Antonela, de 4 anos, sempre foi vegana e isso é natural no seu dia a dia. Se tem dúvidas sobre a origem de algum alimento, a mãe Claiti Cortes esclarece e ela recusa tranquilamente caso seja de origem animal. Grávida, Claiti serve como um exemplo para a filha, que faz sucesso ao aparecer no Instagram da mãe. Hoje, a influenciadora usa as redes sociais para falar sobre veganismo e maternidade de uma forma leve e descomplicada.

Cauê, também de 4 anos, é vegano desde que nasceu, Cauê compreende muito bem o significado desse estilo de vida e é a personificação das novas gerações que adotam hábitos mais conscientes. Certo dia, enquanto caminhava no supermercado com a mãe, pegou um ovo e disse que o devolveria para a galinha.

“Mesmo quando era menor, ele sempre perguntava sobre o ovo, que lhe interessava muito pela aparência, por ser redondo. Ele ficava curioso. Na infância, a criança vai desenvolvendo uma maturidade e entendimento da vida. A gente sempre falava que o ovo não era nosso, que era da galinha, e ele começou a entender isso desde pequeno”, explica sua mãe, Fernanda Vieira. 

“Agora, com 4 anos, ele entende que há pessoas que comem o ovo, mas nós não. Mostramos que respeitamos os animais e tentamos trazer essa conversa de forma não violenta e com leveza, para que ele não julgue os outros. Precisamos ser muito cautelosos, tentamos mostrar que temos nossos privilégios e podemos escolher ser amáveis com os animais’’, relata Fernanda.

Mãe da Antonela enfrentou cultura do consumo de carne e leite

Com mais de 280 mil seguidores no perfil Imaginavegan, no Instagram, a Claiti Cortes, aparece ao lado de Antonela para mostrar receitas fáceis com ingredientes de origem vegetal e inspirar uma mudança positiva. O canal surgiu quando Claiti estava de licença-maternidade e começou a compartilhar algumas receitas nos stories e no feed.

“A ideia era que as pessoas cozinhassem com o que tinham em casa e mostrar que isso não era nada mirabolante. Quando virei vegetariana, encontrava pouco conteúdo e, como moro no interior, não chega muita coisa”, diz Claiti, vegana há aproximadamente 5 anos.

A tradição da carne, ainda forte em muitas regiões, foi um dos fatores que impactaram a sua transição. “Li A política sexual da carne [de Carol J.Adams] e outros livros, mas a transição para o veganismo foi mais demorada porque moro no Sul, em Passo Fundo (RS). Existe toda uma cultura de consumo de carne e leite”, afirma ela que, além do acompanhamento com nutricionista, suplementa a alimentação dela e da filha com vitamina B12.

Mãe do Cauê transformou mudança de hábitos em projeto de vida

Para a mãe do Cauê, o processo foi diferente. Os primeiros passos para a mudança de hábitos foram dados aos 15 anos. Curiosa sobre a origem da carne que consumia, começou a pesquisar sobre o assunto na internet e encontrou muitos dados sobre exploração animal.

Fernanda decidiu deixar de consumir carne vermelha definitivamente depois de assistir um vídeo de abate bovino, mas a transição até o veganismo — que também exclui outros tipos de carne e alimentos de origem animal da dieta, como ovos, leite e mel — ocorreu gradualmente.

Após estudar Zootecnia e realizar um doutorado focado em bem-estar animal, ela se sensibilizou com a forma como os animais eram tratados na indústria de alimentos e decidiu se tornar vegana em 2014.  Restavam-lhe duas opções: abandonar tudo aquilo ou encontrar uma maneira de utilizar esse conhecimento para fazer a diferença.

Fernanda optou pela segunda, começou a atuar como voluntária em movimentos de proteção animal e, hoje, é diretora de Políticas Alimentares e Bem-estar Animal da Sinergia Animal no Brasil — uma organização internacional que trabalha para diminuir o sofrimento de animais na pecuária industrial e reduzir o consumo de carne, ovos e laticínios, promovendo escolhas alimentares mais compassivas.

Desafio vegano digital estimula consumo de alimentos de origem vegetal

Para estimular o contato de pessoas com essa alimentação, a Sinergia Animal criou um desafio vegano digital e oferece todo apoio para que os inscritos deixem de consumir ingredientes de origem animal por 21 dias — com dicas, receitas e orientações gratuitas de nutricionistas. Ao todo, já participaram mais de 150.000 pessoas ao redor do mundo.

Além do projeto online, a mãe do Cauê está à frente do programa Alimentando o Amanhã na Argentina, Colômbia, Tailândia e Indonésia, incentivando escolas e universidades a oferecer um menu vegetal em, no mínimo, um dia na semana.

Embora o programa não seja restrito a jovens, Fernanda observa que são eles quem participam ativamente dos grupos pois têm mais acesso ao conhecimento sobre como a agropecuária causa sofrimento aos animais, os malefícios à saúde humana e ao planeta.

Na escola do seu filho não é diferente. A diretora da Sinergia Animal tem observado as instituições cada vez mais preparadas para abraçar a diversidade, assim como os colegas de Cauê e seus familiares:

“As crianças entendem muito bem e, muitas vezes, quando as famílias vão celebrar o aniversário dos seus filhos, levam opções inclusivas. Ele sempre pergunta o que é vegano e aceita tranquilamente. A escola também me avisa para que eu possa oferecer uma substituição. Uma vez, iam fazer uma atividade culinária na aula e a professora fez questão de fazer um bolo de cenoura vegano”.

A internet tem contribuído para a disseminação do conceito do veganismo, especialmente entre mães. A influenciadora Claiti Cortes diz que é procurada com frequência por outras mães, muitas querendo entender se a dieta vegana é segura durante a gravidez e na introdução alimentar das crianças. A resposta curta é que sim — apesar dos mitos populares, e incorretos, às vezes propagados até por profissionais de saúde pouco familiarizados com o veganismo.

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