O mês de novembro é marcado mundialmente pela campanha de conscientização, cuidados e diagnóstico do câncer de próstata, que deve atingir 68 mil homens para cada ano do biênio 2018-2019, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A neoplasia é a segunda causa de morte por câncer em homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele. A cada 38 minutos um homem morre em decorrência do câncer de próstata..
A maior incidência ocorre em homens a partir dos 50 anos, idade em que os exames preventivos devem entrar no “radar” dos cuidados com a saúde masculina. Isso porque, historicamente, o homem tem a tendência em negligenciar a saúde e os exames de rotina. Embora tenha tratamento, principalmente quando descoberto cedo, os dados sobre a doença continuam preocupantes.
Como a maioria das neoplasias, o câncer de próstata não tem sua razão completamente conhecida. Contudo, se sabe que má alimentação, obesidade, tabagismo, excesso no consumo de álcool podem afetar o início ou a progressão da doença. Histórico familiar e consumo de alimentos com corantes são alguns dos fatores de risco da doença. A genética também é um fator-chave para o desenvolvimento deste tipo de câncer, pois de 5% a 10 % dos casos são hereditários.
Quem possui parentes em primeiro grau acometidos pela doença, como pai e irmãos, tem de três a 10 vezes mais chances de desenvolvê-la do que o restante da população masculina”, alerta Leonardo Otero Pertusier, urologista sênior e coordenador da Urologia do Check-up do Grupo Fleury, detentor das marcas Clínica Felippe Mattoso e Labs a+.
Por isso, quem tem histórico familiar deve fazer os exames mais cedo, por volta dos 45 anos. Vale lembrar que o crescimento benigno da próstata pode ocasionar sintomas que se confundem com o câncer e que, necessariamente, não estão relacionados a esta doença. Na dúvida, procure um especialista.
Dificuldade e dor ao urinar, perda do controle da bexiga ou intestino, dor lombar, na bacia ou nos joelhos, disfunção erétil, sangramento pela uretra, dor nos testículos, fraqueza ou dormências nas pernas ou pés não podem ser desprezados. Em um estágio mais avançado da doença, os sintomas são: dor ao urinar, dor óssea, vontade de urinar frequentemente e presença de sangue na urina ou no sêmen – sintomas também presentes em casos de hipertrofia benigna da próstata.
Aumento da glândula que produz sêmen
A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino, localizada abaixo da bexiga e que tem como função armazenar e secretar os fluidos que formam o sêmen. Assim como outros tipos de cânceres, o câncer de próstata não apresenta sintomas na fase inicial, o que reforça a necessidade de visitas regulares ao urologista.
“Infelizmente esse tema ainda é um tabu que precisa ser enfrentado. Aos poucos os homens precisam entender a importância de fazer os exames, como o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico) e o de toque retal. O diagnóstico precoce é fundamental para o combate à doença”, afirma Cecília Dias, médica coordenadora da área de Liberação Prévia e Autorização do Porto Seguro Saúde.
Em casos de aumento da glândula, comuns à medida que os homens envelhecem, uma biópsia identifica se a doença é benigna ou maligna. A indicação do melhor tratamento depende de vários aspectos, como o tipo e a velocidade de crescimento do tumor, o estado de saúde atual, o estágio da doença e a expectativa de vida.
Prevenção é o melhor remédio
De acordo com o urologista Reinaldo Tsuneo Uemoto, do Hospital Santa Catarina, o grande mote da campanha Novembro Azul é alertar os homens a procurar o médico a partir dos 50 anos e, caso tenha histórico familiar de câncer prostático ou de mama, após os 45 anos. “Os sintomas específicos da doença só aparecem quando o câncer já está em estado avançado, o que dificulta muito o sucesso do tratamento”, afirma.
O médico explica que a doença na próstata é assintomática no estágio inicial ou tem os mesmos sintomas do crescimento benigno, como dificuldade para urinar e jato urinário fraco. “Só em casos mais avançados que os sintomas se tornam específicos, como dor óssea, sangue na urina e/ou desconforto para urinar ou evacuar”.
Mitos e Verdades
Para estimular a conscientização, o Hospital 9 de Julho apoia a campanha Novembro Azul e traz informações de Rafael Coelho, cirurgião especialista em robótica, sobre prevenção e diagnóstico precoce da doença. Reunimos abaixo os principais mitos e verdades relacionados ao câncer de próstata. Confira:
Câncer de próstata só acontece em idosos – Mito
A incidência aumenta realmente em pacientes mais velhos, porém os homens mais jovens também podem ser diagnosticados quando há predisposição genética ou por outros fatores como histórico familiar.
O câncer nem sempre acontece quando a próstata aumenta de tamanho – Verdade
O aumento do volume da próstata é um processo fisiológico chamado de hiperplasia benigna. Ela pode levar a sintomas como problemas para urinar, mas não tem correlação com o câncer. “O tratamento cirúrgico pode ser indicado em casos refratários ao tratamento clínico e a cirurgia robótica pode ser uma opção em pacientes com próstatas muito grandes”, explica o Dr. Coelho.
O câncer de próstata gera impotência sexual – Mito
A impotência sexual pode ser um efeito colateral dos tratamentos disponíveis para o câncer de próstata. Porém, hoje é possível minimizar estes efeitos. Na cirurgia robótica, por exemplo, podemos diminuir a incontinência urinária e problemas de ereção.
O exame do toque não é a única forma de detectar o câncer de próstata – Verdade
Além do toque, o urologista pode usar outros exames complementares na avaliação da próstata, como o PSA (exame de sangue), ressonância magnética, ultrassonografia (exames de imagem) e a biópsia (retirada de fragmentos). A forma de diagnóstico é definida pelo médico de acordo com cada caso.
O exame do toque é doloroso – Mito
Há, porém, o fato de alguns homens ficarem tensos antes do exame e, por isso, podem sentir desconforto. O exame de toque é simples, inócuo e rápido de ser feito, o que permite ao urologista identificar possíveis nódulos suspeitos de câncer na próstata.
É preciso fazer a retirada da próstata em todos os casos de câncer– Mito
O tratamento varia de acordo com o seu grau de agressividade e as características clínicas dos pacientes. Ele pode envolver cirurgia, radioterapia, bloqueio hormonal, quimioterapia ou mesmo seguir sem tratamento (chamada de vigilância ativa) em tumores pouco agressivos.
A obesidade é um fator de risco para os homens – Verdade