Doenças como diabetes, catarata e glaucoma, se não tratadas, podem levar à cegueira. Recentemente, a cirurgia de emergência do cantor Marrone, da dupla com Bruno, chamou a atenção para a seriedade do glaucoma. Marrone sofreu uma perda de campo visual devido ao avanço da doença, mas a situação poderia ter sido muito pior se ele não tivesse procurado ajuda a tempo.

Este incidente serve como um alerta sobre a rapidez e a sutileza com que as doenças oculares podem se desenvolver.  No entanto, a falta de conhecimento sobre os problemas de retina revela uma grande preocupação.

Mais da metade (57%) das pessoas entrevistadas em um recente estudo realizado pelo Ipec, consideram que a falta de controle do diabetes é uma das principais causas de cegueira, e 51% entendem que a perda da visão é causada por infecção nos olhos.

Encomendado pela farmacêutica multinacional alemã Bayer, o estudo ouviu 8 mil pessoas no Brasil, Colômbia, Argentina e México para entender o conhecimento da população sobre doenças de retina, diabetes e outras doenças crônicas. Estima-se que cerca de 10% da população mundial terá Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), sendo essa a principal causa da cegueira irreversível após os 50 anos.

Para termos uma ideia, apenas no Brasil estamos falando de cerca de 3 milhões de pessoas. Em 2040, serão 288 milhões de pessoas no mundo. Importante destacar que com o aumento da expectativa de vida da população, esse número tende a aumentar consideravelmente”, afirma Diego Bueno, gerente médico da área de Oftalmologia da Bayer.

35 milhões de diabéticos nos 4 países pesquisados

Em relação ao diabetes, dados da Federação Internacional de Diabetes mostram que a expectativa é que até 2040 mais de 642 milhões de pessoas tenham a doença. A condição pode ser assintomática e traz consigo uma série de consequências, entre elas a retinopatia diabética, uma complicação ocular causada pelo diabetes tipo 1 e tipo 2.

A progressão da doença pode ocasionar o Edema Macular Diabético (EMD), que atinge 7,5% a 11%, sendo a principal causa de perda de visão nesses pacientes.

Nesse caso, estamos falando potencialmente de 35 milhões de pessoas apenas nesses quatro países da América Latina, o que é alarmante e deve receber a devida atenção e cuidado, afinal estamos falando da perda de um sentido que traz impactos relevantes na qualidade de vida”, reforça Bueno. 

Segundo ele, as infecções nos olhos requerem um cuidado especial, mas estar entre as causas mais associadas à cegueira demostra a falta de conhecimento da população sobre a saúde ocular.

A DMRI e o EMD, provenientes respectivamente do envelhecimento e da complicação do diabetes, juntamente com doenças como glaucoma e catarata, estão na lista das principais causas de cegueira evitável no mundo”, ressalta o médico.

Fatores de risco e diagnóstico precoce

A conscientização sobre os fatores de risco e diagnóstico precoce são as melhores formas de prevenir tanto o EMD quanto a DMRI, já que o tratamento tem como objetivo desacelerar a sua progressão para que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida. Entre os participantes da pesquisa que afirmam ter diabetes, por exemplo, somente 44% foram orientados a procurar um oftalmologista para cuidar da saúde ocular.

E quando diagnosticado o diabetes, o tratamento dessas condições ainda enfrenta obstáculos. A pesquisa mostra que algumas das barreiras para a realização do tratamento adequado ligadas à frequência necessária de ida a um hospital/clínica (20%), deslocamento até uma clínica ou hospital (16%), além do abandono ao tratamento após melhora significativa já nas primeiras aplicações (9%).

Outro dado relevante apontado pela pesquisa é que 41% dos entrevistados se sentiriam mais motivados a aderir ou continuar um tratamento médico se houvesse maior intervalo entre as consultas.

Tenho pacientes que se deslocam 600km, pegam voos, para estarem na clínica a cada 4 ou 6 semanas, e às vezes fazem isso por anos. É uma jornada longa, o que muitas vezes dificulta a adesão do paciente ao tratamento, e quando isso ocorre há um impacto negativo”, afirma Frederico Braga, médico oftalmologista especialista em retina.

Uma opção de tratamento com intervalo maior entre as aplicações é uma grande mudança. Essa conquista vai diminuir o fardo do paciente e seus familiares, vai permitir maior adesão ao tratamento, com a mesma segurança e eficácia. Em última análise, há ganho na qualidade de vida desses pacientes,

Doenças oculares não têm idade

Ana Carolina Fava Salata, da Fundação Dorina Nowill para Cegos, que atua na inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão, afirma que as doenças oculares podem afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero ou condição social.

Fatores como predisposição genética, envelhecimento, traumas, infecções, estilo de vida e exposição ambiental podem contribuir para o surgimento dessas condições. Por isso, a detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para preservar a visão”, explica.

De acordo com a Dra Ana, entre adultos e idosos, as principais causas de cegueira e baixa visão estão associadas ao envelhecimento. Condições como glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada à idade podem causar baixa visão e cegueira irreversível.

Para casos irreversíveis, é essencial buscar apoio de entidades e profissionais capacitados para a habilitação e reabilitação, visando à autonomia, independência e inclusão social da pessoa com baixa visão ou cega. É necessário conscientizar sobre os sintomas de problemas visuais, como visão turva, perda de campo visual, distorção de formas e dificuldade de visão em baixa luminosidade”, reforça a doutora.

Adotar hábitos saudáveis ainda é a melhor estratégia para prevenir a cegueira, além da consulta anual com seu oftalmologista. Proteger os olhos, manter uma alimentação equilibrada, reduzir o tempo de exposição a dispositivos eletrônicos, evitar o tabagismo, praticar exercícios físicos e realizar consultas regulares com o oftalmologista são medidas essenciais para preservar a saúde ocular.

Doenças oculares no Brasil e no mundo

Cerca de 253 milhões de pessoas ao redor do mundo convivem, atualmente, com algum tipo de deficiência visual. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre 60% e 80% dos casos de cegueira poderiam ser evitados com ações eficazes de prevenção e tratamento.

No Brasil, de acordo com o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 6,5 milhões de pessoas têm deficiência visual, sendo aproximadamente 500 mil cegas e 6 milhões com baixa visão. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que existam cerca de 1,2 milhão de brasileiros cegos.

Com Assessorias

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