orelha
Reprodução de internet

Desde que ela nasceu, uma orelhinha ficou mais aberta, talvez pela posição que  ficou sentada na barriga da mãe. Com o tempo, aquela característica foi se atenuando, mas não desapareceu totalmente. Mesmo assim, Maria Luísa nunca se queixou, nem pediu à mãe qualquer procedimento para “consertar” a orelha. Ao contrário, sempre gostou de exibi-las, protegendo as longas madeixas com uso de arcos. Muitos arcos coloridos. A forma como se lida com a chamada orelha de abano, é claro, vai depender de criança para criança. Mas, em geral, muitas se incomodam com os apelidos quase sempre desagradáveis que recebem na infância… ‘Dumbo’, ‘orelha’, ‘orelhudo’, ‘orelha de burro’…

A  orelha de abano atinge entre 2% e 5% da população. É um número pequeno, mas não dá para negar que pode ser motivo de incômodo e bullying em muitos casos. Para resolver a questão, a cirurgiã plástica Tathiana Antony,  da Renewmed, em Ipanema, recomenda a otoplastia,  que pode corrigir o defeito na estrutura das orelhas presente desde o nascimento, que se torna aparente com o desenvolvimento, ou tratar as orelhas deformadas causadas por algum tipo de lesão. É esta cirurgia a responsável pela criação de uma forma natural, dando equilíbrio e proporção às orelhas e à face.

“O que define a orelha de abano é fugir da normalidade. Mas ela pode se apresentar de várias maneiras, com graus mais ou menos intensos. A orelha normal tem uma curvatura que segue e lá em cima divide em duas cristas. Quando tem um plano só, ou seja, a bordinha da orelha não faz a curva e não acaba nas duas cristas, é uma orelha de abano. Outro caso de orelha de abano é quando ela cresce na concha, ou seja, nessa parte de cima. O último caso é quando ela se afasta da cabeça na região posterior”, explica a médica.

Segundo ela, a cirurgia coloca a orelha em uma posição anatômica e esteticamente normal. Apesar de poder ser efetuada em crianças, o tratamento na idade adulta é também bastante comum. A otoplastia oferece um ótimo resultado imediato, com grande satisfação para os pacientes.  “Mas é indispensável o uso do curativo oclusivo por 10 dias (até a retirada dos pontos), e, posteriormente, da faixa. O descuido com estas medidas pode acarretar o retomo da cartilagem à posição original. Resultados finais devem ser aguardados num período de três meses”, ressalta. A consolidação da cartilagem em sua nova forma leva em tomo de um mês, e, durante este tempo, é importante o uso de uma faixa para manter a orelha na posição adequada.

Ela responde a algumas dúvidas sobre o tema.

É genético?

Orelha é que nem mão ou nariz. Não que sejam iguais, mas todos eles mudam de uma pessoa a outra e podem encontrar semelhanças numa mesma família. Não existe nenhum gene que cause a orelha abano. Mas tem famílias com muitos casos – e não necessariamente todos os irmãos, por exemplo, provavelmente há uma hereditariedade. “Quer dizer, a gente sabe que aquilo é herança, como um nariz maior. Mas sempre existem os primeiros casos na família”, explica.

Como é feita?

A cirurgia consiste no remodelamento da estrutura cartilaginosa da orelha, através de uma incisão feita por trás dela, de onde é retirado, também, o excesso de pele. Assim, normalmente não ficam cicatrizes visíveis. Apenas em casos muito especiais, pode ser necessário algum pequeno retoque na parte anterior da orelha, que, de qualquer forma, costuma ser praticamente imperceptível.  A anestesia para este procedimento é local ou local com sedação.

Só a faixa segura?

Algumas intervenções podem funcionar, outras não. Existem muitos mitos em torno da orelha de abano, como o caso das faixas. Isso apenas resolveria total ou parcialmente dentro de 20 ou 30 dias após o nascimento. Depois disso, a orelha vai ficando mais firme. “Tem gente que cola a orelha e aparece com o dedo colado! De uma forma geral, as faixas e a cola não causam grandes malefícios, mas também não resolvem”, conta a especialista. No caso da orelha de abano, apenas a cirurgia funciona.

Quando operar?

Apesar de a maioria das pessoas passarem pelo procedimento quando adulta, alguns pais preferem que seus filhos tenham as orelhas corrigidas ainda quando crianças. E a escolha, neste momento, é deles. Segundo o médico cirurgião, a idade ideal para fazer a Otoplastia é a partir dos 5 anos, porque até aí a orelha está crescendo, chegando ao seu formato e tamanho. O melhor é que seja feita a partir dos 7 anos. A anestesia varia: pode ser local ou geral, dependendo da idade. “Em crianças menores pode ser que façamos cirurgia geral, pois elas não colaboram tanto”, esclarece. O ideal da cirurgia é que dê um aspecto natural à orelha, ou seja, ao olhar a pessoa de frente, você enxergue a curvatura da orelha, não a deixando com a parte superior “para trás”, como se estivesse colada.

O pós-operatório

É a parte que gera mais dúvidas e mitos. Pode acontecer sangramento, alguns hematomas e machucados por causa da faixa de compressão. A criança operada vai tomar antiinflamatórios e analgésicos. Casos de infecção são raros, mas podem acontecer. “Para evitar, a gente costuma dar algum antibiótico já na cirurgia. Fora isso, são necessários alguns cuidados na hora de dormir, pois é neste momento em que algumas pessoas podem fazer um movimento brusco, arrebentando um ponto, fazendo com que a orelha volte ao lugar e o problema perdure”, explica.

Fonte: Renewmed

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