Em depoimento emocionado em abril de 2015, Magrão revelou que soube do seu câncer em um exame com resultado positivo em 2011, durante a passagem pelos Emirados Árabes Unidos, onde representou o Al Wahda e o Dubai Club. Ao procurar a razão para esse resultado, acabou constatando um tumor maligno nos testículos.
O drama de Magrão não é único no meio do futebol e dos esportes em geral. Esportistas mundialmente conhecidos tiveram câncer de testículo, como o ciclista Lance Armstrong; o astro do basquete brasileiro Nenê Hilário, e vários jogadores de futebol, incluindo o craque Arjen Robben, da seleção holandesa vice-campeã da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul e terceiro lugar na Copa de 2014 no Brasil.
“Não se sabe o motivo para o aparente grande número de casos de câncer de testículo entre atletas profissionais. O que está comprovado, sim, é que o exercício físico regular ajuda a evitar praticamente todos os tipos de câncer. Mas o esporte profissional talvez ajude o atleta a encontrar o problema”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Clóvis Klock.
Câncer de testículo e a importância do autoexame
“É fundamental que os homens façam o autoexame e visitem o urologista ao perceber qualquer alteração de tamanho, forma e também textura no testículo. É um tipo de câncer com baixa mortalidade. Quando há detecção precoce, o câncer de testículo é geralmente curado”, afirma Clóvis Klock.
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Campanha Abril Lilás conscientiza sobre prevenção do câncer de testículo
Por isso, é importante levar conscientização e desmistificação sobre os cuidados à saúde masculina, se diagnosticado em fase inicial, esse tipo de câncer supera a marca dos 90% de chances de sucesso no tratamento. A fim de conscientizar a população masculina sobre a importância da prevenção e detecção precoce da doença, é realizada a campanha Abril Lilás, que tem como objetivo alertar sobre os sintomas da doença e incentivar a realização dos exames preventivos.
Quais exames ajudam no diagnóstico?
Luiz Henrique, diretor regional da Dasa Oncologia e oncologista do Hospital São Lucas Copacabana, ambos no Rio de Janeiro, aponta que é importante a conscientização do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura e a sobrevida dos pacientes com câncer de testículo, apesar de ser um carcinoma raro.
“É muito importante que os homens realizem regularmente o autoexame testicular e busquem atendimento médico caso detectem alguma anormalidade. Além disso, exames de rastreamento, como a ultrassonografia testicular, podem ser recomendados para identificar a presença de possíveis tumores”, explica o especialista.
Além de consulta com um especialista, é importante ter acesso exames que possam confirmar o diagnóstico. “Exames laboratoriais, ultrassonografia da bolsa escrotal ou mesmo uma tomografia computadorizada do abdômen e da pelve são procedimentos que podem ser decisivos para a identificação e tratamento do câncer de testículo”, completa Vitor Moura, CEO da plataforma VidaClass Saúde.
Ele destaca a importância de datas simbólicas como o Abril Lilás para conscientizar a população em relação a questões de saúde têm grande importância para popularizar os temas.
“Falar em ‘Abril Lilás’ proporciona uma entrada muito maior nos grupos sociais do que falar em câncer de testículo, por exemplo. A partir disso, as pessoas descobrem que determinados procedimentos são simples, que muitas formas de prevenção são plenamente acessíveis e que inserir certos cuidados em sua rotina pode ter uma importância enorme. Por isso, comunicar um tema tão importante para a sociedade sempre será uma boa ideia”.
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Segundo Victor Araújo, coordenador de Oncologia do Complexo Hospitalar de Niterói, que faz parte da rede Dasa, os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de testículo incluem história familiar da doença, criptorquidia (quando um ou ambos os testículos não descem para a bolsa escrotal), síndrome de Down e infecção pelo HIV.
A conscientização sobre a doença se mostra fundamental, pois, de acordo com o Ministério da Saúde, quase um terço dos homens não tem o hábito de frequentar serviços de saúde e buscar auxílio na prevenção de doenças, o que pode levar a um diagnóstico tardio e comprometer as chances de cura.
“Por isso, é fundamental que a população masculina esteja atenta aos sinais e sintomas da doença, como a presença de nódulo ou inchaço no testículo, dor ou desconforto na região e sensação de peso no escroto”, acrescenta o dr. Victor Araújo.
Segundo o médico, o tratamento do câncer de testículo geralmente envolve a cirurgia para a retirada do testículo afetado, seguida de radioterapia ou quimioterapia. A escolha do tratamento vai depender do estágio do tumor e das características do paciente. É importante ressaltar que a retirada do testículo não afeta a fertilidade masculina nem a função sexual.
“É fundamental quebrar o tabu em relação à saúde masculina e incentivar os homens a cuidarem da saúde e do bem-estar. Com o tratamento correto, é possível obter uma terapêutica mais eficaz e qualidade de vida para os pacientes com câncer de testículo”, finaliza o especialista Luiz Henrique.
Com Assessorias