A cantora Rita Lee, de 75 anos, deu entrada às pressas Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na madrugada da última sexta-feira (24). A internação acontece depois de a artista vencer um câncer de pulmão, diagnosticado em 2021. O estado de saúde da cantora, segundo as informações, seria “extremamente delicado”. A informação foi dada pela colunista Fábia Oliveira, do portal “Em OFF”.
Desde que iniciou o tratamento contra o câncer no pulmão esquerdo, em abril do ano passado, Rita fez poucas aparições na internet. No início de fevereiro, o marido da cantora, Roberto de Carvalho, compartilhou uma foto da artista nas redes sociais, em que ela aparece com os cabelos já mais crescidos, segurando uma caneca. O registro chamou a atenção dos internautas e provocou uma onda de afeto em torno da rainha do rock nacional.
Rita Lee começou a ter sintomas, como crises respiratórias, no início de 2021, quando recebeu o diagnóstico. O câncer estava em estágio primário e foi descoberto durante um check-up de rotina em maio de 2021. Após 11 meses de tratamento, em abril de 2022, exames confirmaram o desaparecimento completo do tumor maligno. E até então não apresentou sinais de retorno, segundo confirmado pelo seu filho, Beto Lee.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pulmão é o segundo mais comum nos brasileiros, além do câncer de pele não melanoma. O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são os maiores fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco.
Assim que teve o diagnóstico, Rita Lee foi submetida a imuno e radioterapia. A descoberta e o tratamento precoces podem ter sido essenciais para o sucesso na eliminação do câncer do organismo da cantora, segundo explica o médico oncologista Fernando Cezar Geres Jr.
“Nos primeiros estágios da doença, é muito comum a cura com o tratamento correto. É mais difícil obter a cura do paciente quando o câncer já se desenvolveu bastante. Até o terceiro estágio, é passível de cura com cirurgia ou radioterapia, concomitante com quimioterapia”, detalha o médico.
Estágios do câncer
Atualmente, os cânceres são classificados em quatro estágios, de muito precoce a avançado – quando há metástase –, e o tratamento administrado e a chance de sucesso também variam de acordo com o nível de avanço do tumor maligno no corpo do paciente.
Segundo o oncologista, nos casos mais graves do câncer, são raras as vezes em que o paciente é curado. Além disso, há chance de a doença voltar. “No quarto estágio, é uma doença muito difícil de obter a cura, e o tratamento tem como intuito controle do câncer”.
Entenda abaixo o tratamento comumente utilizado para cada estágio da doença:
Estágio I – o tratamento ideal é a cirurgia; quando não for possível, pode ser feita radioterapia local (radiocirurgia);
Estágio II – o tratamento utilizado geralmente é cirurgia e radioterapia, associado a quimioterapia ou outros medicamentos específicos;
Estágio III – o tratamento é feito através da cirurgia, radioterapia e quimioterapia;
Estágio IV – o tumor já se disseminou para outros órgãos, caracterizando uma metástase. Seu tratamento consiste em quimioterapia, associado ou não a imunoterapia. Por estar mais avançado, a sobrevida da paciente depende da localização dos tumores e da sua resposta ao tratamento.
Sinais podem indicar estágio inicial da doença
Os sintomas geralmente não aparecem até que o câncer esteja avançado, mas algumas pessoas com a doença em estágio inicial podem apresentar sinais. Os mais comuns são:
- Tosse persistente (nos fumantes, o ritmo habitual é alterado e aparecem crises em horários incomuns)
- Escarro com sangue;
- Dores no tórax (pioram ao tossir ou ao respirar fundo);
- Rouquidão;
- Piora da falta de ar;
- Perda de peso e de apetite;
- Pneumonia recorrente ou bronquite;
- Fadiga, sentir-se cansado ou fraco.
É importante ressaltar que todos os sintomas acima também podem ter outras causas, por isso é importante procurar o médico.
Tratamentos para o câncer de pulmão
É feito por uma equipe multidisciplinar composta por oncologistas, radioterapeutas e cirurgião torácico, que podem decidir qual tratamento é mais adequado para cada situação, com base em fatores como o tipo de câncer de pulmão, o tamanho, a localização e a extensão dos tumores, bem como o estado geral de saúde do paciente.
A equipe de Rita Lee, por exemplo, optou pela imunoterapia e radioterapia. E, de fato, as terapias podem ser prescritas em combinação ou isoladamente. Veja a seguir:
Imunoterapia: As células do câncer dispõem de mecanismos que confundem e freiam o sistema imunológico. Estudos do imunologista americano James P Allison e do japonês Tasuku Honjo (Nobel de Medicina 2018) proporcionaram, nos últimos anos, o desenvolvimento de medicamentos que permitem que o sistema imune reconheça as células do câncer para combatê-las de forma mais eficaz.
Segundo os médicos, as substâncias apresentaram resultados eficazes e duradouros com perfil baixo de toxicidade. Os inibidores de DP-1 e o inibidor de PD-L1 são exemplos de imunoterapia usados no câncer de pulmão de não pequenas células. O alto custo das drogas, porém, é um fator que limita o acesso.
Radioterapia: Aplicação de radiações ionizantes no local para destruir o tumor ou inibir seu crescimento. Pode ser usada antes da cirurgia, para reduzir o tumor, ou depois, para destruir células restantes, tratar metástases ou, ainda, como tratamento paliativo. Há várias modalidades diferentes de radioterapia. O tratamento é indolor e os efeitos colaterais mais frequentes são irritação na pele e fadiga.
Cirurgia: Consiste na remoção das partes do pulmão afetadas e dos gânglios linfáticos envolvidos. Pode ser curativa nas situações em que o câncer de pulmão foi descoberto em fase inicial.
Quimioterapia: Uso de medicamentos que são sabidamente eficientes em combater as células cancerosas. Podem ser usados juntos ou em combinação, e têm ação sistêmica, ou seja, células saudáveis também são afetadas. É feita em ciclos, em geral depois da cirurgia, mas também pode ser indicada antes para reduzir o tamanho do tumor. Alguns exemplos de drogas para esse tipo de câncer são: cisplatina, carboplatina, paclitaxel, nab-paclitaxel, docetaxel, gemcitabina, vinorelbina, irinotecano, etoposido e vinblastinaepemetrexede. Os efeitos colaterais incluem náuseas, vômitos, perda de cabelo e infecções, entre outros.
Terapia-alvo: Uso de medicamentos ou outras substâncias que impedem o crescimento e disseminação do tumor, causando pouco dano às células saudáveis. Há terapias para diversos tipos de câncer de pulmão com perfis moleculares específicos. É o caso do bevacizumabe e do ramucirumabe, que têm como foco o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF); oerlotinibe, gefitinibe, afarinibe e osimertinibe e necitumumabe, com alvo o gene do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR); e ocrizotinibe, ceritinibe e alectinibe, para pacientes que têm como alvo o gene ALK. Os efeitos colaterais variam para cada terapia.
Fonte: Oncoguia
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