O verão chega oficialmente neste domingo (21 de dezembro), mas nas últimas semanas o calor extremo em boa parte do país acende um alerta importante para  o câncer de pele, o tipo mais frequente no Brasil  Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma que representa cerca de 30% de todos os casos. Apesar da baixa letalidade, a incidência deste tipo preocupa, por isso a prevenção é tão importante.
Apesar do alto índice de cura na maioria dos casos, quando diagnosticados precocemente, a principal arma contra o câncer de pele continua sendo a prevenção, como orienta a campanha Dezembro Laranja. O uso diário de protetor solar com FPS 30 ou superior, a reaplicação ao longo do dia, a adoção de barreiras físicas — como roupas, chapéus e óculos escuros — e a não exposição ao sol entre 10h e 16h são medidas fundamentais.
O autoexame regular da pele e as consultas periódicas ao dermatologista completam essa estratégia. Para além desses cuidados, recomendados pelos dermatologistas e oncologistas, os nutricionistas alertam que a prevenção também pode estar no prato. Segundo Anete Mecenas, nutricionista e professora da Estácio, as pessoas podem fortalecer suas peles contra os danos causados pela radiação ultravioleta (UV) por meio de uma alimentação saudável.
Os antioxidantes reduzem o estresse oxidativo gerado pelo sol, por exemplo, os alimentos ricos em carotenoides, como a cenoura, a abóbora, a manga e o tomate. Na visão da especialista, eles aumentam a fotoproteção natural da pele, pois se acumulam na epiderme e neutralizam radicais livres.
De acordo com a nutricionista, as frutas vermelhas, o chá verde e o cacau também são fortes aliados contra o câncer de pele, porque fornecem polifenóis, que modulam a resposta inflamatória e reforçam as defesas antioxidantes cutâneas.  
A alimentação contribui muito para uma pele mais resistente aos efeitos do sol e pode auxiliar na prevenção do câncer de pele quando associada a hábitos de exposição segura. Antes de pegar sol e em caso de dúvida sobre problemas / manchas na pele é recomendável procurar um dermatologista”, afirma Anete Mecena.

Atenção redobrada com o aquecimento global

 

Termômetros registram temperaturas elevadas em todo o país (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
A médica e professora Amanda Tauana, do Instituto de Educação Médica (IDOMED), enfatiza que os cuidados com a pele são essencialmente quanto ao uso da hidratação e da proteção solar. “Quando falamos de proteção solar, não falamos apenas do protetor solar químico, mas também da proteção física: a utilização de chapéu, boné, blusa de proteção solar”, pontua.
Ela ainda destaca que, em um Estado como o Rio de Janeiro, onde o calor é intenso, a atenção deve ser redobrada, principalmente diante do aumento da exposição solar associado ao aquecimento global. “Quanto maior a quantidade de exposição solar, maior a incidência dos raios solares e a probabilidade de desenvolver o câncer de pele no futuro é maior. Então os cariocas/fluminenses devem ter esse cuidado”, reforça a médica Amanda.
O alerta principal da campanha é para qualquer lesão na pele que apresente sinais como sangramento fácil, dificuldade de cicatrização, aumento de tamanho ou alterações na coloração. Diante desses sinais de alerta, a recomendação é buscar um especialista para um diagnóstico adequado.
Para aqueles com fatores de risco adicionais, como pele clara, olhos claros, muitos sinais na pele ou histórico familiar de câncer, a prevenção deve ocorrer pelo menos duas vezes ao ano. Já para aqueles com menos fatores de risco, uma avaliação anual ou bianual é recomendada.
Amanda Tauana enfatiza que, ao identificar um câncer de pele, o tratamento primário é a cirurgia. A eficácia do procedimento dependerá do estágio do diagnóstico, sendo que diagnósticos precoces aumentam significativamente as chances de um tratamento curativo sem a necessidade de ações adicionais.
Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de tratamento curativo”, completa a médica. A prevenção e a atenção aos sinais da pele são fundamentais para preservar a saúde e a qualidade de vida.

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Mitos ainda atrasam o diagnóstico do câncer de pele

Apesar da alta incidência, a doença ainda é cercada por desinformação, o que dificulta a prevenção e faz com que muitos casos sejam diagnosticados em fases mais avançadas. Entre os mitos mais comuns está a ideia de que pessoas pretas e pardas não desenvolvem câncer de pele. De acordo com a oncologista Nadia Yumi Hatamoto, médica do Instituto de Oncologia de Sorocaba (IOS), isso não corresponde à realidade.

Embora tenham menor risco, pessoas pretas e pardas também podem apresentar a doença, incluindo o melanoma acral, que surge em regiões como palmas das mãos, plantas dos pés e unhas“, explica.

Outro equívoco frequente é associar o risco apenas à praia ou ao verão. Na prática, a maior parte da exposição solar acontece no dia a dia, em deslocamentos curtos, atividades profissionais e tarefas rotineiras ao ar livre.

Também não é verdade que o protetor solar aplicado apenas uma vez ao dia seja suficiente ou que apenas lesões dolorosas indiquem perigo. De acordo com a especialista, a maioria dos melanomas não dói e seu principal sinal de alerta é a mudança visual.

Conheça os principais grupos de risco

  • Alguns grupos populacionais exigem atenção redobrada. Pessoas de pele clara, olhos claros e cabelos claros possuem menos melanina, que funciona como uma proteção natural contra a radiação ultravioleta.
  • Trabalhadores que passam longos períodos sob o sol, como agricultores, pescadores, pedreiros, entregadores e profissionais do trânsito, acumulam exposição intensa ao longo da vida.
  • Também fazem parte do grupo de maior risco pessoas com muitas pintas, histórico pessoal ou familiar de câncer de pele, indivíduos imunossuprimidos e aqueles que já utilizaram câmaras de bronzeamento artificial.

É preciso estar atento aos sinais

De acordo com a oncologista, existem diferentes tipos de câncer de pele, com comportamentos distintos. O carcinoma basocelular é o mais comum e geralmente cresce lentamente. O carcinoma espinocelular é mais agressivo e pode se espalhar, sobretudo em pessoas imunossuprimidas. Já o melanoma, embora menos frequente, é o mais letal devido à sua rápida capacidade de crescimento e disseminação.

O reconhecimento precoce das lesões é determinante para o sucesso do tratamento. No caso do melanoma, especialistas utilizam a regra do ABCDE, que avalia assimetria, bordas irregulares, cores variadas, diâmetro acima de 6 milímetros e evolução da lesão. Já outros tipos de câncer de pele apresentam sinais distintos, como feridas que não cicatrizam, lesões peroladas ou áreas ásperas com crostas persistentes.

Toda lesão nova, que muda ou que não cicatriza merece avaliação dermatológica”, alerta Dra. Nadia.

O impacto do diagnóstico precoce é direto no prognóstico. Lesões iniciais costumam ter altas taxas de cura e tratamentos menos invasivos. Em contrapartida, tumores avançados, especialmente o melanoma, apresentam maior risco de metástase e podem exigir terapias mais complexas.

Diferentes formas de tratamento

O tratamento depende do tipo e do estágio da doença. A cirurgia é a abordagem mais utilizada, podendo variar de uma excisão simples à cirurgia micrográfica de Mohs, indicada principalmente para áreas delicadas do rosto.

Em alguns casos, também são empregados tratamentos não cirúrgicos, como crioterapia, terapia fotodinâmica e medicamentos tópicos. Nos estágios avançados, a imunoterapia e as terapias-alvo têm transformado o cenário do melanoma, ampliando significativamente a sobrevida dos pacientes.

Com Assessorias

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