Apesar de pouco conhecido, o câncer de bexiga atinge um número expressivo de pessoas. No último ano, cerca de 10 mil pacientes receberam o diagnóstico, de acordo com levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Este dado o posiciona como a segunda neoplasia do trato urinário mais frequente entre os homens, atrás apenas do câncer de próstata. Os sintomas do câncer de bexiga são silenciosos e se assemelham a outras doenças urinárias, o que, muitas vezes, pode levar ao diagnóstico tardio da doença. Para propagar informações sobre a doença, julho foi escolhido como o mês de conscientização do câncer de bexiga.
“Muitas vezes esse tipo de neoplasia é confundida com outras enfermidades do trato urológico como a infecção urinária, pois os sintomas são parecidos. A presença de sangue na urina, dor ou queimação ou necessidade frequente de urinar, mesmo sem a bexiga estar cheia, são os principais sinais de alerta para que a pessoa busque um especialista para investigação diagnóstica”, explicou Daniel Herchenhorn, oncologista clínico da Oncologia D’Or.
A doença também está relacionada ao tabagismo, como explica Bruno França, oncologista do Grupo CON: “É o principal fator de risco para este tipo de câncer, sendo descrito um risco de quatro a sete vezes maior se comparado a quem nunca fumou. Mesmo após 10 anos de interrupção do tabagismo, o risco ainda é duas vezes maior que naqueles que nunca fumaram”.
Segundo Daniel Herchenhorn, o tabagismo pode aumentar as chances de uma pessoa ter câncer de bexiga, pois os produtos químicos presentes no cigarro podem danificar as células do órgão. Uma alimentação saudável rica em frutas, verduras e legumes e pobre em gorduras, principalmente as de origem animal, ainda é a melhor forma de prevenção do câncer de bexiga e dos demais tipos de tumores.
Tipos e sintomas mais comuns
Existem três tipos de câncer de bexiga que variam de acordo com as células em que se iniciam: Carcinoma de células de transição – representa a maioria dos casos e começa nas células do tecido mais interno da bexiga; Carcinoma de células escamosas – afetam as células delgadas e planas; e Adenocarcinoma – que se inicia nas células glandulares.
Os sintomas mais comuns são sangramento na urina (presente em 90% dos casos), ardência na urina, urgência para urinar e dor na região abdominal baixa ou pélvica. É recomendado consultar um urologista, caso algum desses sintomas seja observado. Segundo o oncologista, a imunoterapia também trouxe importantes contribuições para o tratamento deste tipo de câncer, inclusive no contexto da doença avançada.
Diagnóstico precoce e cirurgia robótica
De acordo com especialistas, o diagnóstico precoce, assim como a cirurgia robótica, contribuem no tratamento. O diagnóstico do câncer de bexiga é feito através de exames de urina e de imagens como a citoscopia que é uma investigação interna da bexiga através de um instrumento com câmera. Durante a citoscopia é possível a retirada de células para biópia ou, em alguns casos, até mesmo a retirada do próprio tumor.
O tratamento do tumor maligno na bexiga tem a indicação de retirada parcial ou completa do órgão. O paciente tende a ter muito receio de ser submetido à cirurgia, devido a técnica convencional de retirada e reconstrução da bexiga. No entanto, com a tecnologia minimamente invasiva – através da cirurgia robótica – retira-se a bexiga por pequenas incisões, mantendo o abdômen fechado mais tempo.
“Através da cirurgia robótica de bexiga, a cistectomia radical robótica, todo o processo cirúrgico é minimamente invasivo e mais seguro. A reconstrução da bexiga é facilitada e mais precisa, pela liberdade de movimentos do robô, que é comandado através do joystick pelo cirurgião. Além disso, há a redução do tempo cirúrgico, menores riscos de sangramentos e complicações pós-cirúrgicas, assim como diminuição das chances de infecções”, destaca Rodrigo Frota, urologista e coordenador do programa de cirurgia robótica da Rede D’Or São Luiz.
A cirurgia robótica é a mais indicada, principalmente para os casos mais delicados e complexos que antes estavam relacionados a cirurgias de altíssima complexidade e maiores riscos aos pacientes. Esta tecnologia permite que a intervenção seja cada vez menos invasiva, otimizando a recuperação do paciente após o procedimento. Entre as especialidades que mais operam com esta tecnologia se destacam a urologia, ginecologia e a cirurgia bariátrica, mas procedimentos também são feitos em cirurgia hepática, proctologia, tórax, entre outras.
Fonte: Oncologia D’Or e Grupo CON