Duas das promessas de Ano Novo mais populares é ser mais saudável e emagrecer, certo?! Mas nem todo mundo consegue… E precisa recorrer à cirurgia bariátrica, aquela que reduz o estômago. Mas para a dona de casa Alice Roberta, de 40 anos, esse ano não foi igual àquele que passou. Ela, finalmente, conseguiu cumprir a sua meta. E ainda influenciou a família a seguir seu exemplo.

Fã de fast food e refrigerante,  o marido e os filhos também estavam bastante acima do peso. “O refrigerante era o pior. Nós bebíamos muito, era uma garrafa de 2 litros no almoço e outra no jantar, regularmente. Mudei e acabei mudando os hábitos da minha família. Não dava para continuar daquele jeito”, conta Roberta.

A decisão de mudar seu estilo de vida veio, ainda, em 2018, quando procurou o Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica no Rio de Janeiro, que garante o procedimento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em fevereiro, ela foi operada pelo médico Cid Pitombo, coordenador do programa e especialista em obesidade. Em quase dez meses, 57kg já foram embora e a autoestima está lá no alto.

Aos 55 anos, pesando 250 quilos, o aposentado Êneo de Lima, morador de Bangu, na zona oeste do Rio, também decidiu que não queria mais aquele corpo. Em 2014 se inscreveu no tratamento de obesidade oferecido gratuitamente, disposto a emagrecer e recuperar sua autoestima e a qualidade de vida. Mas devido a problemas familiares não pôde dar continuidade.

Quatro anos depois, Êneo retornou ao tratamento e perdeu cerca de 40kg. Nessa volta ao programa, ele se apaixona por uma paciente também operada e ganha mais um incentivo para seguir em frente. O presente foi a cirurgia que comemorou 3 mil procedimentos gratuitos na rede estadual de saúde em outubro, mês em que é celebrado o Dia Mundial de Prevenção da Obesidade.

Taxa de sucesso chega a 99%

Único no Brasil a realizar todas as cirurgias bariátricas por meio de videolaparoscopia na rede pública, o Estado do Rio de Janeiro passou de 20 procedimentos por ano para 480, um aumento de 2.300%. Números que colocam o estado no topo na realização de cirurgias em obesos mórbidos e severos no país.

Em 10 de dezembro, o programa completou nove anos com um recorde: 3.044 pacientes já passaram por todas as etapas e foram operados pela técnica mais moderna e menos invasiva, que proporciona melhor recuperação pós-cirúrgica. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2018 foram realizadas 11.402 cirurgias bariátricas pelo SUS. Até o mês de maio de 2019 foram realizados 5.073 procedimentos em todo o país.

O procedimento é realizado no Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), em Marechal Hermes. Os pacientes vêm de todas as regiões do Rio de Janeiro. A média de atendimentos ambulatoriais é de 2.000/mês e a taxa de sucesso é de 99%. Mais de quatro mil pacientes estão em acompanhamento pré e pós-operatório. Além disso, são realizadas 40 cirurgias mensalmente.

O programa  envolve uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas. Mais do que um número expressivo,  é uma chance de voltar à vida para milhares de pessoas.

É um trabalho de resgate desses pacientes, realizado com muita dedicação e seriedade por toda a equipe. Devolvemos à sociedade o paciente antes obeso que não trabalhava, que tinha vergonha de comprar roupas e que não tinha mais vida afetiva. Hoje estão empoderados, realizados e com qualidade de vida”, afirma o cirurgião.
Para o médico, o estado promoveu uma mudança radical no acolhimento das pessoas com obesidade mórbida. “Eram poucas as cirurgias ofertadas e somente pelo método aberto. Implantamos o procedimento no estado com a técnica da videolaparoscopia, que é minimamente evasiva, tem menor risco de infecção, além de permitir o retorno do paciente às funções em 15 dias. Demos um salto de qualidade a milhares de pessoas que recuperaram sua autoestima”, disse Pitombo.
Segundo ele, os benefícios da operação são muitos. “A obesidade leva a doenças graves e a cirurgia proporciona ao paciente autonomia, que inclui qualidade de vida, poder escolher uma roupa, fazer sua higiene pessoal e ser aceito na sociedade”, enumera o especialista, – o mesmo que operou os atores André Marques e Leandro Hassum.

‘André Marques do SUS’ já perdeu 77 quilos

Por serem famosos, os atores da Globo servem de inspiração para muitos pacientes. Outra grande influência para quem quer vencer a obesidade é o analista de segurança de ambientes de internet Rodrigo Teixeira da Cruz, de 38 anos, morador da Ilha do Governador, Rio de Janeiro, que foi apelidado como o “André Marques do SUS”. Rodrigo chegou a pesar 160kg quando, diagnosticado com pressão alta, sentindo dores no corpo e com dificuldade de locomoção.

O André Marques compartilhou recentemente em suas redes sociais duas fotos em que mostrava o ‘antes e depois’ da cirurgia bariátrica, que mudou sua vida. Eu já tinha planejado a foto que ilustraria a comemoração do meu primeiro ano de cirurgia bariátrica, é a ‘Família Unida’! Eu, minha esposa e meu casal de filhos vestimos juntos, ao mesmo tempo, a bermuda que eu usava antes da operação. Onde cabia um Rodrigo, hoje, cabem quatro pessoas!”, comemora.

Além de eliminar 77 kg, o paciente venceu doenças associadas à obesidade, que adquiriu com o excesso de peso. Hoje, Rodrigo, que chegou a ficar 3 anos desempregado, voltou ao mercado de trabalho, se exercita, cuida da alimentação de toda família e aproveita o tempo livre para motivar outros portadores de obesidade. “Não é só pros artistas, não. Todos nós podemos vencer a obesidade. A cirurgia bariátrica é oferecia de graça à população com esse Programa maravilhoso.”

Cid Pitombo exalta a importância dos exemplos. “Tanto o André Marques, quanto o Rodrigo Cruz, têm um papel muito importante na rede de pessoas obesas dispostas a se tratar. Eles inspiram por seus exemplos de dedicação no curto, médio e longo prazo. Afinal, a cirurgia é só uma das etapas. A doença obesidade é pra sempre e a mudança de hábitos precisa ser permanente”, destaca Pitombo, autor do livro ‘Obesity Surgery’.

Como ter acesso à bariátrica pelo SUS

Para se candidatar à cirurgia bariátrica no programa do Estado, o paciente deve procurar um atendimento ambulatorial próximo de sua casa para que um médico avalie a necessidade da cirurgia. Se a operação for indicada, o médico da atenção básica deve inserir o paciente na Central Estadual de Regulação, que faz o encaminhamento para o Programa de Cirurgia Bariátrica. As regras da fila são estipuladas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde.
Com Assessoria
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