Desde o início da pandemia, o país contabiliza 1.412 mortes de mulheres grávidas, com cerca de seis óbitos por dia. A Covid-19 é a principal causa de morte materna no Brasil e uma em cada cinco mulheres morre sem acesso à UTI.

O risco de morte pelo coronavírus é 17 vezes maior na população obstétrica, além da maior chance de desenvolvimento de complicações graves pela doença. Em 2020, o número era de 455 mortes e neste ano, só até junho, o número é de 957 mortes, mais que o dobro do ano passado.

O Estado do Rio tem 180 mil gestantes e puérperas, com 11.800 vacinadas tendo recebido a primeira dose, representando apenas 6,5% dessa população imunizada, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ). Das 137 mortes de mulheres grávidas no Estado do Rio, 57% são negras.

As informações foram apresentadas por Melania Amorim, do Grupo Brasileiro de Estudos de Covid-19 e Gravidez, durante audiência pública conjunta das Comissões de Trabalho, de Saúde e de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), realizada nesta sexta-feira (25/06).

De acordo com a médica e pesquisadora, casos fatais continuam ocorrendo devido à não liberação da vacinação para a população obstétrica. A a deputada Martha Rocha (PDT), que preside a Comissão de Saúde. A recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no mês de maio, de que o imunizante da AstraZeneca não fosse mais aplicada em gestantes, dificultou ainda mais o acesso das mulheres.

A baixa taxa de imunização é agravada pela indicação do Ministério da Saúde pela não adesão à vacinação, indicando que mulheres grávidas não deveriam ser vacinadas, embora a vacinação para esta população já tenha recomendação cientificamente comprovada”, disse Martha.

Para a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), a restrição da vacinação em gestantes e puérperas revela o descaso com a vida das mulheres. “Isso diz muito sobre a questão do corpo da mulher e sobre o direito de tomar uma vacina.

Há tanto desencontro de informação, que em alguns casos é exigido atestado médico à gestante apenas por ela estar grávida, independentemente de comorbidade. Isso impacta principalmente nas mulheres mais vulneráveis que não têm atendimento médico”, pontuou.

Maior acesso à vacina pelas gestantes

Presente na reunião, o subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde (SES/RJ), Mário Sérgio Ribeiro, revelou que, na próxima quarta-feira (30/06), deverá ser publicada uma deliberação flexibilizando o acesso da vacinação às gestantes e puérperas com ou sem comorbidades.

Entendemos a limitação da exigência do parecer médico e isso será flexibilizado para facilitar a cobertura de vacinação neste grupo. Também vamos discutir para incluir na deliberação a utilização do imunizante da Pfizer na segunda dose, contribuindo para que as gestantes tomem a vacina”, comentou.

A deputada Mônica Francisco (PSol), presidente da Comissão de Trabalho, disse que é preciso garantir que campanhas de vacinação focadas nesse grupo sejam ampliadas e que haja postos específicos para esse processo, principalmente no contexto de favelas. Além disso, que haja mais transparência e informação sobre a vacinação neste grupo”, disse.

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