Em estudo publicado por cientistas que coordenam o Global Carbon Project, por meio da revista científica Earth System Science Data, a temperatura média da atmosfera do planeta pode se tornar 1,5ºC mais quente em nove anos. A possibilidade de ocorrer é de 50%, principalmente se as emissões globais de CO2 mantiverem-se nos níveis de 2022. No Brasil, o assunto ganhou ainda mais relevância por ser pauta do novo Governo Federal, que vem defendendo práticas sustentáveis.

Neste sábado, 22 de abril, é comemorado o Dia Internacional da Terra. Para entender como está o interesse da população sobre as principais questões ambientais enfrentadas pelo planeta, a Semrush, plataforma de gerenciamento de visibilidade online, produziu um estudo que analisa quais foram os termos mais pesquisados na internet, além do desempenho de sites de marcas e organizações que lutam pela causa sustentável.

De acordo com a pesquisa, entre janeiro de 2020 e janeiro de 2023, a preocupação da população mundial com o bem-estar das florestas aumentou notavelmente. As buscas globais pelo termo “10 maneiras de parar o desmatamento” cresceram 1.995,2% durante o período, enquanto isso, “5 maneiras de prevenir a erosão do solo” aumentou 504,2%“quais são os 5 efeitos do desmatamento” registrou um aumento de 260,0% e “como o desmatamento afeta o meio ambiente” aumentou 229,5%.

Mas não é apenas o bem-estar das florestas que preocupa a população mundial, os oceanos, a perda da biodiversidade, questões energéticas e ligadas ao aquecimento global também registraram aumento de pesquisas na internet. Segundo a Semrush, as buscas por “a energia nuclear é renovável ou não renovável” aumentou 1.257,1%“como o aquecimento global afeta o meio ambiente” aumentou 1.081,8%“insetos estão sendo extintos” aumentaram 950%“efeito da pesca no meio ambiente” aumentou em 540% e “as espécies que provavelmente se tornarão ameaçadas de extinção” aumentou em 450%

Durante o estudo, a Semrush também analisou quais foram os  nomes de ativistas mais pesquisados pela população. São eles: 1. Greta Thunberg (1,833,921), 2. David Attenborough (712,658), 3. Alex Silva (18,124), 4. Isra Hirsi (13,216) e 5. Leah Thomas (11,852). Sobre os documentários que discutem a causa que foram mais buscados na internet, estão: 1. Seaspiracy (179,437), 2. My Octopus Teacher (176,682), 3. Blackfish (175,263), 4. Our Planet (62,682) e 5. Cowspiracy (58,658).

“A preocupação da população vai além de pesquisas rápidas na internet. As pessoas querem assistir a documentários, procurar por ativistas que lutam pela causa e entender melhor sobre o que está acontecendo com o mundo em que vivemos”, analisa Casagrande.

Para entender o quanto as pessoas estão engajadas com questões ambientais, a Semrush também avaliou as buscas na internet por organizações sem fins lucrativos: 1. Peta (603,105), 2. WWF (603,000), 3. Greenpeace (334,079), 4. Eden Projects (150,776) e Oceana (71,711). O tráfego dos sites das organizações mais visitadas tiveram algumas alterações: 1. peta.org (3,374,063), 2. worldwildlife.org (2,549,062), 3. audubon.org (2,339,384), 4. nrdc.org (1,332,559) e 5. sierraclub.org (1,254,879).

Mas como a população está consumindo a moda? 

Sabemos que a moda é uma das indústrias que mais colaboram com a devastação do meio ambiente. Durante o estudo, a plataforma de gerenciamento de visibilidade online notou que as pesquisas por “brechós abertos perto de mim” aumentaram 235,2% nos últimos três anos.

As marcas de moda sustentável mais pesquisadas nos últimos três anos foram: 1. Patagonia (3,030,263), 2. Reformation (896,316), 3. Everlane (515,447), 4. Allbirds (386,263) e 5. Rothys (259,000). O tráfego dos sites das empresas mais visitadas tiveram poucas alterações: 1 . patagonia.com (5,866,565 visits), 2. everlane.com (2,430,060 visits), 3. thereformation.com (1,699,958 visits), 4. allbirds.com (1,542,202 visits) e 5. rothys.com (828,229 visits)

Apesar dos números serem altos, a comparação com as buscas por marcas fast fashion não é tão otimista. As buscas pelo nome da gigante chinesa, Shein, por exemplo, aumentaram 308.8% no mesmo período e a empresa colecionou 44.365.789 de pesquisas, quase dez vezes mais do que as 5 marcas sustentáveis mais pesquisadas registraram juntas.

No ranking de fast fashion, ainda estão a Zara, com 30.878.947 de buscas, a H&M (21.694.737), Manga (10.648.947) e Bershka (9.358.421). Em relação ao tráfego dos sites, a shein.com continua em primeiro lugar, com 100,659,638, seguida da hm.com (81,751,243 visits), zara.com (58,988,437 visits), uniqlo.com (43,858,179 visits) e gap.com (43,840,871 visits).

“Com o aumento das pesquisas na internet sobre os variados temas que envolvem o meio ambiente, podemos afirmar que a população está ciente e preocupada com o futuro. É verdade que as pessoas estão interessadas em entender o que está acontecendo com o mundo e buscam por soluções sustentáveis na internet, entretanto, o consumo e as práticas da população continuam os mesmos. Para que haja uma mudança real, é preciso que o comportamento também mude”, explica Erich Casagrande, da Semrush no Brasil.

Impactos da indústria da beleza no planeta

A data é um convite a refletir sobre a importância de preservar o nosso planeta e cuidar do meio ambiente. Um tema importante que deve ser abordado são os impactos que a indústria da beleza causa ao planeta.  A busca por uma pele perfeita e saudável não precisa custar o meio ambiente e o futuro do nosso planeta. E é aqui que entra o conceito de clean beauty.

A indústria da beleza é uma das mais poluentes do mundo, principalmente devido às embalagens plásticas que muitas vezes não são recicláveis. Ao adotar o clean beauty, estamos escolhendo produtos que são produzidos de forma mais consciente e sustentável, utilizando embalagens biodegradáveis e recicláveis, além de ingredientes que não agridem o meio ambiente.

Hoje temos um mercado de clean beauty em crescimento e marcas que são grande destaque, como BiossanceRose Inc e CARE Natural Beauty, têm revolucionado com produtos que cuidam da saúde da pele e do meio ambiente, usando ciência e tecnologia como aliados.

Produtos limpos, por exemplo, são formulados com ingredientes naturais e orgânicos, o que os torna mais seguros para o meio ambiente. Por serembiodegradáveis e não deixam resíduos nocivos nos corpos d’água, eles se tornam uma opção mais sustentável para os consumidores que desejam cuidar de si mesmos e do meio ambiente.

Por isso, no Dia Internacional da Terra, é importante refletir sobre a nossa relação com o meio ambiente e como podemos contribuir para a sua preservação. Ao adotar essa filosofia de beleza limpa, mostramos que a sustentabilidade é uma preocupação importante em todas as áreas da nossa vida, inclusive na beleza.

Tendências e inovações que podem mudar o mundo

Produtores e empresas buscam investir mais no meio ambiente como forma de diminuir o impacto ambiental. Conheça quatro tendências da sustentabilidade

O mundo clama por uma sociedade mais sustentável e no Dia da Terra, pensamos ainda mais no impacto do homem no meio ambiente. Enquanto temos problemas que precisam ser pensados, como é o caso do e-waste e o direito de reparo, temos tecnologias que vêm para gerar um impacto positivo quando falamos de sustentabilidade.

Desde os carros elétricos até a purificação da água, conheça algumas propostas que serão tendência na área da tecnologia sustentável e que podem impactar positivamente no combate ao aquecimento global.

Purificação de água

Um dos setores que mais cresceram nos últimos anos é o da tecnologia, com soluções que buscam melhorar a qualidade de vida das pessoas e, consequentemente, preservar o meio ambiente. Em 2019, a startup PWTech, em parceria com duas universidades públicas de renome, como a Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e a Universidade de São Paulo (USP), e com o Centro Internacional de Referência em Reuso de Água (Cirra – UPS), investiram em uma solução prática, eficiente, inovadora e, sobretudo, com um excelente custo-benefício.

O equipamento portátil é capaz de transformar 5.760 litros de água contaminada da chuva e de rios, poços, represas, açudes e lagos em água potável, eliminando 100% de vírus e bactérias, e 99,5% das partículas presentes na água, tornando-a própria para o consumo humano. A companhia brasileira já foi usada para remediar calamidades em crises humanitárias como a Guerra da Ucrânia e na seca em Madagascar no ano passado.

Mais recentemente, a startup colaborou para o envio de purificadores em comunidades Yanomamis e no Pantanal, com o objetivo de diminuir os casos de viroses desencadeadas pelo consumo de água contaminada. Ao todo, mais de um milhão de pessoas já foram auxiliadas pela tecnologia.

“O sistema de purificação de água que criamos é ideal para situações extremas que exigem praticidade, como é o caso de comunidades indígenas hoje, no Brasil. Basta conectar o equipamento na água e ligá-lo que, em menos de um minuto, a água já começa a sair pronta para ser consumida”, afirma Fernando Silva, sócio-diretor da PWTech.

Carros elétricos

Um dos setores que mais tem avançado em todo o mundo é o da eletrificação dos automóveis. Cada ano vemos mais modelos de automóveis elétricos surgindo no mercado, com cada vez mais autonomia e capacidade de competir com os veículos movidos à combustão.

O mercado de veículos elétricos no Brasil tem apresentado um crescimento significativo nos últimos meses, com recordes de vendas e aumento da frota circulante. Somente em março de 2023, foram emplacadas 5.989 unidades de veículos leves eletrificados, representando um aumento de 55,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

No acumulado do primeiro trimestre de 2023, o desempenho foi ainda mais expressivo, com 14.787 eletrificados leves vendidos, um aumento de 50% em comparação ao primeiro trimestre de 2022. Os números confirmam a tendência de crescimento do setor no Brasil.

Segundo Ricardo David, sócio-diretor daElev, empresa que apresenta soluções para a eletromobilidade, o setor no Brasil tem crescimento constante, mas ainda engatinha em relação a outros mercados do mundo.

“É claro que se compararmos o nosso mercado com outros lugares do mundo, como países nórdicos e a China, ainda há muito o que se avançar. Mas é certo dizer que a eletrificação dos veículos é uma realidade que veio para ficar. Não podemos fechar os olhos para essa realidade, que pode ter impactos no nosso meio ambiente e, até mesmo, impacto social”, afirma o executivo.

Agronegócio sustentável

Outro setor que tem dado passos para a construção de uma consciência sustentável e de impacto no meio ambiente é o agronegócio. Os produtos do agro, produzidos considerando as práticas sustentáveis têm cada vez mais demanda no mercado externo e esse futuro pode diminuir e muito o impacto do segmento no meio ambiente nos próximos anos.

Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa de assessoria no comércio exterior, aponta que o setor tem muito a ganhar com o investimento em práticas sustentáveis e de preocupação com o meio ambiente.

“No mercado externo há uma tendência por produtos do agronegócio que tenham certificação ambiental. Por este motivo, os produtores que investiram nas práticas ambientais podem ver os seus produtos ganharem ainda mais valor no mercado. Além disso, podem contribuir com a pauta ambiental em grande escala. Deste modo, vale muito a pena investir na produção que se preocupa com o impacto no meio ambiente”, afirma Pizzamiglio.

Construções provisórias

Construções provisórias também são um foco para o próximo ano devido à sua sustentabilidade nos negócios. Elas garantem a reutilização de todo material empregado, sem a produção de resíduos e com uma redução significativa de custos. A tecnologia provisória já esteve presente em inúmeros torneios esportivos como a Copa do Mundo e agora começa a ganhar espaço em outros segmentos do setor.

“Ações sustentáveis são um caminho inevitável para o mundo dos negócios. Quanto maior a consciência da mudança, melhor será a imagem da empresa entre seus clientes e a sociedade. Essa tendência é extremamente sustentável já que garante a reutilização de praticamente todo material, redução de custo na construção e facilita a manutenção da equipe após os eventos.

O desafio deste modelo de negócio é executar projetos dentro dos prazos estipulados pelos comitês locais, que normalmente são extremamente curtos. “A gestão e experiência da equipe é fundamental, afinal, não podemos atrasar nem um segundo sequer”, comenta Tatiana Fasolari, vice-diretora da Fast Engenharia, maior empresa especializada em overlays da América Latina.

Com Assessorias

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