O Brasil é o 10° colocado no ranking mundial de desperdício. As perdas, por dia, chegam a 40 mil toneladas de alimentos, quantidade que daria para suprir aproximadamente 19 milhões de cidadãos diariamente ao longo de um ano, o mesmo que toda a população do Chile.
Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) dão conta de que 46% do desperdício de alimentos no planeta ocorrem nas etapas de processamento, distribuição e consumo. Os outros 54% acontecem nas fases de manipulação pós-colheita e a armazenagem.
Mas nem todo o alimento disponível, mesmo em excesso, é bom para a saúde humana. O suprimento insuficiente de nutrientes no campo pode desencadear debilidades no desenvolvimento de plantas, legumes, frutos e folhas. Isso, por consequência, tem impacto direto na qualidade do alimento e no aumento dos índices de desnutrição humana.
O engenheiro agrônomo e florestal Valter Casarin, coordenador científico da Iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), explica que os nutrientes são o fundamento da cadeia alimentar. Eles regulam o metabolismo da planta, formando a base da produção vegetal para alimentar diretamente o homem.
O correto fornecimento de nutrientes no campo melhora a qualidade dos alimentos e é fundamental para a saúde humana. A nutrição equilibrada de frutas, legumes e verduras também é relevante no enfrentamento ao desperdício. Alimentos com deficiência não apresentam aparência saudável, duram menos e se perdem em pouco tempo. Além disso, quanto mais se desperdiça, mais cara fica a comida que chega à mesa das pessoas”, afirma.
De acordo com o nutrólogo e cardiologista Daniel Magnoni, isso tem impacto importante inclusive na saúde pública, já que a desnutrição possui peso relevante nas estatísticas de doenças e mortalidades. “É o estopim para o desenvolvimento de outras doenças graves”, pondera. “A pessoa desnutrida tem mais infecções e fica mais frágil, sofrendo perda de peso, de apetite, cansaço, estado depressivo, falta de energia e diarreia persistente, por exemplo”, ressalta.
Em caso de falta de cálcio, a pessoa pode, por exemplo, ter ossos rarefeitos; se houver deficiência em ferro, anemia; a carência em magnésio causa arritmia, deficiência no crescimento e problemas no sistema nervoso central; já a falta de potássio pode levar à arritmia, problemas renais e no coração, no sistema nervoso central e na formação de músculos.
Ação em São Paulo mostra alimentos com deficiências nutricionais
Para chamar a atenção para o problema, nutricionistas e agrônomos marcarão presença no Terminal Jabaquara – EMTU, nesta segunda-feira, 5 de agosto, Dia Nacional da Saúde, para importante prestação de serviço à população. Entre 9h30 e 16h30, promoverão uma exposição de produtos com deficiências nutricionais e darão dicas, baseadas em evidências científicas, de como escolher os melhores produtos agrícolas para o consumo saudável.
Além de orientar a população sobre a melhor maneira de consumir alimentos, sobre a segurança alimentar e sua relação direta com a qualidade de vida do ser humano, a ação visa ressaltar a agricultura sustentável e o manejo responsável do solo e da adubação. A proposta com isso é reforçar a consciência da população sobre a alimentação adequada através do cultivo correto e consciente das plantas.
Por exemplo: uma banana pode até dar água na boca por sua aparência, mas, se tem sua origem de um solo com deficiência de nutrientes, certamente não será igual a outra que foi cuidada com as doses certas de potássio, cálcio e outros elementos indispensáveis ao seu correto desenvolvimento.
Adubação inadequada afeta aparência e qualidade dos alimentos
Os alimentos em exibição no Terminal Jabaquara – EMTU foram especialmente cultivados por estudantes do curso de agronomia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq-USP). Os acadêmicos induziram, sob condições controladas, deficiências de nutrientes nas plantas para demonstrar como a adubação inadequada na agricultura pode afetar a aparência e a qualidade dos alimentos consumidos pela população.
O processo começou há aproximadamente dois meses para que a colheita coincidisse com a prestação de serviço e orientação aos cidadãos. Só para dar exemplos, nas alfaces as deficiências induzidas são de nitrogênio. Nas plantas de rúcula, a carência é de ferro.
O projeto de esclarecimento e conscientização à população é de autoria e execução da Iniciativa Nutrientes para a vida (NPV), cuja missão é esclarecer e informar a sociedade brasileira, com base em estudos científicos, sobre a importância e benefícios das boas técnicas de adubação na produção e qualidade de alimentos.
Este tipo de esclarecimento é essencial, se considerarmos que há muita desinformação sobre o tema. Como dizia uma antiga campanha publicitária, com o manejo adequado da adubação, no Brasil, “adubando, dá”.
Para manter o solo fértil e a alta produtividade de novos cultivos, os nutrientes precisam ser repostos. Os fertilizantes cumprem o papel de alimentar a planta, o que é essencial para o seu desenvolvimento.
Fonte: Iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV), com Redação