demi moore

A atriz norte-americana Demi Moore revelou recentemente no programa The Tonight Show, do humorista Jimmy Fallon, que perdeu os dois dentes da frente devido ao estresse na carreira e no fim do seu casamento com o também ator Ashton Kutcher. Mas será mesmo que o estresse pode causar perda dos dentes? Especialistas ouvidos pelo Blog Vida & Ação dizem que sim, por duas situações: bruxismo e periodontite.

“Quando estamos estressados , nosso organismo produz em escala aumentada e constante o cortisol que é um hormônio liberado em períodos de maior agitação, principalmente em situações de risco, ou de pressão, e que pode desencadear o aumento da tensão muscular que leva muitas vezes à um apertamento dentário ou Bruxismo (ato de ranger os dentes) , e este hábito voluntário ou involuntário prejudica as estruturas que dão fixação e suporte aos dentes, fazendo com que estes fiquem moles, quebrados , sensíveis e até perdê-los”, afirma o cirurgião buco maxilar Bruno Chagas, do CDF (Centro de Deformações da Face).

Segundo ele, o cortisol produzido mais que o necessário também pode causar aumento da glicemia, modificação da flora intestinal e diminuição do sistema imune, que pode facilitar o oportunismo de algumas bactérias causadoras da Periodontite, uma doença que agrava o sangramento gengival, mau hálito e mobilidade dentária, evoluindo para a perda dos dentes. “A melhor prevenção é quando identificamos o estresse, eliminarmos com alguma atividade relaxante, psicológica ou física, antes que evolua para problemas mais sérios”, ressalta o especialista.

Para Mario Groisman, Mestre em Ciências Dentais pela Universidade de Lund, na Suécia, quando a pessoa está muito estressada, pode acontecer com que ela frature os dentes, com o “ranger constante”, isso pode estar relacionado aos pacientes que têm bruxismo (que sofrem com o apertamento maior durante a noite) ou não. Já o cirurgião-dentista Marcelo Kyrillos, membro da Associação Brasileira de Odontologia Estética (ABOE) e diretor da clínica Ateliê Oral, afirma que a perda dos dentes acontece com uma combinação de variáveis, entre elas o estresse.

“Este não é o fator preponderante. Se a pessoa está em um momento de estresse e quebra o equilíbrio das bactérias positivas e negativas que vivem em harmonia dentro da boca, mas tem uma boa higiene e a mordida está equilibrada. Mesmo com essa quebra do equilíbrio das bactérias ela não vai perder dente. Mas se a pessoa com o estresse, passa a apertar mais, a ranger mais, os dentes vão sofrer maior impacto e a mordida vai sofrer uma sobrecarga. E ainda piorar a higienização dela. Ela entra no pior quadro possível: trauma por apertamento e desequilíbrio na mordida mais bactéria (porque parou de higienizar) essa combinação é extremamente nociva. E pode ter perda de dente por gengivite que evolui para uma periodontite.

No bruxismo

No caso do Bruxismo (se for desencadeado pelo estresse), de acordo com Bruno Chagas, é necessário identificar o problema, procurar o especialista para fazer uso da placa de mordida (miorrelaxante) para amenizar o contato dente a dente na hora do apertamento, ou fazer um tratamento através da aplicação local de toxina botulínica (botox) que promove um relaxamento da musculatura , diminuindo os espasmos musculares, causando menos pressão nos dentes e suas estruturas de suporte. Consultar psicólogos ou neurologistas, além manter uma vida mais regrada, também são formas de tratamento e prevenção.

Na periodontite

No caso da Periodontite, a melhor prevenção é a realização de higiene rigorosa e uso de enxaguantes bucais indicados, além de procurar meios que amenizem o estresse. Dentistas e outros profissionais são necessários para prescrição de medicamentos. “Quando há perda dentária, pode ser realizado o implante dentário, ou mesmo uma prótese removível. Se o dano for apenas a fratura parcial do dente, pode optar-se pela coroa dentária , feita em resina, porcelana ou outros materiais”, esclarece o especialista.

Tire suas dúvidas

1 – É verdade mesmo que o estresse pode ocasionar perda de dentes? Por que? O que acontece para o enfraquecimento dos dentes até resultar na queda?

Mario Groisman – O ponto-chave é o apertamento dos dentes devido ao estresse do paciente, que associados a força utilizada nos dentes, acaba resultando na queda/fratura. Quando a pessoa está estressada, ela libera hormônios e substâncias, como o cortisol, na corrente sanguínea que envolvem um processo inflamatório, com uma propensão maior a presença de bactérias, que leva à perda da estrutura dos dentes. Quando a pessoa está muito estressada, pode acontecer com que ela frature os dentes, com o “ranger constante”, isso pode estar relacionado aos pacientes que têm bruxismo (que sofrem com o apertamento maior durante a noite) ou não. Geralmente quem não sofre, age como se tivesse “lixando” os dentes, o desgastando e ocorrendo a perda óssea.

2 – O que acontece para o enfraquecimento dos dentes até resultar na queda? E como prevenir isso?

Marcelo Kyrillos – Quando acontece uma quebra de equilíbrio, combinação de fatores ao mesmo tempo afetam o osso no processo de periodontite. O trauma mecânico mais a presença de bactérias que existem na boca, falta da higienização ou trauma por causa da mordida. A gengivite, evolui para uma periodontite que afeta o osso e enfraquece os dentes até resultar na queda. Provavelmente a atriz não parece ter tido uma periodontite. É provável que estes dentes tenham passado por tratamento de canal. Já era uma coroa. Assim ter uma possível raiz fragilidade e deve ter trincado a raiz e deve ter acontecido uma fratura e deve ter sido substituído por um implante. A periodontite que estão sugerindo que ela teve afeta vários dentes ao mesmo tempo. Normalmente este problema é um caso que envolve um grupo grande de dentes (6, 10, 12 todos os dentes de cima, por exemplo) e normalmente com pessoas com péssima higiene bucal, com aquela gengiva doente por uso de drogas por exemplo. É comum no dia a dia ter pacientes que tenham bruxismo e quebram o dente, por exemplo.

Mario Groisman – A consulta regular ao dentista é fundamental. Sugiro para muitos pacientes que são mais estressados e sofrem com o bruxismo, uma placa noturna. Mas, para quem não sofre de bruxismo e o estresse é agudo, eu indico o uso de ansiolíticos, para controlar a ansiedade, e com isso tenho um trabalho junto com um psiquiatra, para ajudar a controlar a ansiedade do paciente. O mais importante é o médico conter e proteger os dentes e controlar a presença de bactérias na boca.

3 – No caso, quais os tratamentos mais apropriados – implante, colocação de coroa?

Mario Groisman – Se perdeu um dente, indico uma ponte fixa ou um implante, dependendo do caso…. mas, no caso de quem perdeu vários dentes, é indicado o implante nos dentes perdidos ou dentadura. O mais importante é fazer o tratamento que mais seja confortável para o paciente.

Marcelo Kyrillos – O implante é bem comum em um ou dois dentes, que no caso da atriz, seria o mais indicado. Para quem tem uma doença mais grave, podemos repor com um implante ou coroa, mas por meio da prótese como a dentogengival, você repõe um grupo de dentes. Uma média de 5 ou 6 e repõe todos os dentes juntos.

4 – Existem pessoas mais suscetíveis a este problema?

Marcelo Kryillos – Pessoas que cuidam de familiares com câncer ou mal de Alzheimer, ou que são estressadas, podem ter doença periodontal com mais facilidade. É o que mostra uma pesquisa feita pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP-Unicamp). Os autores desta pesquisa chegaram a esses dados depois de realizarem um levantamento e analisarem todos os trabalhos que foram publicados na literatura mundial sobre o tema desde 1990. Isso mostra que essa é uma condição universal e todas as pessoas no mundo podem desenvolver doença periodontal porque ficam estressadas. Ou seja, independentemente de qualquer outro fator ambiental ou característica cultural, o estresse pode fazer com que uma pessoa perca seus dentes.

Da Redação, com assessorias

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