Muito se fala sobre alimentação saudável e sobre a importância de transformá-la em um hábito. Mas, afinal, você sabe o que realmente significa comer de forma saudável? Antes de tudo, é preciso entender que tudo o que colocamos no prato repercute de alguma forma na nossa saúde. Desde a quantidade de açúcar e sal até o modo como preparamos os alimentos no dia a dia.
O mundo se tornou imediatista. Vivemos com a sensação constante de urgência, como se estivéssemos sempre “ligados no 220 volts”. Nesse ritmo acelerado, muita gente esquece de fazer o óbvio: pisar no freio e pensar no que está comendo, fazendo ou até mesmo sentindo.
A rotina corrida e impulsiva empurra as pessoas para escolhas rápidas — e nem sempre saudáveis. Para não “perder tempo”, entram no dia a dia os fast foods, os lanches prontos e os ultraprocessados congelados.
Práticos? Sim. Mas o preço aparece logo: uma população mais doente, mais cansada e com menos nutrientes essenciais no prato. Mas afinal, o que é uma alimentação saudável?
Como cada país define o que é alimentação saudável
Embora cada país tenha sua cultura, seus alimentos típicos e sua realidade socioeconômica, a base das diretrizes alimentares ao redor do mundo segue princípios parecidos — mas com ênfases bem distintas. Confira como alguns países definem o que é uma alimentação saudável:
Brasil
No Brasil, o foco é claro: comer comida de verdade e evitar ultraprocessados. O país incentiva o consumo de alimentos in natura e minimamente processados. O Guia Alimentar para a População Brasileira é, inclusive, um dos poucos no mundo que se fundamenta no grau de processamento dos alimentos — e não apenas na contagem de nutrientes.
Estados Unidos
Já nos Estados Unidos, o enfoque principal está na contagem nutricional dos alimentos — calorias, sódio, gorduras e demais nutrientes. A alimentação é organizada a partir do padrão MyPlate, que estabelece metas diárias para fibras, minerais e vitaminas. Além disso, as diretrizes reforçam a necessidade de reduzir o consumo de açúcar e sódio, dois pontos que ainda preocupam os órgãos de saúde do país.
Portugal
Em Portugal, o guia alimentar organiza a dieta em sete grandes grupos, cada um representando elementos essenciais para uma alimentação equilibrada. São eles:
- Gorduras e óleos: recomendação de 1 a 3 porções por dia.
- Leite e derivados: o ideal é consumir 2 a 3 porções diárias.
- Carne, peixe, frutos do mar e ovos: a ingestão sugerida varia de 1,5 a 4,5 porções ao dia.
- Leguminosas: recomenda-se 1 a 2 porções por dia.
- Batata, cereais e derivados: representam uma parte importante da dieta, com 4 a 11 porções recomendadas diariamente.
- Vegetais: essenciais para o equilíbrio nutricional, com indicação de 3 a 5 porções por dia.
- Frutas: também devem marcar presença diária, com 3 a 5 porções recomendadas.
Japão
O guia alimentar japonês, representado na forma de um pião, foi criado para lembrar o brinquedo tradicional do país. Ele funciona como um cone invertido que organiza os grupos alimentares de acordo com as porções diárias recomendadas.
O guia japonês também incentiva a variedade de vegetais, o uso de muitas cores no prato e a busca por refeições visual e nutricionalmente equilibradas. Mais do que uma lista de nutrientes, ele propõe uma filosofia de vida. Entre as orientações mais importantes estão:
- Aproveitar as refeições com calma, valorizando o momento de comer.
- Manter horários regulares, criando um ritmo saudável ao longo do dia.
- Equilibrar o prato, sempre combinando alimentos básicos (como cereais), pratos principais e acompanhamentos.
- Consumir cereais suficientes, especialmente arroz e outros grãos.
- Variar bem a dieta, incluindo vegetais, frutas, leguminosas e peixes.
- Evitar excessos de sal e gordura, pontos sensíveis na culinária moderna.
- Manter o peso corporal saudável, equilibrando ingestão calórica com atividade física.
- Valorizar a cultura alimentar local, aproveitando produtos típicos e explorando novos pratos.
- Reduzir desperdícios, planejando refeições e usando métodos que aproveitam melhor os alimentos.
França
As orientações nutricionais da França tem o foco em hábitos mais equilibrados. Nesse sentido, o guia recomenda pelo menos cinco porções diárias de frutas e vegetais, além do aumento do consumo de alimentos ricos em cálcio, como laticínios e algumas verduras.
As diretrizes também incentivam a presença diária de alimentos ricos em amido, como cereais (preferencialmente integrais), batatas e leguminosas. Então, em relação às proteínas, orienta-se a alternar carne, peixe, frutos do mar e ovos — com peixe pelo menos duas vezes por semana.
Por outro lado, o programa reforça a importância de reduzir gorduras saturadas, limitar o açúcar e moderar o consumo de álcool. Para completar, recomenda-se incorporar 30 minutos de atividade física diária, como caminhada rápida, e diminuir o tempo sedentário.
Embora cada país apresente cultura, hábitos e prioridades distintas, as diretrizes alimentares ao redor do mundo seguem uma mesma direção: promover uma alimentação mais natural, variada e equilibrada.
Obesidade
Muito além de “ganhar peso”, a obesidade é uma condição que abre caminho para doenças graves, reduz a qualidade de vida e pressiona os sistemas de saúde. A obesidade é um problema global — mas com grandes disparidades entre países.
Enquanto alguns mantêm taxas relativamente baixas (como Japão, França e Portugal), outros enfrentam epidemias mais graves (Brasil e EUA). Isso reforça que os hábitos alimentares, o contexto cultural e o ambiente social influenciam diretamente quem está mais vulnerável à obesidade.
- Brasil – cerca de 31% dos adultos vivem com obesidade, segundo o relatório World Obesity Federation / Atlas Mundial da Obesidade 2025.
- Portugal – Segundo um comunicado de 2025 da Direção-Geral da Saúde (DGS), cerca de 28,7% dos adultos em Portugal vivem com obesidade.
- Japão – Os dados da OECD indicam que cerca de 4,6% da população adulta está obesa
- França – De acordo com o relatório Health at a Glance 2025, a prevalência de obesidade “autodeclarada” entre adultos franceses é de 14%.
- Estados Unidos – Entre os países com as maiores taxas: cerca de 40,3% da população adulta americana está obesa, segundo dados de 2025 — colocando os EUA bem acima da média global.
A boa notícia é que ela pode ser prevenida. Com uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis, é possível reduzir significativamente esse risco e melhorar o bem-estar da população.
*Artigo publicado originalmente no site Comida na Mesa em 02/12/25




