Como tudo na vida, é necessário tempo hábil para adaptação – o que não foi possível com a pandemia. Por isso tem sido ainda mais importante e necessário ampliar o debate e os conhecimentos sobre as possíveis formas de controlar o estresse dos profissionais que não tiveram tempo ou estão tendo dificuldades para se adaptar à nova realidade.
Desde o ano passado, a Organização Mundial da Saúde incluiu o burnout, que segundo especialistas é considerado o nível mais exacerbado do estresse, em sua lista de doenças relacionadas ao trabalho. Segundo pesquisa da Isma-BR (representante da International Stress Management Association), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela ocasionada pelo estresse. Desse total, 32% sofreriam de burnout.
Se antes da pandemia esses números já eram alarmantes, o que pensar deles neste período de incertezas que estamos vivenciando?
Justamente devido ao momento, a atenção ao gerenciamento do estresse se faz fundamental agora, e o líder precisa estar atento também durante o trabalho remoto, para evitar problemas futuros e prejuízos aos profissionais de sua equipe.
Mas, como identificar se um colaborador está estressado? Além de estar presente (mesmo remotamente) no dia a dia deste, e você pode fazer isto mantendo suas reuniões 1:1, você pode também, se valer de instrumentos psicométricos para apoiá-lo no entendimento deste membro do seu time. A seguir duas soluções que podem contribuir.
Medir comportamentos é uma forma de conhecer melhor as pessoas da equipe para dar o apoio necessário sempre que algo estiver fora da normalidade. O comportamento observável obtido através da Análise de Perfil Pessoal (PPA) pode contribuir muito, pois ele fornece uma visão de como as pessoas se comportam no trabalho e com que conforto ou desconforto cada um executa as atividades do dia a dia. E hoje estas atividades são executadas em um ambiente e com uma agenda bastante diferentes.
Assim podemos identificar na análise comportamental das pessoas os seguintes comportamentos: se estão mais cautelosas com a mudança e se sentem ameaçadas; se estão sob pressão, se adotam uma postura mais reservada e focada; se estão perdendo a confiança interior e a capacidade de persuasão; se apresentam dificuldades para se auto motivar e se estão necessitando de fatores externos para isso.
Outro instrumento que pode contribuir para o entendimento desta equipe é o relatório de inteligência emocional (TEIQue), que por si só já nos mostra como uma pessoa gerencia suas próprias emoções e a dos outros. E na leitura de dois dos 15 traços analisados neste instrumento, automotivação e autoestima, podemos verificar, por exemplo, a proatividade dos profissionais do time.
E é importante ressaltarmos que medir a proatividade pode nos ajudar a responder a pergunta: o quão proativo você é e persevera em tempos difíceis?
Cabe ao líder, diante desses dados obtidos com os instrumentos, apoiar seus profissionais para serem mais proativos ao lidar com o estresse e, diante das incertezas, incentivar uma mudança na maneira como eles lidam com questões que estão fora de controle.
Em resumo, se você preza pela felicidade e o bem-estar geral de sua equipe, pode adotar em seu dia a dia as seguintes estratégias: conheça bem cada um de seus profissionais; dê o exemplo no que se refere a hábitos de trabalho saudáveis; analise cargas de trabalho, deveres e responsabilidades; reflita sobre seu próprio estilo de gerenciamento; desencoraje o “presenteísmo” em sua equipe; e gerencie a saúde mental de seus colaboradores enquanto trabalha remotamente.
Pode parecer difícil conhecer cada um dos profissionais de sua equipe e as demandas impostas às suas rotinas no trabalho remoto, mas não é. Atualmente existem ferramentas que fazem isso por você, basta estar aberto e disposto a entender como cada integrante de seu time está lidando com a nova realidade. E lembre-se: o mais importante é a felicidade e o bem-estar do funcionário, porque quem trabalha feliz traz prosperidade a qualquer negócio.
Valéria Pimenta – Pedagoga com MBA em Gestão Comercial e diretora da Thomas Brasil.