Meu filho ainda não anda: será que ele tem algum problema?

Cartilha gratuita, produzida nos EUA, vai auxiliar pais e pediatras na identificação precoce de atrasos do neurodesenvolvimento

Crianças aprendem a andar por volta de 1 ano. Se passar de 1 ano e 7 meses, pode haver algum problema (Foto: Freepik)
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Os cinco primeiros anos de vida das crianças são essenciais para o neurodesenvolvimento pleno do ser humano. Nessa fase, o comportamento da criança oferece pistas importantes sobre a sua saúde no futuro. Um exemplo está no simples ato de ficar em pé e aprender a caminhar. Em geral, uma criança, em qualquer lugar do mundo, começa a andar por volta de um ano de idade. Se ela tem 1 ano e 7 meses ainda não anda, é bom os pais ficarem atentos. O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que lança nesta segunda-feira (26) a Cartilha de Desenvolvimento – 2 meses a 5 anos.

A publicação foi elaborada pelo Center of Disease Control and Prevention (CDC) – ou Centro de Controle e Prevenção de Doenças (em português), uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos que trabalha na proteção da saúde pública e da segurança da população. O conteúdo foi traduzido para o português por pediatras da SBP, em parceria com a Sociedade Paraibana de Pediatria (SPP).

A cartilha é um instrumento didático, com objetivo de informar pediatras, equipes de saúde e de educação, bem como pais e outras pessoas que lidam com crianças, sobre os marcos de desenvolvimento esperados para cada idade. Dessa forma, entendendo o que se deve esperar para cada etapa, as pessoas que estão ao redor poderão estimular a criança. Se detectarem algum atraso, poderão agir o mais cedo possível.

Ao longo de 28 páginas, a publicação divide-se em 12 seções representativas das diferentes faixas etárias da criança: aos 2, 4, 6, 9,12, 15 e 18 meses, além de 2 anos, 30 meses, 3, 4 e 5 anos. A ideia é que os pais marquem o que seus bebês já conseguem fazer e levem o questionário preenchido para conversar com o pediatra e receber as orientações necessárias, durante as consultas de rotina.

Criança é criança em qualquer lugar do mundo

Criança aprendendo a andar (Foto: Freepik)

Apesar de a cartilha ter sido elaborada nos EUA, a questão dos marcos do desenvolvimento é aplicada para crianças de diversas regiões do mundo. À Agência Brasil, a presidente do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da SBP, Liubiana Arantes de Araújo, explicou que o cérebro tem as etapas que já são previamente determinadas pela genética. Uma criança brasileira, por exemplo, tem o mesmo potencial de outra que mora em países desenvolvidos.

“A genética é que vai determinar isso, embora ela seja influenciada pelo ambiente. As pessoas entendendo que, em um ambiente rico de estímulo, trabalhando para uma boa nutrição, para cuidar de evitar problemas de saúde, essa criança pode adquirir o seu pleno potencial de desenvolvimento, independente do país em que nasceu”, esclarece.

Ela dá como exemplo a questão do caminhar entre as crianças. Segundo ela, tanto no Brasil, Estados Unidos, Europa, Ásia, uma criança tem que andar por volta de 1 ano.

“Então,  se ela tem 1 ano e 7 meses e não anda, ela tem um atraso porque o cérebro desenvolve a sua arquitetura da mesma forma, com etapas. É claro que a criança pode andar com 10 meses, 1 ano, 1 ano e dois meses. Tem um intervalo de variação, mas existem limites que são estabelecidos para qualquer criança, independente de onde ela viva. O que a gente entende é que não pode subestimar o potencial de desenvolvimento da criança”, ressaltou  Liubiana.

O que fazer diante de algum atraso ou risco?

Liubiana informou que a ideia é que a cartilha sirva à conscientização dos pediatras de todo o Brasil, para que eles possam entender melhor sobre o desenvolvimento das crianças, saber fazer avaliação, orientar os pais nos casos em que forem identificados atrasos.

A cartilha também vai ajudar os pais e responsáveis a detectar algum problema que os filhos apresentem no desenvolvimento. “Os pais não têm, muitas vezes, um conhecimento e suspeitam que a criança tem um atraso, mas não têm certeza disso. A cartilha ajuda muito os pais a compreenderem o que esperar para cada idade”, ressalta.

Segundo ela, se a criança tem algum atraso ou algum risco, ela necessita de uma avaliação e uma intervenção imediatas. “E, se o meu filho não adquiriu aquela habilidade, o que está acontecendo? Se é um atraso realmente, eu tenho que procurar ajuda, porque eu tenho um guia certo, com referências científicas, baseado em estudos, em pesquisas publicadas, resultante da avaliação de muitas crianças sobre o que, realmente, elas têm que alcançar em cada idade”, afirma a especialista.

Nas próximas semanas, o documento estará disponível no site da SBP para consulta por todos os pais do país, visando garantir informações de qualidade.

Com informações da Agência Brasil

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