O Dia dos Namorados costuma ser sinônimo de flores, presentes e declarações de amor entre casais. Mais do que uma celebração afetiva, a data é considerada a terceira mais importante para o comércio, ficando atrás apenas do Natal e do Dia das Mães.
Mas essa lógica tem mudado – e de forma acelerada. Se antes o foco era em presentes materiais, hoje o momento vivido a dois tem ganhado protagonismo, principalmente entre a geração Z (nascidos entre 1997 e 2010).
Uma pesquisa da Ecglobal com 1.000 brasileiros revelou que 62% dos entrevistados preferem celebrar o Dia dos Namorados combinando produtos com experiências marcantes, enquanto 17% optam exclusivamente por oferecer vivências diferenciadas aos parceiros. Esse comportamento reforça uma tendência de consumo mais consciente, focado na criação de memórias e na valorização de momentos significativos.
Uma nova pesquisa feita pelo app de relacionamentos Inner Circle, em parceria com a Riachuelo, revela que o 12 de junho está sendo ressignificado por uma geração que busca experiências autênticas, afeto no presente e menos idealização romântica.
A pesquisa, chamada Data Date, revelou que 69,5% preferem presentear com experiências (como jantares, passeios, eventos) em vez de bens materiais e 83% enxergam o afeto nos gestos do dia a dia.
A Data Date ouviu 2.400 brasileiros em diferentes regiões do país e apontou tendências que desafiam a ideia de que o amor só acontece em casais tradicionais. Segundo os dados:
- 93,2% já deixaram de dar match por não se identificarem com o visual da outra pessoa
- 71% dizem que o look impacta diretamente na autoestima durante um date
- 67% tomam a iniciativa de mandar mensagem quando gostam do encontro
- 87% dos solteiros vão a um a três encontros por mês
Como o afeto em 2025 ganhou novos contornos?
Além dos números, o Inner Circle reuniu relatos reais de usuários que mostram como os encontros que geram conexões autênticas, mesmo as que não terminam em namoros ou são “para sempre”, são capazes de gerar histórias marcantes, transformadoras e inesquecíveis.
Depois de um noivado de oito anos e uma mudança conturbada para São Paulo, Rafaela decidiu aceitar um convite no aplicativo. Mas ao chegar no bar, ela e o match descobriram que haviam confundido suas identidades, ou seja, nenhum dos dois era quem o outro esperava.
Mesmo assim, decidiram continuar o encontro. Com direito a caipirinhas de jabuticaba, pastel e boas risadas, a noite virou história. Eles não se tornaram um casal, mas até hoje mantêm contato. “Foi uma conexão breve, mas muito verdadeira”, conta Rafaela.
Na Data Date, 54% dos entrevistados disseram que buscam encontros leves, com boa energia, mais do que compromisso, todos querem boas experiências.
Durante a pandemia, Viviane conheceu sua parceira no app. O que chamou sua atenção primeiro? “O cabelo bem preto, bem cheio”, lembra. O segundo detalhe foi a camisa cor de telha. O encontro foi improvisado dentro do carro, com duas taças de vinho e uma playlist tranquila.
As duas ficaram juntas por quase cinco anos. Mesmo separadas, Viviane diz que a imagem daquele primeiro encontro permanece viva, e que a conexão começou ali, na estética, no gesto, na presença.
A pesquisa revelou que 85,7% dos respondentes já receberam elogios pelo seu jeito de vestir, e 73,7% dizem que isso teve impacto direto nas relações.
Após um dia pesado no trabalho e ainda enfrentando o luto de um término conturbado, Thainá não estava com ânimo para um date. Mas decidiu aceitar o convite de um match para ver o filme que ela queria há tempos. Ele apareceu com flores e chocolates… mas comprou o ingresso pro cinema errado!
Entre o desespero dele e as risadas dela, encontraram outra sessão. A leveza virou carinho. E o carinho virou memória afetiva. Ela guarda até hoje o par de meias temáticas que ganhou no fim do encontro: “Mais do que um date, foi uma noite que me reconectou com o que eu queria sentir de novo”, contou Thainá.
70% dos entrevistados associam amor a cuidado e respeito, e 88% dizem preferir um date no cinema a programas “instagramáveis”.
Geração Z busca por mais experiências e menos presentes
Programas a dois pela data ganham espaço e movimentam economia
A forma como casais comemoram o Dia dos Namorados também reflete mudanças importantes no comportamento do consumidor brasileiro. Para a professora de Administração comportamental e de marketing da FEI (Fundação Educacional Inaciana), Viviane Gervasoni, a busca por experiências tem superado a procura por itens físicos, revelando uma tendência já consolidada.
A professora ainda destaca que essa mudança de comportamento é impulsionada pela geração Z, que tem priorizado momentos significativos ao invés de consumo de bens. “Para esse público, experiências personalizadas, como jantares ou viagens no fim de semana, atendem tanto ao desejo de conexão quanto às expectativas sociais — muitas vezes reforçadas pelas redes” , explica Viviane Gervanosi.
O comportamento do consumidor tem se mostrado mais propício ao aumento do ticket médio e à valorização de experiências, não apenas de produtos. Cerca de 60% das pessoas que comemoram a data a consideram tão importante quanto um aniversário de namoro ou casamento, o que mostra o peso emocional que ela carrega”, complementa.
Diante de um cenário em que os consumidores buscam mais experiências do que produtos e esperam ações personalizadas das marcas, o Dia dos Namorados deixa de ser apenas uma oportunidade de venda. Ele se torna uma vitrine da capacidade das empresas de compreender tendências, adaptar estratégias e criar conexões emocionais reais com seu público.
Em sintonia com esse cenário, pequenas e médias empresas faturaram R$ 263 milhões em vendas online na data em 2024, com expectativa de crescimento de 35% em 2025. Restaurantes também devem registrar alta demanda este ano, com estimativa de que 83% dos consumidores escolham esse tipo de comemoração.
Com Assessorias