A Síndrome de Down é uma das principais causas da deficiência intelectual. Estimativa da instituição norte-americana National Down Syndrome Society (NDSS) aponta que duas milhões de pessoas tenham esta condição em todo o mundo. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, é possível ajudar essas pessoas a se desenvolver e se integrar à sociedade, mesmo quando diagnosticadas já na fase adulta.

Para a mestre em Psicologia e diretora do Censa Betim, Natália Costa, quanto mais cedo for feita a intervenção, maiores as possibilidades de desenvolvimento e consequentemente de inclusão social. Mas a intervenção é importantíssima em qualquer fase da vida, a partir de estratégias laborativas, de atividades socializantes, pedagógicas, recreativas e atividades esportivas.

O desafio é montar um esquema de intervenção efetivo para que a pessoa com Síndrome de Down possa adquirir independência nas atividades diárias e, consequentemente, ocupar o seu espaço na sociedade. Quando isso não acontece na infância e na adolescência, é preciso fazer essa intervenção na fase adulta”, comenta.

Pessoas com deficiência ocupam só 2% a 5% das vagas de trabalho

No Brasil, a Lei nº 8.213/91, também conhecida como Lei das Cotas, determina que indivíduos com deficiência, incluindo a Síndrome de Down, ocupem pelo menos de 2% a 5% do quadro de companhias com cerca de 100 colaboradores ou mais.

A psicóloga Cíntia Santos, coordenadora de projetos do Instituto Ester Assumpção, afirma que a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho ainda é vista por diversas empresas apenas como uma obrigação legal. “Nosso desafio diário é mostrar aos gestores das organizações o potencial produtivo do nosso público, do qual as pessoas com Síndrome de Down também fazem parte”, explica a especialista.

Para Cíntia, a sociedade avançou muito no sentido de promover a inclusão, mas ainda há muito o que ser feito. “Ter indivíduos com Síndrome de Down no quadro funcional é positivo não apenas para empregados, mas também para as organizações”, afirma ela.

Para empregar e integrar pessoas com deficiência, as empresas têm que planejar ações inclusivas para além da legislação vigente. As empresas pecam em não perceber o valor produtivo das pessoas com deficiência, tratando a contratação como uma mera obrigação legal”, aponta a psicóloga.

Intervenção em adultos acima de 40 anos também é possível

O Censa Betim, em Minas Gerais, atua há mais 56 anos como referência nacional no atendimento a pessoas com deficiência intelectual. Além de oferecer suporte aos educandos e suas famílias, a instituição atua ativamente pelos direitos e bem-estar dos indivíduos com a condição. O foco são pessoas que nunca tiveram intervenção precoce, e hoje estão na faixa de 40, 50 e até 60 anos de idade.

Natália Costa, psicóloga e diretora do Censa Betim (MG) – Foto: Divulgação

O Censa trabalha com pessoas com diagnósticos considerados complexos e advindos de todo o território brasileiro. Segundo a diretora, a intervenção é realizada por uma equipe transdisciplinar composta por psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta, pedagogo, nutricionista, enfermeira, professores, monitores e cuidadores.

Por isso, o Censa Betim é considerado um agente importante em todo esse processo de inclusão social do indivíduo com Síndrome de Down. A intervenção com esses indivíduos proporciona sempre bons resultados, que refletem na qualidade de vida do educando e de suas famílias”, completa a psicóloga.

Empresários podem ter acesso a banco de talentos

Para que a inclusão seja eficaz, a especialistadestaca que um dos maiores desafios dos empregadores é engajar os demais colaboradores para que seja criado um ambiente propício. “A inclusão demanda a participação de todos os setores, desde a portaria à diretoria. Obviamente, ainda observamos a reprodução de paradigmas capacitistas, que focam apenas nos tipos de deficiência que se ajustam a realidade da empresa, sem a necessidade de qualquer adaptação. Infelizmente, o que vemos hoje, são que as empresas focam mais nos ‘tipos de deficiência’ do que no ‘perfil do profissional’ que desejam contratar”, salienta.

Para promover a acessibilidade e atuar como elo entre empresas e pessoas com deficiência, uma plataforma on-line totalmente acessível está em desenvolvimento. “Queremos aumentar o nosso banco de talentos e mostrar para as empresas que temos profissionais competentes e que podem contribuir e muito para o crescimento das organizações. Por isso, lançaremos a primeira interface totalmente adequada a pessoas com deficiência. Acreditamos que este é um grande passo para fomentar ainda mais a inserção destes indivíduos no mercado de trabalho”, finaliza a psicóloga.

Dia Internacional da Síndrome de Down

Com o objetivo de aumentar a conscientização e criar uma voz global única para defender os direitos, inclusão e bem-estar de indivíduos com a condição, o dia 21 de março foi instituído como o Dia Internacional da Síndrome de Down. O intuito é chamar a atenção da sociedade para a importância da inclusão e, além disso, promover a discussão de alternativas para aumentar a visibilidade social,.

A data é celebrada por instituições como o Instituto Ester Assumpção, que que possui ações voltadas para a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e na sociedade em geral desde 1987. A entidade tem entre as suas atribuições ser um elo entre as oportunidades de trabalho e candidatos com deficiência. Para Natália Costa, a data é importante também para a conscientização dos empresários.

Como identificar – Mesmo sendo uma síndrome genética, tanto a sintomatologia quanto a gravidade são diferentes em cada indivíduo com o mesmo diagnóstico. O diagnóstico é relativamente fácil, pois além de um marcador biológico, as pessoas possuem características físicas semelhantes, que podem ser mais ou menos intensas, como: olhos puxados, pescoço largo e alado, baixa estatura e língua protusa.

Saiba mais sobre as instituições

Censa Betim – Fundado em 1964, o Censa Betim é referência nacional nos cuidados a pessoas com deficiência intelectual, associada ou não a outros transtornos, e da sua família, assegurando-lhes qualidade de vida e uma educação socializadora. A instituição conta com uma equipe transdisciplinar, composta por profissionais da medicina, psicologia, psiquiatria, além de cuidadores e educadores. Se destaca por oferecer uma proposta diferenciada, com atividades esportivas e recreativas, escolaridade especial, equitação e oficinas de música, teatro e artesanato, em um ambiente familiar e integrado à natureza.


Instituto Ester Assumpção
– Fundado no ano de 1987, o Instituto Ester Assumpção é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos criada por Ester Assumpção, educadora nacionalmente conhecida pelo caráter pioneiro e inovador no campo da educação. A instituição atua no campo da inclusão da pessoa com deficiência e tem como foco contribuir para a construção de uma sociedade mais inclusiva, onde a diversidade seja aceita e respeitada na sua integralidade. As principais frentes de atuação são a qualificação e inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e a consultoria para que as organizações se adequem e cumpram o papel social de promover a inclusão.

Com Assessorias

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