De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que, para o triênio de 2023 a 2025, ocorrerão 220 mil novos casos de câncer de pele não melanoma, levando 2,9 mil pessoas à óbito. Já o câncer de pele melanoma, o mais grave, corresponde a 4% dos tumores no órgão e possui uma maior capacidade de disseminação da doença para outros órgãos, as chamadas metástases, e falecimento.
A campanha Dezembro Laranja foi instituída pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com o objetivo de aumentar a prevenção e a detecção precoce do câncer no maior órgão do corpo humano, a pele.
Associado principalmente à exposição excessiva e desprotegida aos raios ultravioleta (UV) do sol, o câncer de pele também inclui fatores genéticos e imunológicos que podem desempenhar um papel crucial no seu desenvolvimento.
Porém, como é possível se proteger? Além da proteção solar diária, inclusive para os lábios, é importante evitar a exposição solar no período dos raios mais intensos (10h às 16h), assim como utilizar barreiras físicas, como bonés, camisetas e óculos escuros.
O Brasil é um país tropical e enfrenta altos níveis de exposição solar ao longo do ano. Estar em contato com a luz do sol é crucial para a saúde e o bem-estar. No entanto, o equilíbrio é fundamental para manter essa relação saudável.
A exposição excessiva e inadequada está intimamente relacionada ao surgimento do câncer de pele, uma condição caracterizada pelo crescimento anormal e descontrolado das células desta região do corpo, e que pode ser de dois tipos:
- Câncer de pele não melanoma
É provocado pelo crescimento anormal e descontrolado das células que compõem a pele. Entre os tumores de pele, é o mais frequente e de menor mortalidade, mas se for tratado tardiamente pode resultar em ressecções amplas e disfunção estética.
Esse câncer de pele é representado por tumores de diferentes tipos, sendo os mais comuns o carcinoma basocelular, que é o menos agressivo, e que tem origem nas células presentes na camada mais profunda da epiderme (camada interna da pele) e o carcinoma epidermóide (ou espinocelular), que atinge as células escamosas, formadoras das camadas superiores da pele e que possuem uma agressividade intermediária.
- Câncer de pele melanoma
Tem origem nas células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele. Ele é mais frequente em adultos brancos e pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais, sobretudo nas áreas mais expostas à radiação solar, como braços, pernas, pescoço, rosto, colo e mãos.
Nos indivíduos de pele preta, ele é mais comum nas áreas mais claras do corpo, como palmas das mãos, plantas dos pés e unhas. É considerado o tipo de câncer de pele mais agressivo e letal, por ter grande chance de metástase, mais comuns no pulmão, cérebro, fígado, ossos e abdômen. Contudo, o prognóstico pode ser considerado bom quando detectado em sua fase inicial.
É importante estar atento aos sinais de alerta que podem indicar um possível câncer de pele, tais como alterações na cor, tamanho, forma ou textura de pintas, manchas ou lesões na pele. Consultar regularmente um dermatologista é fundamental para a detecção precoce e tratamento eficaz.
Independente do tom da pele todos podem ser atingidos pela doença
A exposição prolongada e repetida ao sol aumenta o risco para o câncer de pele, especialmente entre as pessoas que possuem pele clara, olhos claros, cabelos ruivos ou loiros, ou que são albinas, porém é um mito dizer que pessoas de pele preta não são atingidas pela doença. A Dra. Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil, esclarece que os cuidados devem continuar.
“Todos, independentemente da cor da pele, precisam se prevenir, usar protetor solar e ter acompanhamento médico regular. Um diagnóstico tardio da doença pode minimizar as chances de sucesso no tratamento”, afirma a médica.
Além disso, existem outros fatores de risco, que incluem, por exemplo, histórico familiar, doenças de pele prévias, sistema imune debilitado e exposição à radiação artificial.
Diagnóstico precoce contribui para um tratamento eficaz
Grandes avanços aconteceram nas últimas duas décadas no tratamento e isso fez com que aumentassem as chances de sobrevida, inclusive em pacientes com a doença disseminada. Esse avanço, mais recentemente, trouxe o tratamento com imunoterapia e terapias-alvo, adicionais a cirurgia, aumentando as chances de cura, ainda nos estágios mais iniciais da doença.
Dra. Márcia reforça que “a detecção precoce é fundamental para um prognóstico favorável. Com o diagnóstico nos estágios iniciais da doença e tratamento adequado, as chances de cura são significativamente maiores”, explica.
Além disso, novas abordagens de tratamento estão sendo estudadas, como a terapia inovadora individualizada de neoantigenos, cujo o estudo, já em fase 3, está direcionado para pessoas que já foram diagnosticadas com câncer de pele previamente, e que tem como objetivo a prevenção da recaída do tumor.
Em dezembro e em todos os meses do ano, mesmo nos mais frios, precisamos lembrar de cuidar e proteger a nossa pele, inclusive nas partes do corpo que não costumamos ver, como couro cabeludo e costas. Por nossa saúde e bem-estar, devemos estar atentos aos sinais e fazer um acompanhamento médico”, finaliza dra. Márcia.