Fortalecimento do sistema imunológico, controle do peso, aumento da memória e concentração são alguns dos benefícios de uma alimentação saudável. Ter o hábito de consumir refeições balanceadas e nutritivas evita o excesso de gordura corporal, que pode levar a outras complicações na saúde, como o surgimento de doenças cardiovasculares e diabetes.
Em um cenário de pandemia, a obesidade e a alta concentração de glicose (açúcar) no sangue são considerados fatores de risco para pacientes que contraem a Covid-19. No final de outubro, o informe epidemiológico da Secretaria de Saúde do Paraná indicou que 32% dos pacientes que morreram por coronavírus tinham o diabetes como fator agravante, e outros 7% tiveram complicações por causa do excesso de peso.
A nutricionista Andressa Troles, da equipe de check up do Hospital Marcelino Champagnat, explica que o diabetes é uma doença crônica caracterizada pela produção insuficiente de insulina que gera um excesso de glicose no sangue e essa disfunção pode ser um agravante e sinal de alerta com a Covid-19. “Pacientes com diabetes não têm mais riscos de contrair Covid-19, mas sim de maior gravidade da doença, caso a glicemia esteja descontrolada”, afirma.
Mas viver com diabetes não significa necessariamente sentir-se privado. As pessoas podem aprender a fazer escolhas adequadas e incluir alimentos que gostam. Segundo a American Diabetes Association (ADA), o segredo é priorizar frutas, vegetais, proteínas magras, alimentos naturais, e evitar gorduras saturadas e alimentos processados.
Uma alimentação equilibrada ajuda a manter o peso adequado, melhora o bem-estar geral e previne complicações relacionada a doença. Para a nutricionista Adriana Stavro, é importante ressaltar que a ingestão de certos alimentos ajuda a prevenir e a controlar a doença.
Adriana Stravo selecionou uma lista de alimentos indispensáveis para quem tem diabetes:
Vegetais de folhas verdes – Os vegetais folhosos verdes são nutritivos e com poucas caloria, ricos em cálcio, potássio, vitamina A, e C. O aumento da ingestão de alimentos ricos em vit C pode ajudar pacientes com DMa reduziro processo inflamatório e o dano celular. Além disso, as folhas verdes são boas fontes dos antioxidantes luteína e zeaxantina. Esses antioxidantes protegem os olhos da degeneração macular e da catarata, que são complicações comuns do DM.
Abacates – Outro alimento que vai ajudar na saúde ocular. O abacate contém luteína e zeaxantina, importantes para a saúde dos olhos. Incluir a fruta na alimentação, ajuda a reduzir o risco de desenvolver degeneração macular relacionada a doença. Além disso a gordura presente na fruta não altera a glicemia. Isso significa que pacientes diabéticos podem se beneficiar com o consumo.
Grãos integrais – Os grãos integrais contêm mais fibras e mais nutrientes que os grãos refinados. Comer mais fibras é importante, pois retardam o processo de digestão. Uma absorção mais lenta ajuda a manter estáveis os níveis de glicemia. Bons exemplos de grãos integrais são, o arroz integral, pão integral, macarrão integral, trigo sarraceno, quinoa, chia, painço, e centeio.
Peixe – Peixes gordurosos são um complemento saudável a qualquer dieta, pois são fonte de ômega-3, chamados de ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), importantes para a saúde do coração e do cérebro. Uma alimentação rica em gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, pode melhorar o controle do açúcar e dos lipídios no sangue. Peixes fonte de EPA e DHA são osalmão, a cavalinha, a sardinhas, e o atum.
Ovos – Os ovos diminuem a inflamação, melhoram a sensibilidade à insulina, aumentam os níveis de colesterol HDL (bom), e modificam o tamanho e a forma do colesterol LDL (mau). Além disso, os ovos são uma boa fonte de luteína e zeaxantina, antioxidantes que fornecem proteção contra doenças oculares.
Feijão – Os feijões são baratos, nutritivos e super saudáveis.O feijão é um tipo de leguminosa rica em vitaminas B, minerais (cálcio, potássio e magnésio) e fibras.Eles também têm um índice glicêmico muito baixo , o que é importante para o controle do diabetes. Comer feijão também ajuda na perda de peso, regula a pressão arterial e diminui o colesterol. Há uma grande variedade de grãos, incluindo, feijão vermelho, carioca, pretos, Adzuki e moyashi. Esses grãos também contêm nutrientes importantes, incluindo ferro, potássio e magnésio.
Nozes – Assim como os peixes, as nozes contêm ácidos graxos saudáveis que ajudam a manter o coração saudável. São ricas em ômega-3, chamados de ácido alfa-lipóico (ALA). Pessoas com diabetes podem ter um risco maior de doenças cardíacas ou derrame , por isso é importante obter esses ácidos graxos por meio da dieta. “Um estudo publicado em 2018 sobre associação entre o consumo de nozes e o risco de DM, sugeriu que comer nozes está relacionado a uma menor incidência de diabetes bem como glicemia de jejum reduzida”, ressalta Adriana.
Frutas cítricas – Comer frutas cítricas é uma ótima maneira de obter vitaminas e minerais. Alguns pesquisadores acreditam que dois antioxidantes chamados hesperidina e naringina, são responsáveis pelos efeitos antidiabéticos das laranjas. As frutas cítricas também são uma ótima fonte de: vitamina C, folato e potássio.
Frutas vermelhas – São ricas em antioxidantes conhecidos como antocianinas, que lhes dão sua cor vermelha. As antocianinas melhoram o açúcar no sangue e os fatores de risco de doenças cardíacas para pessoas com DM2. Os antioxidantes também podem prevenir o estresse oxidativo (EO), que ocorre quando há um desequilíbrio entre antioxidantes e moléculas instáveis chamadas radicais livres. O EO está relacionado a algumas condições de saúde, incluindo problemas cardíacos e alguns tipos de câncer. “Estudos mostraram níveis crônicos de EO em pessoas com DM. Por isso o consumo de mirtilos, amoras, morangos e framboesas para estes pacientes é importante”, acrescenta a nutricionista.
Alimentos probióticos – São encontradas em certos alimentos ou suplementos, e podem fornecer diversos benefícios à saúde. Um estudo de 2013 sobre a função das bactérias intestinais na saúde e na doença confirma que, uma microbiota saudável pode ajudar nas funções do sistema imunológico, tratar doenças gastrointestinais, auxiliar na redução do colesterol LDL (ruim) e no aumento do HDL (bom), e diminuição dos triglicerídeos, além de ajudar a tratar a obesidade, entre outros benefícios.
Os alimentos probióticos que naturalmente contêm bactérias úteis, são o chucrute, o kombuchá, kefir, alguns tipos de picles (não pasteurizados), vegetais em conserva (não pasteurizados), e alguns tipos de iogurtes. Os probióticos também podem ser encontrados em suplementos em forma de comprimidos, pós ou líquidos.
Sementes de chia – As pessoas costumam chamar as sementes de chia de superalimento devido ao alto teor de antioxidantes e ômega-3. Elas também são uma boa fonte de proteínas e fibras vegetais. As sementes de chia podem ajudá-lo a atingir um peso saudável, pois as fibras reduzem a fome além de manter o controle glicêmico.
Segredos para uma boa dieta
Além do combate à obesidade e ao diabetes, uma refeição nutritiva traz benefícios para a saúde como um todo, melhorando a qualidade do sono, disposição e concentração. Para estabelecer uma boa dieta, a nutricionista Andressa Troles dá algumas dicas de como começar:
– Fazer trocas saudáveis – a bolacha pela fruta com granola, cookies integrais, iogurte natural, por exemplo
– Aumentar o consumo de frutas e verduras ao dia, entre 3 e 5 porções
– Troque tudo o que tem farinha branca pela integral (pães, bolachas, macarrão, arroz)
– Acrescente ovos mexidos, frutas, aveia, granola no café da manhã e lanches intermediários
– Adicione oleaginosas (castanhas) e sementes na alimentação
– Não tem tempo pra cozinhar? Organize para ir à feira ou ao supermercado no fim de semana. Cozinhe marmitas para a semana toda (frango desfiado, carne moída, arroz integral, legumes diversos, sopas) e congele para ir consumindo na semana
– Não quer ter trabalho com o preparo? Ao invés de fast food, opte pelas marmitas fitness.
Mais sobre o Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus (DM) é uma condição de origem multifatorial, incluindo fatores genéticos e ambientais. É uma doença crônica que atingiu proporções epidêmicas entre adultos e crianças em todo o mundo. De acordo com o relatório publicado pela Federação Internacional de Diabetes (FID) em 2013, sobre a prevalência global de DM entre adultos (20-79 anos) foi de 8,3% (382 milhões) e o número deve aumentar para mais de 592 milhões de pessoas até 2035, com estimativa global de 10,1%.
O DM é uma epidemia global e o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países com o maior número de casos, atrás de China, Índia e Estados Unidos. No Brasil, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 16 milhões de brasileiros sofrem da doença. Ainda de acordo com o estudo, a taxa de incidência cresceu 61,8% nos últimos dez anos. O Rio de Janeiro (RJ) aparece como a capital brasileira com maior prevalência de diagnóstico médico, com 10.4 casos a cada 100 mil habitantes.
Existem diferentes tipos de DM, incluindo pré-diabetes, DM1, DM2 e diabetes gestacional. Os tipos mais comuns são pré-diabetes e DM2, que são amplamente influenciados pelo excesso de gordura corporal, dieta inadequada e sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
O DM2, antes denominado uma doença de início na idade adulta, atinge números cada vez mais preocupantes. Ainda mais alarmante, atualmente está crescendo entre adolescentes e crianças. Com o aumento das taxas de sobre peso e obesidade infantil, a DM2está se tornando comum entre os jovens.
O DM não controlado causa distúrbios vasculares como retinopatia (cegueira), nefropatia (doença renal do diabetes), doença vascular periférica (DVP), amputações, e acidente vascular cerebral (AVC). O DM também afeta o músculo cardíaco, causando insuficiência cardíaca sistólica e diastólica. É importante ressaltar que as complicações cardiovasculares são a principal causa de morbidade e mortalidade nesses pacientes.
Com Assessorias
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