indivíduos com história familiar forte de cânceres de mama ou próstata. Houve uma grande polêmica sobre a utilização da dosagem sanguínea do PSA na prevenção a partir da publicação de um estudo americano (U S Preventive Service Task Force), em 2012. A pesquisa contraindicou sua utilização, porque aumentaria o número de pacientes que se submeteriam a um tratamento oncológico sem necessidade e não diminuiria a mortalidade pôr câncer de próstata.

Após aumento do número de doentes com a enfermidade em formas mais agressivas e críticas pôr outros centros, houve retrocesso, sendo revisto a indicação e orientando os pacientes a discutirem individualmente com seus urologistas os prós e contras do rastreamento. No Brasil, o INCA e o Ministério de Saúde não indicam o rastreamento do câncer de próstata na população em maneira geral. A tendência nos pacientes sem história familiar é fazer o exame urológico a partir dos 50 anos. Se o PSA estiver normal, o recomendado repetir a cada dois anos até os 69 anos ou 10 anos menos de sua expectativa de vida, dependendo de outras comorbidades.

Câncer de pulmão – O rastreamento deve ser feito nos tabagistas , além da óbvia conscientização do cessar o hábito de fumar. A realização do simples Raio X de Tórax não diminui a mortalidade de câncer de pulmão. A realização da Tomografia de Tórax Helicoidal de baixa dose de irradiação anual diminui a mortalidade em 20%, sendo que a relação custo/benefício é questionada em estudos de avaliação populacional, mas deve ser estimulada individualmente.

Câncer de cólon/reto – Existe uma série de patologias hereditárias – como Síndrome de Lynch,Peutz-Jeghers,Polipose Adenomatosa Familiar –, assim como doenças inflamatórias intestinais, em que as rotinas de acompanhamento são específicas para cada situação. No indivíduo sem fator de risco, os exames devem ser realizados a partir dos 50 anos e suspensa aos 75 anos ou 10 anos menos da expectativa de vida do paciente.

Os exames variam de pesquisa de sangue oculto ou DNA tumoral nas fezes, colonoscopia virtual feita por Tomografia Computadorizada, sigmoidoscopia ou colonoscopia. A colonoscopia é o exame mais sensível, sem falsos positivos e é terapêutica com a retirada de possíveis pólipos. Nos pacientes com exame normal, deve-se repeti-la a cada cinco anos.

Câncer de estômago – A doença apresenta alta incidência em países como Japão, Coreia, Chile e Venezuela, estando relacionado ao alto consumo de sal na alimentação e na preservação dos alimentos. A imigração de pessoas dessas áreas para regiões de baixa ocorrência desta enfermidade reduz a taxa da doença nesses imigrantes, demonstrando um fator local no desenvolvimento da neoplasia. Nas regiões citadas, o aconselhável é a incorporação da endoscopia digestiva alta a partir dos 40 anos, repetida a cada dois anos como procedimento de diagnóstico precoce. Nas regiões de baixa ocorrência, esse exame é indicado para pacientes de risco, como aqueles submetidos a cirurgias gástricas prévias, portadores de anemia perniciosa ou história familiar de síndromes hereditárias, como síndrome de Lynch ou Polipose Adenomatosa Familiar.

Sintomas:

A suspeita de neoplasias a partir dos sintomas é geralmente associada a estágios mais avançados da doença, com os sinais variando conforme o tipo de tumor, como tosse seca nos casos de pulmão, alteração do ritmo intestinal e sangramento nas fezes nos de cólon/reto, alterações miccionais no de próstata e azia com dor abdominal nos tumores gástricos. Em casos de doença metastática, podem surgir sintomas comuns a todas as neoplasias, como perda do apetite, emagrecimento e dores variadas.

A grande diferença entre homens e mulheres é a maior adesão das mulheres aos exames de rastreamento. Isso ocorre porque desde cedo as mulheres têm em suas rotinas as visitas frequentes aos profissionais de saúde, como ginecologistas, inicialmente para controle concepcional, e, posteriormente, pré-natal e exames ginecológicos frequentes. Elas são muito mais disciplinadas que os homens na realização de seus exames preventivos.

Atualmente, devido ao grande desenvolvimento da Medicina, com técnicas de diagnóstico como Pet, radiologia intervencionista, tratamentos como cirurgia robótica, radioterapia conformacional e tratamentos oncológicos como terapias alvos e imunoterapia, há uma tendência de aumento da sobrevida dos pacientes com câncer mesmo em estágios avançados, transformando-o em uma doença crônica.

Fonte: Oncoclínica www.oncoclinica.com.br 

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