Fazer o exame de toque já é um tabu entre os homens. Quando uma doença crônica como o câncer é descoberta pode mexer ainda mais com o imaginário masculino, trazendo problemas sérios de depressão, ansiedade, tristeza profunda e medo. O alerta é da psicanalista Débora Damasceno ao analisar essa mistura de sentimentos neste Dia Internacional do Homem (19 de novembro).

De acordo com Débora, que é coordenadora da Escola de Psicanálise, o medo não é caracterizado apenas pela morte, mas sim pelas limitações físicas que os tratamentos, quase sempre, acarretam. Como a diminuição da capacidade de ereção, cansaço e até mesmo a retirada dos testículos, atingindo a essência da masculinidade.

A doença física interfere no estado psicológico da pessoa, principalmente em doenças mais complexas como o câncer, por esse motivo, a mente precisa estar sã para que o tratamento seja o menos doloroso possível. O apoio de familiares e de profissionais é essencial para ajudar nessa batalha.

Hoje em dia o homem está mais receptivo para aceitar tratamentos, exames e falar pouco mais abertamente sobre a sexualidade. Mas ainda não é tarefa fácil para os analistas conseguirem manter a saúde mental do paciente em perfeito estado de aceitação e entendimento da doença. Isso pode ser atribuído à cultura em que vivemos e o papel que o homem desempenha na sociedade, na visão que ele precisa ser provedor e viril”, afirma a psicanalista e coordenadora da Escola de Psicanálise, Débora Damasceno.

Durante o tratamento é importante que o profissional e paciente discutam sobre virilidade e masculinidade para que os pensamentos possam ir além da concepção familiar e social e o paciente possa se redescobrir nesse novo contexto.

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De sentença de morte a batalha com grandes chances de vitória

Por conta dos avanços tecnológicos e novas descobertas que são aplicadas nos tratamentos, a chance de cura tem se tornado cada vez maior. O que antes era uma ‘sentença de morte’, hoje pode ser encarado como uma dura batalha, mas com grandes chances de vitória nessa guerra da vida. Entretanto, mesmo após a notícia da cura, é imprescindível que o acompanhamento com um profissional continue, pois a pessoa precisa aprender a realidade atual e até mesmo como conviver com possíveis sequelas e mudanças físicas que acompanham todo o processo.

“Depois do tratamento vem a vida e suas angústias. É um mecanismo normal da nossa mente construir como medos futuros situações dolorosas do passado. O papel da Psicanálise nesse momento é restabelecer a percepção temporal junto com o reconhecimento da própria capacidade de suporte e superação tanto da doença quanto de condições insatisfatórias de vida cotidiana. ”, conclui Débora Damasceno.

 

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