Conforme era desejo de Preta Gil, seu velório vai ocorrer no Rio de Janeiro, e o sepultamento em Salvador (BA) – as duas cidades onde a cantora se dividia antes de adoecer e ter que passar um tempo em São Paulo e, ultimamente, em Nova York, nos Estados Unidos, em busca de tratamento contra o câncer colorretal.
O corpo da cantora Preta Gil, que faleceu no último domingo (20), chegou ao Rio de Janeiro na manhã desta quinta-feira (24), após processo de repatriação, e será velado em cerimônia aberta ao público no Theatro Municipal nesta sexta-feira (25), das 9 às 13 horas.
Com a recente morte de Preta Gil em Nova York, muitas pessoas se perguntam como funciona a repatriação funerária, qual o serviço que permite o translado de um corpo do exterior para o país de origem. Trata-se de um procedimento delicado, que envolve trâmites burocráticos, documentação específica e, na maioria das vezes, um custo elevado.
A Ossel Assistência explica que a repatriação exige a atuação conjunta entre a família, autoridades consulares, empresas funerárias especializadas e, muitas vezes, profissionais como tradutores juramentados. A primeira etapa do processo é a emissão do atestado de óbito no país onde ocorreu a morte, seguido pela obtenção de um certificado médico que indique a causa da morte e a legalização desse documento junto ao consulado brasileiro local.
Após essas etapas, se inicia o processo de registro consular do óbito e a preparação do corpo para o transporte internacional, o que inclui cuidados sanitários, acondicionamento conforme normas do país de origem e do país de destino, e a emissão da documentação necessária para embarque e desembarque”, explica Regina Célia Alves Diniz, diretora administrativa e operacional da Ossel Assistência. Não existe obrigação da presença de familiar no país onde ocorreu o falecimento para formalizar parte dos trâmites.
“Cada nação tem suas exigências burocráticas e culturais. Nosso papel é orientar a família em todas as etapas, reunir a documentação e cuidar de cada detalhe com o máximo de agilidade e respeito, sempre em contato com os consulados e autoridades locais”, afirma Regina Célia.
Segundo a diretora, o prazo médio para conclusão do processo gira em torno de 15 dias, mas pode variar bastante dependendo do país, das exigências locais e da agilidade na obtenção dos documentos. “Sem apoio profissional, o translado pode demorar até meses. O custo desse tipo de serviço costuma partir de 10 mil reais, dependendo do país, podendo ser reduzido no caso de famílias que já contam com planos funerários que oferecem cobertura internacional”, diz.
Atualmente, com o aumento de brasileiros vivendo, trabalhando ou viajando para o exterior, a procura por esse tipo de assistência tem crescido. “Uma das nossas missões é ampliar em parcerias com consulados e órgãos internacionais, a fim de humanizar e agilizar um processo que ocorre em um momento extremamente sensível para as famílias”, conclui Regina Célia.
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Preta Gil: sinônimo de alegria e amorosidade
Preta Maria Gil Gadelha Moreira, de 50 anos, era Filha do cantor Gilberto Gil, afilhada de Gal Costa e costumava chamar Caetano Veloso de tio. Embora cercada de grandes nomes da MPB desde a infância, ela deixou a carreira de produtora e publicitária e decidiu pela carreira de cantora somente em 2003, aos 29 anos, quando lançou seu primeiro álbum – ‘Prêt-à Porter’. O disco recebeu críticas por ter a cantora nua na capa.
“Preta construiu sua própria trajetória artística, marcada por autenticidade, coragem e uma incansável defesa da liberdade e da diversidade”, como destacou o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) ao lamentar a morte da cantora e se solidarizar, neste momento de tristeza, com seus familiares, amigos e fãs.
Dona de um carisma e de uma trajetória marcantes, a artista deixa um legado de 12 obras musicais e 271 gravações cadastradas na gestão coletiva da música no Brasil. Entre as canções que gravou como intérprete, a mais tocada foi “Sinais de Fogo”, composição de Ana Carolina e Totonho Villeroy, feita especialmente para Preta.
Segundo o Canal Brasil, “a trajetória da artista foi marcada por amor, alegria, força e resiliência”. Empresária, lançou para o Carnaval o Bloco da Preta, em cidades como Rio e em São Paulo, e realizou o sonho de desfilar como rainha de bateria em 2007, pela Mangueira. Preta também fez participações em novelas como Agora é Que São Elas (2003), As Cariocas e Vai que Cola (2015), da TV Globo.
Família recebe direitos autorais por 70 anos
O Ecad presta homenagem a Preta Gil, com a divulgação de um levantamento especial de suas músicas mais tocadas e regravadas no país nos últimos cinco anos. Como determina a Lei dos Direitos Autorais brasileira (9610/98), os seus herdeiros receberão rendimentos em direitos autorais de suas músicas tocadas no Brasil por 70 anos após sua morte (ou de autores parceiros, no caso de canções feitas em parceria).
O Canal Brasil também abriu espaço em sua grade para uma homenagem à cantora Preta Gil, na última segunda-feira (21), ao exibir o episódio do programa “Amigos, Sons e Palavras” (2019). Neste episódio especial, Gilberto Gil entrevistou os filhos Preta e Bem, e o bate-papo se tornou uma grande reunião familiar.
Na conversa, a cantora reflete sobre a sucessão da cultura na família, a importância da liberdade em sua criação e amadurecimento, como ela foi se encontrando como artista individualmente, entre outras experiências de vida.
Isso é uma coisa interessante na nossa família: todo mundo é diferente, mas acredito que esse amor coletivo permitiu sermos tão a gente”, conta Preta na entrevista. Seu pai relembra diversas histórias, como os momentos nos almoços em família onde Preta, com apenas 3 anos, aproveitava para fazer apresentações musicais.
Com Assessorias
