Um levantamento interno da startup 3778 apontou que apenas 6,15% dos pacientes com indicações médicas para rastrear o câncer colorretal fizeram os exames solicitados em 2022. A healthtech especializada em saúde corporativa e análise de dados com auxílio de inteligência artificial investigou os exames nas contas médicas de sinistro e identificou que 93,85% das indicações prescritas pelos profissionais para pacientes realizarem exames como a colonoscopia, não foram concluídas. Esse exame avalia as paredes internas do cólon e do reto através de um cateter com uma microcâmera.

“As indicações médicas para a realização de exames de rastreio são um alerta vermelho para a saúde do paciente. Então, é preciso entender que a colonoscopia é a melhor forma de identificar qualquer alteração na saúde das paredes do cólon e do reto que possam indicar o início de um câncer colorretal, ou de intestino, como também é conhecido”, explica Aline Pasiani, médica de Família na 3778.

A healthtech também apontou que os homens são os que menos realizam esse tipo de exame. Em um questionário de saúde auto preenchível para pacientes da startup, cerca de 67,8% declararam nunca terem realizado nenhum exame de rastreio como a colonoscopia, enquanto 55,2% nunca fizeram a pesquisa de sangue oculto nas fezes, o que também pode ajudar a identificar um possível problema.

“Tanto homens quanto mulheres acima de 50 anos de idade, com excesso de peso, sedentarismo, alimentação fraca de frutas, fibras ou vegetais e com frequentes consumos de bebidas alcoólicas e de tabaco, devem levar muito a sério a necessidade de se realizar o exame de forma rotineira”, explica a Dra. Pasiani.

Colonoscopia deve ser feita a partir dos 45 anos

Atualmente, o principal meio de detecção do câncer colorretal é a colonoscopia, exame que visualiza o intestino grosso até chegar ao delgado. É recomendado em caso de sintomas como sangramento nas fezes, diarreia, intestino preso e dor abdominal.

Estudos apontam que, a partir de um diagnóstico precoce, o exame tem a capacidade de reduzir significativamente o risco de desenvolver a doença, além de demonstrar redução no risco de morte. Outro exame essencial e extremamente recomendado para o rastreamento é a análise de sangue nas fezes.

O Ministério da Saúde indica que o público geral deve realizar o exame de colonoscopia a partir dos 50 anos, repetindo a cada 10 anos se não houve nenhum achado que indique a presença de câncer. Já uma nova diretriz da American Cancer Society, divulgada em março de 2023, recomenda fazer o exame a partir dos 45 anos para a população sem sintomas, com risco médio para câncer colorretal.

Essa mudança nas orientações ajudaria a detectar precocemente este tipo de tumor, cuja incidência vem aumentando nos últimos anos, principalmente em pessoas cada vez mais jovens. Um relatório da entidade aponta que a proporção de casos de câncer colorretal entre adultos com menos de 55 anos aumentou de 11% em 1995 para 20% em 2019.

Alguns médicos no Brasil preconizam o exame a partir dos 45 anos, com intervalos de cinco anos. Já para quem possui histórico familiar ou outros fatores de risco, a recomendação dos especialistas é iniciar a colonoscopia aos 35 anos, com intervalo de dois a três anos.

São considerados de risco médio aquelas pessoas que não tiverem:

  • Um histórico pessoal de câncer colorretal ou certos tipos de pólipos
  • Um histórico familiar de câncer colorretal
  • Um histórico pessoal de doença inflamatória intestinal (colite ulcerosa ou doença de Crohn)
  • Uma síndrome de câncer colorretal hereditário confirmada ou suspeita, como polipose adenomatosa familiar (PAF) ou síndrome de Lynch
  • Uma história pessoal de radiação na barriga ou na área pélvica para tratar um câncer anterior

 

 

Quais são os sintomas?

O câncer colorretal, também chamado decâncer de intestino, é um dos que mais afetam homens e mulheres no Brasil e no Mundo. Segundo estudo divulgado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 46 mil novos casos devem ser diagnosticados entre 2023 e 2025 no país.

Os sintomas do câncer colorretal, normalmente, aparecem quando a doença já está se desenvolvendo. É preciso ficar em alerta com algumas situações específicas, como sangue nas fezes, desconfortos abdominais, fraquezas e anemias causadas por sangramentos intestinais. Perda de peso e alterações do hábito intestinal também são sintomas dessa doença.

Mas ela também pode ser silenciosa. “São raros os casos, mas é possível desenvolver o câncer colorretal de forma assintomática, reforçando ainda mais a necessidade da colonoscopia que pode, nesse caso, ser a única forma de detectar a doença antes de seu estágio avançado”, finaliza a médica. Ela também reforça que, se descoberto o câncer em seu estágio inicial, o paciente consegue ter mais chances de cura.

Quais são os principais exames?

Exames regulares são fundamentais para a detecção precoce e prevenção do câncer colorretal. Conheça os mais comuns:

– O teste de imunoquímica fecal (FIT) é também chamado de teste imunoquímico de sangue oculto nas fezes (FOBT). Ele reage a uma parte da hemoglobina humana, encontrada nos glóbulos vermelhos do sangue. Quando há resultado positivo para sangue oculto, é solicitada uma colonoscopia. Embora o sangue nas fezes possa ser de câncer ou pólipos, também pode ter outras causas, como úlceras, hemorroidas ou outras condições clínicas.

 O DNA das fezes, que analisa seções anômalas do DNA das células da região. As células cancerosas frequentemente contêm mutações no DNA em determinados genes.

– A Colonoscopia permite observar toda a extensão do reto e do cólon com um colonoscópio. Esse instrumento tem uma câmera de vídeo na extremidade e está conectado a um monitor para visualização do interior do cólon. Se houver áreas com aspecto suspeito, o especialista pode recolher amostras de tecido para avaliação — a chamada biópsia.

A recomendação é que as pessoas a partir dos 50 anos ou com histórico familiar de câncer colorretal ou pólipos, realizem pelo menos um exame de colonoscopia a cada 10 anos.

– A Colonoscopia virtual é uma espécie de tomografia computadorizada do cólon e do reto, que produz imagens seccionais detalhadas do corpo humano. Na colonoscopia virtual, um software reproduz, em imagens 2D e 3D, o interior do cólon e do reto. Assim, permite a localização de pólipos e o diagnóstico do câncer colorretal.

– A sigmoidoscopia flexível é semelhante à colonoscopia. No entanto, não examina todo o cólon. Nesse exame, o sigmoidoscópio (um tubo flexível de 60 cm, com uma pequena câmera de vídeo na extremidade) é introduzido pelo ânus e reto até a parte inferior do cólon. Deste modo, ele permite visualizar o interior do reto e parte do cólon e, assim, detectar — e até mesmo remover — qualquer anormalidade.

Com Assessorias

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